Investimento em pessoal e equipamentos é fundamental para futuro da reparação -

Investimento em pessoal e equipamentos é fundamental para futuro da reparação

Mecânicos vêm enfrentando desafios constantes nos últimos anos, mas profissão tem continuidade assegurada

André Muniz [email protected]

O futuro do setor de reparação foi tema de palestra na Automec proferida pelo professor do curso de Engenharia da FMU, Fernando Landulfo. Durante o encontro, ele fez uma analogia interessante sobre as mudanças que vêm ocorrendo com a profissão de mecânico. “Há algumas décadas consultas médicas por vídeo, trabalho home office e bibliotecas virtuais eram coisas de ficção ou de desenho animado, como os Jetsons. No final dos anos 1980, os mecânicos – que trabalhavam havia décadas com carburação – foram surpreendidos com uma coisa do outro mundo, a injeção eletrônica”, lembrou o professor.

Landulfo salientou que qualquer mudança que surge na indústria ou na sociedade provoca apreensão e dúvidas nas pessoas. “Com o mecânico não é diferente. Quando a eletrônica embarcada surgiu no Brasil há 35 anos muitos mecânicos entraram em pânico achando que não iriam sobreviver no mercado de trabalho”. Esses profissionais precisaram sair da zona de conforto e, com o passar do tempo, perceberam que quem investiu em treinamento e equipamentos não fechou as portas. Os recursos investidos à época foram essenciais para atender a demanda provocada pela nova tecnologia, que por acomodação natural do mercado mostrou que só viriam a ser efetivamente utilizados nas oficinas quase dois anos depois, porque o mercado sempre prevê um período para adaptações – além, é claro, da própria garantia das montadoras. O professor afirmou que quem desfrutou primeiro das vantagens desse novo mercado foram os pioneiros que também são mais corajosos na hora de investir.

ELETRIFICAÇÃO

Agora, com a chegada da eletrificação, que tem ocorrido no principalmente na China e na Europa, o mercado está passando novamente por uma grande transformação. Porque está inserindo algo totalmente novo para o mecânico de automóveis, caminhões, ônibus e motocicletas: a tração elétrica em veículos híbridos ou totalmente elétricos. Sem falar em seus respectivos acessórios. “Por exemplo, freio regenerativo, baterias de alta capacidade e linhas de alimentação de alta potência. No Brasil, só os profissionais que atuam com ônibus e empilhadeiras elétricas tinham contato com esse tipo de tração, porém o sistema não era tão sofisticado”, declarou. Para Landulfo, isso assustou mais uma vez os mecânicos, acostumados a trabalhar por décadas com baixas potências elétricas nos veículos a combustão”. Agora o mecânico se depara com grossos condutores elétricos que transportam altas e letais potencias, e um vacilo pode significar, na melhor das hipóteses, um tremendo prejuízo financeiro. Na pior, a irreparável perda de um ser humano. A receita para os mecânicos enfrentarem esse tecnologia de eletrificação é a mesma que usaram quando eletrônica embarcada chegou no Brasil há 35 anos: é preciso investir em treinamento e equipamentos”, alertou o palestrante.

PROFISSÃO

O professor encerrou com uma boa notícia para os profissionais da área. “O futuro da profissão de mecânico está garantido, basta se preparar e investir no treinamento e na aquisição de equipamentos, com planejamento feito de acordo com a demanda dos novos veículos nas oficinas. Só quem não se atualizar sairá do mercado”, afirma Landulfo Segundo ele, os mecânicos têm tempo de preparação para a nova tecnologia porque a participação dos elétricos no mercado nacional ainda é pequena. “De acordo com a Anfavea, os elétricos e híbridos corresponderam, em 2021, a 1,8% do mix de vendas de veículos leves. E a estimativas da entidade é que a participação deve aumentar entre 12% e 22 em 2030”, completou Fernando Landulfo.


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