Itens automotivos se destacaram na Black Friday 2024

Com os maiores descontos do varejo, itens automotivos se destacaram na Black Friday 2024

De acordo com empresa de dados, setor apresentou desconto médio de 60% em e-commerces e marketplaces e consolidou presença na ação que ocorre anualmente em novembro com forte repercussão para o comércio

Há alguns anos, quem atuava no comércio de itens automotivos alegava que o segmento ficava um pouco à margem do frisson de consumo observado na Black Friday. Dados coletados sobre a edição de 2024 do evento mostram, porém, que este cenário mudou.

Depois de analisar mais de 20 milhões de produtos em 1,9 milhão de sites no Brasil, a datatech BigDataCorp concluiu que o setor automotivo foi, entre todos os segmentos varejistas do país, aquele que apresentou a maior redução real de preços e o maior número de promoções. De acordo com o CEO da empresa, Thoran Rodrigues, o movimento não mostra apenas um esforço especial das lojas de autopeças e acessórios para ‘entrar definitivamente na festa da Black’. Mais do que isso, ele quebra paradigmas quanto ao entendimento de que os consumidores só compram itens para carros em caso de muita necessidade. “De maneira geral, o setor automotivo já tem muita representatividade no âmbito do e-commerce, até pela diferença de preços que este ambiente digital costuma oferecer em relação às lojas físicas”, afirmou Rodrigues, antes de complementar: “Então, não é o caso de dar muito desconto para incentivar uma venda incomum porque esse já é um setor que costuma mesmo ter venda online – principalmente quando falamos da ‘estética’ do automóvel”.

Para entender um pouco mais deste cenário, bem como obter uma fotografia geral sobre o comportamento do varejo de itens para os automóveis durante Black Friday 2024, conversamos com exclusividade com Rodrigues. Leia a íntegra da entrevista a seguir.

Novo Varejo – Dentro do setor automotivo, quais categorias mais se destacaram no âmbito dos maiores descontos? Como as autopeças se inseriram neste contexto?

Thoran Rodrigues – Se inseriram totalmente. Afinal, as categorias que mais se destacaram na Black Friday esse ano foram as categorias de autopeças – já que excluímos questões como promoções voltadas ao aluguel de carros. Neste contexto, as de maior destaque foram as peças mais voltadas para a parte estética do automóvel. Coisas do tipo como um farol diferente, um para-choque, uma calota. Enfim, acessórios voltados a um viés, digamos, mais cosmético e não as peças de reposição propriamente ditas.

Novo Varejo – Qual foi a média de descontos do setor durante esta Black Friday?

Thoran Rodrigues – A média de desconto de itens automotivos na Black Friday deste ano foi por volta de 60%. Obviamente, quando falamos de média, nós falamos de uma conta que abrange o setor como um todo. Identificamos, por exemplo, peças que chegaram a ter 80%, quase 90%, de desconto. Enquanto outras que tiveram margens muito mais tímidas. É importante lembrar que estamos falando da média geral na qual olhamos para absolutamente todas as peças. No final, dá alguma coisa entre 500 mil e 1 milhão de produtos diferentes.

Novo Varejo – De maneira geral, produtos do setor automotivo não costumam estar entre os mais buscados em eventos como a Black Friday, dado que o consumo se dá muito mais por necessidade do que por ‘desejo/oportunidade’. Os descontos oferecidos pelo setor neste ano podem ter sido suficientes para mudar esse quadro em alguma medida?

Thoran Rodrigues – Na verdade, esse é um entendimento incorreto que muita gente tem desse mercado – sobretudo quando falamos do e-commerce e do tamanho da representatividade do segmento automotivo no âmbito das lojas digitais. Então, o pessoal fala ‘ah, mas as autopeças e os acessórios são compras de oportunidade e necessidade’. Sim, mas praticamente todas as compras são. Então, não é uma questão de forçar a mão na promoção para aumentar ou incentivar o consumo especificamente na Black Friday. Na verdade, esse é um movimento natural de uma área que tem muita relevância nos marketplaces e nas lojas digitais em geral – até porque, o preço desses itens no online tende a ser sempre muito diferente daquele praticado pelas lojas físicas.

Novo Varejo – E quando falamos da Black Friday e do varejo como um todo, como vocês classificam o nível dos descontos desta edição de 2024 na comparação com os anos anteriores?

Thoran Rodrigues – Nos últimos dois ou três anos, o que a gente viu na prática foi aquilo que o pessoal tem se acostumado a chamar de ‘Black Fraude’. As lojas estavam aumentando muito os preços por volta de dois meses antes da Black Friday para depois aplicarem um desconto em cima do preço já elevado. Aí, quando você comprava ‘na promoção’, acabava não tendo um desconto real. Esse ano, porém, foi diferente. Os nossos dados mostram que houve um desconto real em várias categorias. É claro que, em algumas específicas, o ‘mecanismo da Black Fraude’ seguiu sendo aplicado, mas, na média, vimos os preços descerem de forma significativa.

Novo Varejo – Ainda assim, vemos diversos consumidores reclamando que a ‘Black Friday não é mais a mesma’. A que você atribui essa percepção?

Thoran Rodrigues – Penso que nós temos dois fatores. O primeiro fator é que, óbvio, existe um certo saudosismo. Mas, mais do que isso, existe uma situação também de que quando a Black Friday era uma novidade, o varejo estava tentando estabelecê-la como uma data relevante para o mercado, criar esse novo hábito – sobretudo no ambiente digital. Então, você naturalmente tinha uma agressividade maior nos descontos e uma consistência desses descontos em todas as lojas pela necessidade de atrair a atenção do consumidor. Hoje, porém, a data já está estabelecida, o que dá margem para que os varejistas ofereçam descontos menos agressivos e relevantes.

Outro ponto que nós temos destacado já há alguns anos é a necessidade de o consumidor observar a Black Friday de uma maneira mais estratégica. Afinal, como estamos falando ao longo de toda essa entrevista, os descontos não se dão de maneira uniforme em todas as categorias. Tem produtos que você compra muito bem e outros que nem tanto. Então, é preciso monitorar os preços antes e durante a Black Friday para saber se você realmente está fazendo uma compra vantajosa.

Novo Varejo – De volta a 2024 em específico, quais segmentos foram, ao lado do setor automotivo, destaques na oferta de descontos durante a Black Friday?

Thoran Rodrigues – – Nós observamos uma margem bastante relevante no segmento de música, CD e vinil. Principalmente neste segundo, em que estamos vendo uma espécie de movimento de ‘ressurgência’. Além da música, destacamos um setor que quase todos os anos apresenta desconto relevante que é o de games – tanto para os consoles (videogames) quanto para os computadores. Os estudos da BigDataCorp revelaram que este segmento teve descontos reais de 32,37%, colocando-se entre aqueles que apresentaram as maiores promoções.

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