Levantamento mostra queda no movimento nas lojas físicas -

Levantamento mostra queda no movimento nas lojas físicas

Virtual Gate divulga queda de 8,4% no fluxo de pessoas nas lojas de rua e de 3,1% nas de shoppings em relação a 2023. Setor de perfumaria e cosmético é exceção

Um dos termômetros de como andam as vendas no varejo é o fluxo de pessoas nas lojas, até porque o e-commerce, em expansão, ainda representa cerca de 10% da receita total do setor.

A Virtual Gate, empresa que monitora volume de pessoas em aproximadamente 2 mil lojas espalhadas pelo país, portanto, não tem uma notícia muito boa para os comerciantes.

No primeiro trimestre deste ano, o fluxo de pessoas nessa amostra de pontos-de-venda caiu 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

As lojas de ruas sofreram mais do que as de shoppings. As quedas são de 8,4% e 3,1%, respectivamente, no período.

O setor de perfumaria e cosmético foi o único que registrou aumento no fluxo de pessoas, de 13,5%. As lojas de material de construção já apresentaram a maior retração, de 11,3%.

Outros setores que viram o número de clientes diminuir foram o de móveis, com queda de 8,7%, o de utilidades domésticas, de 3,7% e o de vestuário e calçados, de 3,6%.

Esses dados, de acordo com Heloísa Cranchi, diretora-geral da Virtual Gate, são pistas de desempenho de vendas e um alerta para ações capazes de aumentar a visita de clientes.

“Os números revelam que há consolidação do perfil de consumo. Há mais pessoas em home office e com trabalho híbrido, o que resulta em uma diminuição nas visitas às lojas”, diz.

No ano passado, o fluxo de pessoas em lojas já tinha caído 1,3%, em média, sobre 2022. Nas lojas de rua, a queda foi de 6% e, nas de shoppings, não houve nem crescimento nem queda.

Mais uma vez, as lojas de perfumaria e cosméticos foram no caminho contrário. O fluxo de pessoas nos pontos-de-venda cresceu 26,8%, no período. Outros setores registraram queda.

Os setores que estão mais afetados com visitação e vendas, de acordo com Mauro Francis, presidente da Ablos (associação dos lojistas satélites), são os que atendem as classes B e C.

Eis uma das razões. “As plataformas chinesas viraram as vilãs do varejo brasileiro. Dos grandes magazines aos pequenos lojistas, todos estão sofrendo com a concorrência desleal”, diz.

Por região do Brasil, as lojas do Norte foram as que registraram as maiores perdas de fluxo de pessoas, de 8,3%, no período.

Em seguida vêm as lojas das regiões Sudeste, com queda de 5,4%, Nordeste (2,5%), Sul (2,2%) e Centro-oeste (1,6%), de acordo com a Virtual Gate.

DIVERSIFICAÇÃO DE NEGÓCIOS

Os shoppings estão sofrendo menos do que as ruas com queda de público, diz Heloísa, porque estão investindo em setores, como serviços e entretenimento, como desejam os consumidores.

“Esse movimento nem sempre se reflete em mais vendas, mas incentiva a ida aos shoppings.”

Samuel Macedo, gerente de indicadores da Virtual Gate, diz que o fluxo de pessoas pode voltar a crescer, se houver investimentos em experimentação e em ações diferenciadas das lojas.

A recente inauguração de uma unidade da Sephora no Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto (SP), diz, causou filas para entrada de clientes.

A Alshop, associação de lojistas de shoppings, vê um movimento de alta nas visitas aos shoppings, apesar de os números ainda serem menores do que os de antes da pandemia.

“Os shoppings tem hoje um fluxo da ordem de 350 milhões de pessoas por mês, mas este número já chegou a 400 milhões, que pode ser atingido no final deste ano ou em 2025”, afirma Luís Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Alshop.

Além de o fluxo de pessoas ainda estar aquém do período pré-pandêmico, de acordo com ele, o consumidor passa menos tempo nos centros de compra.

“Antes da pandemia, o consumidor ficava cerca de uma hora e meia no shopping. Esse tempo chegou a cair para 15 minutos e, agora, está entre 40 e 50 minutos, em média”, afirma.

Isso acontece, de acordo com ele, porque o brasileiro se acostumou a fazer mais pesquisa pela internet e já sai de casa sabendo o que e onde comprar o que precisa.

O cenário macroeconômico, desfavorável ao consumo, em sua avaliação, é a causa de um menor público e também de uma menor permanência nos empreendimentos.

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