Lições da Automechanika Buenos Aires -

Lições da Automechanika Buenos Aires

Evento reuniu mais de 27 mil visitantes de 10 a 13 de abril

Todo vendedor sabe: é muito mais difícil (e caro) conquistar um novo cliente do que manter a recorrência daqueles que já se relacionam com a empresa.

Foi com este entendimento que as marcas brasileiras lotaram os mais de 500 metros quadrados reservados ao país no La Rural Trade Center, casa da Automechanika Buenos Aires 2024, entre os dias 10 e 13 de abril. Neste ano, o Brasil contou com sua maior delegação na história da feira. Ao todo, foram mais de 50 marcas – sendo que 52 delas se concentraram nos estandes reservados por uma parceria entre o Sindipeças e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Como pano de fundo para toda essa mobilização estavam as mudanças trazidas pela recente eleição do presidente argentino Javier Milei, que – com medidas práticas e discursos ainda não concretizados – prega a maior abertura do país para o capital estrangeiro como uma de suas principais bandeiras.

Para o mundo todo, essa sinalização soa como uma oportunidade para conquistar uma fatia de mercado nos mais diferentes segmentos, inclusive o das autopeças. Prova disso, é o fato de que a Automechanika Buenos Aires deste ano atraiu 18 países, incluindo pavilhões exclusivos de China e Turquia, e teve um aumento de 24% de expositores na comparação com sua última edição, em 2022. Já para o Brasil, o novo cenário significa maior competição e, claro, uma ameaça ao marketshare robusto que o país tem na balança comercial com seus hermanos. Em 2023, por exemplo, o volume exportado para a Argentina foi de US$ 3,3 bilhões, equivalente a 36,7% do total das vendas brasileiras para o exterior.

Na percepção geral dos expositores brasileiros na feira, o novo momento argentino significa uma espécie de ‘chamada para sair da zona de conforto’. Algo que, a bem da verdade, todos aqueles que ouvimos parecem estar prontos a fazê-lo. Um mercado mais competitivo, em suma, convida as empresas brasileiras a serem mais eficientes e a melhorar a qualidade de suas ofertas. Ou seja, no melhor dos cenários – isto é, com o Brasil conseguindo manter seu protagonismo em solo argentino –, o país estará também mais competitivo na disputa por outros mercados, seja na América do Sul ou ainda nos chamados ‘mercadões’, como a Europa e os Estados Unidos. Esta, aliás, é a expectativa da ApexBrasil. Em entrevista à nossa reportagem, um porta-voz da Agência estatal afirmou que o aftermarket automotivo é um setor estratégico para o país e pode, caso consiga ampliar sua influência local e alcançar nichos, ainda que ‘pequenininhos’ nos EUA e na Europa, desempenhar um papel importante na busca do Brasil por ser relevante no comércio internacional para além do universo das commodities.

 Os próximos meses mostrarão o quanto as empresas brasileiras foram, ou não, bem-sucedidas nesta missão. A começar pela impressão deixada pelas nossas marcas nos mais de 27 mil visitantes da Automechanika Buenos Aires 2024.

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