Líderes da Novomeio contam a história e projetam novos caminhos do grupo -

Líderes da Novomeio contam a história e projetam novos caminhos do grupo

Da esquerda para a direita: Ricardo Carvalho Cruz, Paulo Roberto de Oliveira e Claudio Milan. Criando e oferecendo soluções em comunicação e serviços para o Aftermarket
Automotivo brasileiro há 30 anos

Trinta anos encontrando novos meios de responder às necessidades do mercado. Essa frase, que poderia ser um slogan, é – na visão de Ricardo Carvalho Cruz, fundador da Novomeio – a síntese de todas as atividades que o hub de mídia desenvolveu desde seu nascimento, em fevereiro de 1994, até os dias atuais. Em entrevista concedida ao lado de seus parceiros Paulo Roberto de Oliveira e Claudio Milan, o empresário relembrou como a modesta publicação focada em anúncios de ofertas e promoções criada para otimizar a comunicação de fornecedores e distribuidores de autopeças com os varejos se tornou uma das maiores empresas de comunicação do Aftermarket Automotivo nacional, abrangendo jornalismo, inteligência de mercado, pesquisas e produção de eventos. “

A partir do objetivo inicial de atender uma marca que tenho no segmento de produtos de fixação do sistema de freios, facilitando nossa comunicação com o mercado, a Novomeio respondeu a uma dor que era de todo o setor e acabou ganhando vida própria”, contou Cruz.

Para além das memórias da trajetória da Nhm, a entrevista do trio – cuja parceria data da década de 1990 – analisou o atual cenário do mercado e projetou os próximos passos da empresa em um ambiente que apresenta como desafios principais encontrar um modelo sustentável de operação no jornalismo digital e oferecer espaço para a comunicação unificada de toda a reposição automotiva.

Novo Varejo – Quando a empresa surgiu, como era a comunicação segmentada do aftermarket brasileiro? Podemos usar o velho clichê de que ‘quando chegamos aqui, isso aqui era só mato’?

Ricardo Carvalho Cruz – Quando começamos, em 1994, havia algumas iniciativas de comunicação bastante institucionais. Então, o propulsor conceitual da nossa atividade começou pela percepção de que havia uma necessidade das empresas se comunicarem com seus públicos através de um veículo que fosse mais promocional do que institucional. À época, a mala direta era a grande ferramenta de vendas, algo que começamos a mudar com a criação do Auto Ofertas, nome original da nossa primeira publicação e que, depois de cinco edições, se tornou Peça Ofertas. A mala direta é um mecanismo de divulgação de ofertas. Com veiculação mensal em distribuição nacional, nossa ideia era tornar o veículo uma espécie de hub de ações promocionais e de oferta de produtos que antes eram exclusivas das malas diretas de distribuidores – algo que gerava certa restrição nas grandes marcas, que não gostavam muito da divulgação de preços. Esse paradigma foi quebrado, em 1998, com a adesão da Roles, que comprou 12 páginas em uma das edições do jornal, gerando um movimento cascata em que todos os grandes distribuidores da época decidiram se juntar a nós. Então, sim, respondendo a sua pergunta, podemos dizer que desbravamos algo ainda inexplorado até então.

Novo Varejo – E quando vocês decidiram virar a chave para tornar a Novomeio um grupo voltado para o conteúdo jornalístico e não apenas promocional?

Ricardo Carvalho Cruz – Isso veio em um processo natural do nosso trabalho com o Peça Ofertas. Com o tempo, passando a incluir um trabalho mais editorial, jornalístico, somando-o àquela ideia inicial de divulgação de preços. Depois, quando a parte de ofertas acabou, o jornalismo se tornou protagonista e desencadeou uma série de outras atividades que mostravam amadurecimento do mercado de reposição independente, com destaque para a pesquisa Maiores e Melhores, em 1996, e o evento Maiores e Melhores, em 1997.

Novo Varejo – Se a comunicação no aftermarket ainda era tão incipiente, o que atraiu o seu olhar para apostar em algo que demandaria tanto pioneirismo?

Ricardo Carvalho Cruz – Eu costumo dizer que a criação mais genuína é aquela que demanda o atendimento da própria necessidade. E é assim que tenho conduzido minha vida empreendedora. Antes da Novomeio, eu já atuava no setor e foi a partir do objetivo inicial de atender esse outro negócio – uma marca que tenho no segmento de produtos de fixação do sistema de freios – facilitando nossa comunicação com o mercado que a Novomeio surgiu, respondeu a uma dor que era de todo o setor e acabou ganhando vida própria.

Novo Varejo – Claudio, agora para você. Uma dúvida que tenho é se você já era apaixonado pelo setor automotivo quando chegou à Novomeio ou foi aprendendo a se apaixonar pelo setor? Como se deu essa sua chegada até se tornar a referência que é hoje para o jornalismo do aftermarket?

Claudio Milan – Eu cheguei na empresa em fevereiro de 1997. Por – tanto, faço ‘aniversário de casa’ toda vez que a Novomeio completa mais um ano. Eu sempre entendi que minha vocação era rádio ou o segmento de automóveis. Posso dizer sem medo de errar que meu interesse pelos carros nasceu junto comigo. O meu primeiro contato profissional com esse universo foi em 1989 e o segundo logo depois, em 1990 – quando trabalhei em duas produtoras de TV em programas focados em automóveis. Mas eu acho que o jornalismo é quem nos leva, sabe? Você pode até ter uma motivação inicial sobre o que fazer, mas as coisas vão se encaixando. Então, dessa minha vivência com o carro em si, eu passei a ter contato com a peça, que é onde o carro nasce. E eu fiz o caminho contrário, saí do produto final e vim para o mercado de componentes automotivos, sobretudo o trade de reposição. Desde então tenho achado o mercado muito interessante e tenho aprendido bastante com ele. Já são 27 anos atuando com isso e eu ainda não parei de aprender.

 Novo Varejo – Agora queria perguntar para o Paulo. Nas fei – ras e eventos do setor a gente sempre te percebe como uma das pessoas mais bem relacionadas do mercado. Quando você começou na Novomeio já era assim ou teve de construir esse relacionamento tijolinho por tijolinho?

Paulo Roberto – Eu cheguei na Novomeio em 1994, vindo de outro grande grupo de comunicação. Tive, porém, que construir esse relacionamento aos poucos com uma trajetória que, embora tenha sido rápida, teve muito trabalho ‘de formiguinha’ envolvido. Foram muitas reuniões externas, muitas visitas, muita conversa. Então, eu viajei muito ao longo do tempo, em uma época em que chegamos a ter dezenas de publicações, incluindo, claro, os trabalhos personalizados para as marcas.

Novo Varejo- Já nessa época as marcas se atentavam para a importância de anunciar em veículos independentes como os do jornalismo da Novomeio ou houve também um trabalho educativo nesse processo?

Paulo Roberto – Eu costumo dizer que a gente fez algumas cirurgias para mostrar essa importância. Afinal, o setor não tinha cultura nenhuma de anúncio, né? Era zero. O que mudou o cenário não foi nem o relacionamento e o convencimento em si, mas os resultados que mostramos. Quando você se aproxima do cliente e mostra a série de benefícios que o trabalho está gerando, facilita muito para que ele fique com você. Isso fez com que a gente conseguisse estar com os principais distribuidores e as principais indústrias do mundo.

 Ricardo Carvalho Cruz – Eu gostaria de complementar o que o Paulo disse porque isso é fundamental para o nosso setor, já que os anúncios são a única fonte de renda de uma empresa de comunicação séria e independente. Uma coisa importante que aconteceu e ainda ocorre é estimular a consciência do cliente em relação ao comportamento das grandes marcas dentro e fora do setor automotivo. Todas elas sabem o quanto a comunicação é importante para gerar reputação e fidelidade. E aí, se essas gigantes, que já são top of mind junto aos seus consumidores, investem nisso, os outros percebem que isso tem muito valor. E é essa percepção de valor, juntamente com os nossos resultados, que tem estimulado o mercado a anunciar com a Novomeio. Vale dizer ainda que, além do valor que entregamos para a marca anunciante, nós entregamos também para o mercado como um todo a partir de serviços como o VIÉS, o MAPA, o ONDA, Maiores e Melhores, o próprio Prêmio Inova; todos eles permitem que os tomadores de decisão tenham acesso a números concretos e constantemente atualizados de uma série de movimentos do mercado, de modo que eles possam traçar um comparativo entre suas empresas e o mercado como um todo.

Novo Varejo – A linguagem do Novo Varejo se destaca por ser mais solta, de revista, algo incomum para outros jornais segmentados. De onde veio a inspiração para essa linha editorial?

]Claudio Milan – Bom, esse aprendizado é do rádio, né? Pra mim, foi o começo de tudo. Eu acho que no rádio a gente aprende a conversar com o ouvinte, isso mesmo nas emissoras mais sérias. Eu acredito que sério não pode ser sinônimo de chato. O conteúdo precisa ser entregue com fluidez, trazendo, se for preciso ou pertinente, até alguns comentários mais satíricos. Eu nunca me inibi em relação a isso e hoje, felizmente, a gente vê esse tom cada vez mais presente em todos os veículos. Como se diz, aquela coisa de terno e gravata já não cabe mais. Até porque, com o surgimento das mídias digitais, a linguagem está se tornando cada vez mais informal, sem perder a seriedade e a qualidade do conteúdo. Temos feito isso há muito tempo e, para nossa sorte, o tempo mostrou que estávamos no caminho certo.

Novo Varejo – E quanto à independência do conteúdo em si? É um desafio, dado que os patrocinadores e anunciantes são as grandes receitas do jornal?

Claudio Milan – Essa é uma filosofia da empresa. Quando eu cheguei, já era assim. Cheguei em pleno Maiores e Melhores e eu não conhecia esse mercado em profundidade. Então, na primeira edição da pesquisa tive a incumbência de conversar com todas as distribuidoras que haviam se destacado e em uma dessas primeiras entrevistas um executivo me disse “vocês nem deveriam ter feito essa pesquisa”. Então, sempre houve essa independência, mesmo sabendo que poderíamos eventualmente estar contrariando algum interesse individual nunca deixamos de relatar a verdade. Eu acredito que a resistência você vence com seriedade e credibilidade, e isso a gente conquistou com o tempo, quando o mercado percebeu que não fazíamos concessões. A partir desse entendimento, de que somos sérios e independentes, não posso dizer que tivemos muitos problemas. Então, esse desafio da independência editorial para mim sempre foi muito fácil de lidar.

Novo Varejo – Agora, para os três, queria saber um pouco sobre essa transição da Novo Meio para Nhm Novomeio Hub de Mídia que, para além do jornalismo tradicional, vem acrescentando ações digitais, com destaque para a A.TV. Vocês veem o mercado pronto para essa abordagem mais ‘fígital’?

 Paulo Roberto – Nós temos um problema hoje que é o fato de algumas empresas terem assumido o digital e outras não. Portanto, com algumas eu consigo falar disso, já com outras não dá nem para começar. O mercado hoje está dividido. Quanto mais jovem a empresa é, mais ela acredita no digital. Conforme a idade vai subindo, esse interesse diminui. Ainda temos uma série de evoluções, enquanto mercado, para consolidarmos estes dois universos, físico e digital, como igualmente importantes.

Ricardo Carvalho Cruz – Diante disso que o Paulo falou, surge um outro problema: o da receita. Afinal, com essa nova realidade, temos a obrigação de oferecer conteúdo nas duas frentes, mas a receita advém dos mesmos anunciantes – sendo que alguns preferem o digital e outros o físico. Ou seja, nosso custo dobrou, mas o dinheiro é um só. Ainda temos muito o que avançar nesse sentido

Claudio Milan – Sob o ponto de vista do jornalismo, o universo digital exige uma adequação na forma com que o conteúdo é entregue. Nossa missão segue sendo fazer jornalismo consistente, mas, agora, temos de fazê-lo com mais agilidade, uma capacidade maior de síntese e embalar tudo isso em formatos graficamente atrativos. O conteúdo no digital precisa ser dinâmico e, muitas vezes, até animado. Então, é um desafio com o qual temos lidado, mas não acho que seja só nosso, todo o jornalismo, sobretudo as mídias que nasceram impressas, estão enfrentando essas questões.

Novo Varejo – Por último, queria saber de vocês quais são os próximos passos da Nhm para seguir como a mídia do Aftermarket Automotivo nos próximos 30 anos.

Ricardo Carvalho Cruz – Há 30 anos nós temos falado que este mercado está se consolidando como novo e, agora, mais do que nunca, esse momento chegou. Tudo mudou para todos e sobre – tudo para nós. Nossa missão, portanto, é fazer o que já fazíamos – buscar novos caminhos diante das demandas do Aftermarket Automotivo e da sociedade como um todo. Não por acaso, nosso slogan deste aniversário é “30 anos e contando”, que tem duplo sentido, já que contamos para nossos leitores o que há de importante no momento e as transformações por vir, e seguimos a contagem dos nossos anos porque seguiremos firmes. Novos momentos, porém, exigem novos posicionamentos. E, dentro disso, penso que a unidade do setor é um elemento fundamental. Elemento, aliás, pelo qual já lutamos desde 1997. Como grupo, valorizaremos cada vez mais essa união do aftermarket independente e ficamos muito felizes de ver que ela está avançando com movimentos como a Aliança Aftermarket, que congrega todos os elos da cadeia. Para finalizar, ainda nesta linha, quero deixar a mensagem de que a Novomeio acredita que nós, do aftermarket, não temos competidores internos. Somos parceiros, acima de tudo, contra ameaças externas que querem limitar o nosso trabalho. Seguimos juntos nesta nova fase!

Claudio Milan – Nossos próximos passos giram em torno de trazer um conteúdo que ao mesmo tempo seja relevante e moderno. Mostrar a cada nova reportagem que trazemos conteúdos apurados e inovadores. Vivemos um momento em que as pessoas têm mais in – formação do que nunca. Mas é urgente e fundamental que as informações sérias sejam separadas daquelas repetidas, amadoras e aventureiras, pois estas são ameaças não apenas para o leitor em si, mas para a sociedade como um todo. Para seguirmos diferenciados deste universo, mesmo atuando no digital, é preciso manter a credibilidade e isso só se faz com apuração e trabalho sério.

Paulo Roberto – Eu acredito que nosso principal passo é o da continuidade. Continuar sendo referência para o setor que tem inovado muito e que, em razão disso, precisamos de cada vez mais ferramentas para seguirmos atualizados. Em resumo, é manter aquilo que fez a Novomeio chegar até aqui: a capacidade não só de se adaptar, mas de trazer o novo para o mercado.


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