Mercado de reposição: diferentes perspectivas em diferentes países -

Mercado de reposição: diferentes perspectivas em diferentes países

Tempos de mudanças profundas que precisam ser acompanhados com atenção extrema por todos aqueles que vivem em função do carro.

Claudio Milan: [email protected]

Recentemente a Nexus encomendou um abrangente estudo ao BCG – Boston Consulting Group. Uma das questões apuradas diz respeito ao futuro do aftermarket
automotivo a partir das transformações disruptivas já em curso.
Somando o que existe hoje ao carro elétrico, tendo como base
comparativa os resultados de 2019, o mercado de reposição nos seis
países mais ricos da Europa encolherá 7%. “E nos anos seguintes só
vai piorar”, adverte Gerson Prado, CEO da SK e presidente da Nexus Internacional, em palestra inaugural da Autop 2022.
O palestrante também chamou atenção para os inovadores modelos
de negócios trazidos pelos novos players. “A Tesla só vende o carro
online, controla 100% da venda, não tem revendedor. Já matou a
concessionária. E controla 100% do canal de manutenção, determina
quem vai cuidar da lataria, da mecânica. Somente aquele cara pode
mexer no Tesla porque ela não compartilha dados do veículo com
ninguém, apenas para quem é autorizado”.
A Tesla representa a face mais conhecida destes newcomers, mas
há outras empresas praticando transformações igualmente disruptivas
para o aftermarket. “Quero falar de outro modelo interessante,
chinês, a NIO. Essa empresa nasceu totalmente focada em atender
o consumidor, não tem intermediários. Diferente da Tesla, que na
reparação nomeia empresas, a NIO controla 100% da manutenção,
tem serviço 24 horas de resgate, dá garantia de conectividade até o
fim da vida do carro e garantia eterna do veículo enquanto ele não for
vendido. Outra coisa das mais inteligentes que a NIO criou: 40% do
custo de um carro é a bateria. Tem gente que roda 150 quilômetros.
Pra que cobrar o preço de um carro que roda 1.000 quilômetros? Ela
vende o carro sem a bateria, na hora da compra o consumidor escolhe
a bateria e sai com ela instalada. Se precisar fazer uma longa viagem,
entra num box e em dois minutos e meio um sistema mecanizado troca
a bateria por outra de maior autonomia e o cliente paga pelo uso, um
aluguel. Quando retornar, vai ao box e recebe sua bateria de volta”.
Nos mercados que migrarão para os carros elétricos, a revolução no
aftermarket automotivo será drástica. Mas o Brasil não ficará livre dessas
transformações, mesmo adotando a solução híbrida. “O que acontece
com os fabricantes de autopeças? Se a cadeia de fornecimento
atual para Europa, Estados Unidos e China não é a mesma do carro
elétrico, as plataformas atuais desaparecem. E vocês acreditam que
uma fábrica gigante vai querer produzir só os 18% que o aftermarket
representa no mundo? Não vai. A gente estima que marcas globais
importantes de fabricação de autopeças desaparecerão. Mas, em
consequência da frota gigante que existe no planeta, outras marcas
surgirão”, prevê Gerson.
Outro desafio crescente é o carro conectado. “Todos os carros novos
que a Ford traz para o Brasil já leem a falha, contatam o motorista e
informam onde ele vai arrumar e qual é o preço do serviço. O veículo
conectado pode acabar com as marcas, o carro vai dizer para o dono
do carro onde ele pode arrumar. E você não vai perguntar marca, você
confia no seu carro”, finaliza Gerson Prado.
Tempos de mudanças profundas que precisam ser acompanhados
com atenção extrema por todos aqueles que vivem em função
do carro.


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