Osetor de mobilidade urbana voltou a chamar a atenção do mercado em termos de intenção de investimentos para os próximos três anos, de acordo com a última edição, referente ao segundo semestre do ano passado, do Barômetro da Infraestrutura, elaborado pela EY em parceria com a ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base). No levantamento anterior, mobilidade urbana não aparecia entre os principais setores considerados pelos empresários e especialistas do setor de infraestrutura. Esse interesse obtido a partir de 392 respostas pode ser justificado, ainda segundo a pesquisa, por dois motivos principais: o Novo PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), lançado pelo governo federal, e a necessidade de modernização do transporte público urbano, incluindo eletrificação da frota de ônibus.
O Novo PAC prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão até 2026 em diferentes áreas, com os recursos vindos do orçamento da União, de empresas estatais e de financiamentos, com participação significativa do setor privado. Serão contemplados por esses recursos nove eixos de investimento distribuídos entre cidades sustentáveis e resilientes; transição e segurança energética; transporte eficiente e sustentável; defesa; educação; saúde; água para todos; inclusão digital e conectividade; e infraestrutura social e inclusiva. A maior parte do dinheiro, o equivalente a R$ 610 bilhões, será destinada às cidades sustentáveis e resilientes, englobando iniciativas como o programa “Minha Casa, Minha Vida”, mobilidade urbana e esgotamento sanitário.
O setor de saneamento básico, aliás, mantém a liderança em intenção de investimento para os próximos três anos com 61,5% das respostas. Em relação às pesquisas anteriores, houve aumento desse percentual – 56,5% no primeiro semestre do ano passado, 59,2% no segundo semestre de 2022 e 60,2% nos primeiros seis meses também de 2022. Esse avanço pode ser creditado às políticas públicas atuais de incentivo à universalização do acesso ao saneamento básico, cujas metas foram estabelecidas no novo Marco Legal de Saneamento, que prevê água potável e segura a 99% dos brasileiros e fornecimento de coleta e tratamento de esgoto a 90% da população do país até 2033. Os setores de energia elétrica e rodovias também se destacaram para receber investimentos nos próximos três anos.
Investimentos em alta
Ainda segundo o estudo da EY e da ABDIB, os investimentos em infraestrutura no ano passado, considerando os setores logística/transporte, telecomunicações, energia e saneamento básico, cresceram 19,6% em termos reais na comparação com 2022, alcançando R$ 213,4 bilhões, o maior valor desde 2014.
Esse bom desempenho se deveu ao crescimento de 14% dos investimentos privados, além da expansão de 44% dos investimentos públicos, que atingiram R$ 47,7 bilhões, o melhor resultado desde 2017, ano de início da Lei do Teto de Gastos.
Barômetro da Infraestrutura
O estudo é realizado semestralmente pela EY e ABDIB para identificar o ânimo dos empresários e especialistas dos setores de infraestrutura sobre os temas que impactam a realização de investimentos e o desenvolvimento de projetos. O objetivo desses levantamentos é oferecer uma contribuição às autoridades públicas e aos agentes institucionais sobre os caminhos para a promoção do desenvolvimento da infraestrutura.