Motoristas do Reino Unido rejeitam carros autônomos -

Motoristas do Reino Unido rejeitam carros autônomos

Britânicos são os primeiros na Europa a ter permissão para usar estes veículos nas estradas, mas 87% deles não estão interessados

Claudio Milan [email protected]

O governo do Reino Unido avançou na regulamentação dos carros autônomos. Em abril, foi aprovada a permissão para que os motoristas possam tirar as mãos do volante nas estradas, desde que obedecida a condição de continuarem observando a via ao longo de todo o trajeto.

Este novo passo foi possível graças ao recurso de assitência à direção oferecido no mercado local pelo Ford Mustang Mach-E. O utilitário esportivo elétrico – apesar do nome Mustang – traz um recurso tecnológico que permite ao veículo esterçar, frear e acelerar sozinho, mas, ao mesmo tempo, monitora o motorista com câmera infravermelho para garantir que seus olhos estejam o tempo todo atentos à via. Denominado BlueCruise, trata-se de um sistema adquirido por meio de assinatura ao custo de 18 libras por mês.

A área liberada para trafegar sem as mãos no volante contempla cerca de 3,7 mil quilometros de estradas na Inglaterra, Escócia e País de Gales, cobrindo 95% da malha rodoviária.

SENSAÇÃO

A direção autônoma certamente tem suas vantagens. Mas provavelmente estas, ao menos por agora, não parecem suficientes para atrair o interesse dos motoristas, especialmente os entusiastas do automóvel.

Para repercurtir a nova liberdade adotada no Reino Unido, a área automotiva da plataforma de cotação Quotezone.co.uk perguntou a 1.000 clientes de seguros de veículos se eles gostariam de comprar um carro autônomo. A reposta foi meio que um balde de água fria para os que apostam na inovação: 87% disseram que não.

O resultado levou a uma segunda pesquisa para investigar as causas da rejeição. Para 44%, o carro autônomo simplesmente tira do motorista o prazer de dirigir. O segundo principal motivo citado, por 40% dos pesquisados, foi o medo de que desistir do controle sobre seus carros traria sensação traria sensação de insegurança para o motorista.

Ao parlamento britânico, o ministro dos Transportes, Jesse Norman, disse que “histórias assustadoras, principalmente nos estágios iniciais”, farão parte do processo de adaptação à tecnologia. Questionado sobre a segurança dos veículos autônomos pelo Commons Transport Select Committee, Norman referiu-se ao inevitável “pânico moral” que o público britânico precisa enfrentar.

Helen Rolph, especialista em comparação de seguros de automóveis do Quotezone.co.uk, até concordou com o ministro no que se refere à segurança, mas não minimizou a conheça paixão dos britânicos pelo automóvel. “Embora Jesse Norman possa estar certo de que é apenas uma questão de tempo até que as pessoas se acostumem com a ideia de desistir do controle de sua própria segurança, os motoristas não querem desistir da sensação de dirigir um carro. Os britânicos amam seus carros e essa afeição não vem apenas de sentar enquanto é levado de um lugar para outro. Adoramos a sensação do volante em nossas mãos, o feedback da estrada enquanto dirigimos e o controle do veículo ao acelerar, frear e mudar de faixa”.

Os carros totalmente autônomos ainda são proibidos no Reino Unido, mas isso deve mudar já em 2025 com a aprovação de uma nova legislação.


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