No mês de junho, o maior volume de empregos, os saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FGTS) e a antecipação do pagamento do décimo terceiro salário para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ajudaram a reduzir a inadimplência e a aumentar a intenção de consumo das famílias paulistanas. O ICF, indicador da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), apontou alta de 3,3% em relação a maio. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o avanço foi de 22%.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada também pela FecomercioSP, 23% dos lares na cidade de São Paulo apresentavam algum tipo de dívida no sexto mês do ano. Em maio, o porcentual era de 24,5%. Com a redução, em números absolutos, 923,6 mil famílias seguem inadimplentes na cidade. Apesar da queda mensal, na comparação com o mesmo período do ano passado, o número de lares com contas em atraso mostrou avanço de 19,5%.
A taxa de famílias que afirmaram não ter condições de pagar as dívidas atrasadas ficou em 8,8%, recuando em comparação ao mês anterior (quando estava em 9,7%) e se igualando ao observado em junho do ano passado. Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, a inadimplência atinge 27,5% do total. Já para aquelas que ganham mais que este valor, o porcentual ficou em 11,3%. Os números demonstram recuo para ambas as faixas de renda, cujas taxas atingiam 29,3% e 12,2%, respectivamente, em maio.
A PEIC demonstra, ainda, que 74,1% das famílias (2,97 milhões, em termos absolutos) estavam endividadas em junho. Cartão de crédito (86,5%), carnês (19,4%) e financiamento de carro (14,6%) eram os principais tipos de dívidas que comprometiam o orçamento da população paulistana, no mês.
Conjuntura favorável para o consumo
Em junho, a intenção de consumo atingiu o maior patamar desde abril de 2020, embora 82,6 pontos esteja abaixo da linha de satisfação (100 pontos). As injeções de recursos na economia contribuíram para a sexta elevação consecutiva do ICF.
Quase todas as variáveis analisadas neste indicador apontaram alta. O maior movimento ficou por conta da Perspectiva profissional, com crescimento de 6,8%, passando de 106,3 pontos, em maio, para os atuais 113,6. Emprego atual cresceu 4% e alcançou 112,1 pontos. Ambos ficaram acima dos 100 pontos, indicando, portanto, satisfação.
Único a apresentar queda, o item Momento para duráveis recuou 0,8%, na comparação mensal, e 7,4%, na anual. O resultado pode estar relacionado à dificuldade dos consumidores em comprar bens como geladeira, fogão e televisor, em decorrência dos juros elevados.
As famílias com renda inferior a dez salários mínimos foram as que mais apontaram intenção de consumir. O ICF cresceu 4,5%, contra 0,7% das que ganham acima deste valor. As pontuações respectivas foram de 78,1 e 95,6.
Índice de Confiança do Consumidor
O ICC caiu 2,1% no sexto mês do ano, porém, ainda segue na área de otimismo, com 103,6 pontos. As Condições econômicas atuais (-5,1%) e as Expectativas em relação a elas (-1,1%) foram as variáveis que mais contribuíram para queda.
A diferença entre o ICF e o ICC é que o primeiro avalia mais detalhadamente o dia a dia das famílias (as condições domésticas). Já o segundo busca captar a percepção no que diz respeito ao todo, ou seja, o que o consumidor observa sobre os rumos da economia e o desempenho do País.
Volta às compras tem sido lenta
As pesquisas realizadas pela Entidade revelam um cenário positivo, mas que poderia ser melhor sem o impacto da inflação. A recuperação do mercado de trabalho, a injeção pontual de recursos do FGTS e do décimo terceiro foram fundamentais para que os lares pagassem as contas em atraso e retornassem ao consumo.
Entretanto, esse retorno tem ocorrido num ritmo lento graças ao elevado índice de inadimplência e à inflação. Importante ressaltar que o cenário ideal é o de aumento do endividamento com redução da inadimplência. Isso significa famílias contraindo o crédito para ampliar o consumo, enquanto conseguem quitar os compromissos em atraso. Mesmo com o avanço do emprego, contudo, ainda há obstáculos para transformar esta melhoria em um aumento expressivo desse consumo.
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