Nakata chega multicultural aos 70 anos -

Nakata chega multicultural aos 70 anos

Adquirida pela Fras-le, do Grupo Randon, empresa hoje é resultado de uma miscigenação cultural que permitiu a absorção do melhor das gestões japonesa, americana e brasileira

Claudio Milan [email protected]

Em 1952, os irmãos Eigi, Katsuhide, Masaru e Hiroto fundaram a Nakata Indústria e Comércio Ltda. A pequena empresa era, basicamente, a continuidade e profissionalização do negócio informal do pai, o imigrante japonês Fukuichi Nakata, hábil no manejo de metais.

No começo, a produção estava focada em panelas de alumínio. “Fabricamos esses produtos em alumínio até mais ou menos 1954 ou 55. Ainda antes das autopeças, fizemos partes mecânicas das lavadoras automáticas Bendix. Com isso ganhamos muita experiência, aprendemos sobre tecnologia e começamos a expandir a empresa”, contou Hiroto Nakata, um dos sócios-fundadores, à reportagem do Novo Varejo.

Em 1956, com a posse do presidente Juscelino Kubitschek é intensificada a estratégia da criação de um parque industrial automotivo no Brasil, com a chegada de montadoras e, em consequência, o surgimento de forte demanda por autopeças nacionais, até por força de lei.

Daí foi um pulo para que a Nakata iniciasse uma nova era em sua rica trajetória evolutiva, que prossegue até hoje. Em dezembro de 2019, a Fras-le, do Grupo Randon, anunciou a aquisição da empresa.

Para conhecer melhor a empresa que surge deste novo momento, conversamos com Marcelo Tonon, diretor geral da Nakata. A seguir, você acompanha um resumo do que disse o executivo. A entrevista completa pode ser vista no programa Diálogo Automotivo, da A.TV, o canal de conteúdo do aftermarket no Youtube, que você acessa pelo endereço youtube.com/c/ATVmidia

Novo Varejo – O que significa neste ambiente de negócios que temos no Brasil uma empresa chegar aos 70 anos?

Marcelo Tonon – Não é fácil completar 70 anos no Brasil. É uma empresa que, na década de 50, começou com os imigrantes japoneses e depois de muitas transformações, depois de se reinventar, chega aos 70 anos mais disposta e em melhor forma do que nunca esteve. A gente está muito contente mesmo nesse contexto desafiador e, principalmente, nesse contexto desafiador está começando a comemorar os 70 primeiros anos porque outros virão.

NV – A Nakata passou por muitas transformações nesse período. Quais foram as mais importantes?

MT – O primeiro ponto que temos que destacar é o trabalho ímpar que a família fez até a venda da empresa – então uma grande empresa nacional com uma marca reconhecida – para um grupo americano, na primeira aquisição, que aconteceu na década de 1990. Depois, em 2004, tivemos essa grande empresa vendendo as operações de aftermarket para um private equity; posteriormente, a aquisição por um grupo de acionistas nacionais, e agora, mais recentemente, a aquisição pelo grupo Fras-le, uma empresa do grupo Randon. Fora esses movimentos de aquisições, o mundo automotivo mudou, a gente deixou de ter Passat, Chevette e Corcel e passamos a ter milhares de plataformas, de SKUs, entramos em novos negócios – estar no aftermarket é estar em transformação constante.

NV – Qual foi a importância do aftermarket para que a empresa chegasse até aqui?

MT – O mercado de reposição começa no Brasil ainda antes da indústria automotiva. Primeiro chegaram os carros para depois chegar a reposição. Já tínhamos veículos e mecânicos, mas não tínhamos as peças. E as montadoras recém-entrando no país viram na Nakata uma empresa recém-instalada com capacidade para fabricar produtos que poderiam ser usados nas linhas de montagem. A Nakata aceitou o desafio e começou a abastecer as montadoras, o que foi muito importante porque daí veio a tecnologia, daí veio a competência em desenvolvimento de produtos, a criação e consolidação de uma marca que vai se tornando cada vez mais forte. Ao longo do período, devido aos diversos movimentos pelos quais a empresa passou, a Nakata decide se dedicar quase que exclusivamente ao mercado de reposição independente, entendendo que existem vantagens diversas no fornecimento para o equipamento original, porém o mercado de reposição independente é extremamente resiliente e propiciou à Nakata tirar o máximo de reputação da marca e ampliar muito seu portfólio, que originalmente era de peças de suspensão e direção e amortecedores, e hoje são mais 18 grupos de produtos diferentes, todos primeira ou segunda escolha no ponto de venda.

NV – Quais são os diferenciais da Nakata para o mercado de reposição?

MT – Acho que o principal é a nossa proposta e nosso propósito que a gente traduz no “Tudo azul, tudo Nakata”. Muito mais do que peça de marketing esse é um compromisso de cada um dos colaboradores da Nakata: todas as experiências de todos os agentes do segmento com a Nakata serão positivas.

NV – Qual é o papel das pessoas nesse momento em que a Nakata chega aos 70 anos?

MT – Se existir alguma coisa mais do que total, é mais do que total. No domingo, quando está todo mundo em casa e todas as máquinas e computadores estão desligados, a empresa não é absolutamente nada. As pessoas fazem toda a diferença e as pessoas da Nakata são muito especiais, não só as pessoas que hoje fazem parte da Nakata, mas todas que passaram e ajudaram a moldar essa empresa que hoje tem práticas icônicas, é reconhecida. E o nosso pessoal é apaixonado pelo que faz, pela marca e, principalmente, gosta de gente. E isso faz uma diferença muito grande porque é só em cima desse gostar de gente que nossa promessa de marca é entregue dia a dia ara nossos clientes.

NV – A Nakata tem presença forte no ambiente digital, que hoje ganha espaço no aftermarket automotivo. De que forma esse ambiente contribui para o desenvolvimento e crescimento de uma empresa hoje no mercado de reposição?

MT – A Nakata iniciou seu processo de digitalização e comunicação através das mídias digitais há muitos anos, bem antes da necessidade das empresas terem jornadas digitais virar o que virou hoje, até porque a pandemia acelerou isso. Hoje, a quantidade de pessoas engajadas, de views e de conteúdo que a gente produz definitivamente ajuda no dia a dia dos nossos aplicadores, leva informação, facilidade e a tranquilidade que a Nakata quer oferecer para todos os agentes. Logicamente digitalização não é fim, é meio, tem que seguir crescendo e evoluindo, conteúdo nunca é demais, a gente vai ter que produzir cada vez mais melhores conteúdos, fazendo uso de tudo o que a tecnologia está nos oferecendo pra chegar mais rápido e com melhores informações a quem se relaciona conosco.

NV – A empresa passou por um período de transição, a partir da recente aquisição. O que a Nakata ganha e que contribuição ela pode dar para o novo grupo?

MT – A Nakata hoje é uma unidade do grupo Fras-le e voltamos a ser uma empresa estratégica, isso é muito relevante. Diversos projetos transformacionais que tínhamos foram rapidamente colocados em marcha, como a mudança da nossa planta de amortecedores de Diadema para Extrema, formando o complexo Nakata, consecução da ampliação do nosso centro de distribuição. A integração e as sinergias estão sendo muito positivas, confortáveis, em primeiro lugar porque o grupo adquirente vem tratando a Nakata com toda a generosidade, eles compraram uma empresa líder de mercado com boas práticas, então eles estão olhando todas as boas práticas da Nakata, bem como a Nakata está aprendendo muito com o grupo adquirente principalmente tecnologia, de manufatura, então só estamos ganhando. Acredito que para o grupo é a consecução do objetivo de ter um power house de reposição com marcas icônicas como Fras-le, Fremax, Controil e agora Nakata. E para a Nakata a certeza de estar agora num grupo estratégico ainda mais forte, podendo colocar todos os projetos em prática e seguir o caminho de crescimento, agora somando forças com as demais marcas do grupo.

NV – A Nakata nasceu de uma família japonesa, com sua filosofia de vida e negócios, passou por dois grandes grupos norte-americanos e voltou para o Brasil. Qual empresa surge desse caldo de cultura?

MT – Uma Nakata multicultural. Que tem até hoje o melhor da cultura dos fundadores, porque nós temos funcionários que começaram na empresa na década de 80 ou 90, mesmo antes da primeira aquisição. Fora isso, somamos diversos profissionais experimentados, passamos por um private, passamos por investidores, e eu digo que com todos aprendemos e ficamos melhores. Agora, com a Fras-le e o Grupo Randon a gente encontra muita coisa que vem desde os japoneses que é a ética, os princípios e valores mais elevados, as melhores e mais íntegras práticas de negócios. Então fechou o ciclo com as pontas se encontrando perfeitamente.

NV – Como a Nakata vai comemorar esse marco importante de 70 anos no mercado brasileiro?

MT – Com diversas iniciativas. Temos que comemorar muito com os nossos colaboradores, até porque essa história foi escrita por eles, não só pelos que hoje são parte do quadro da empresa, mas também muita gente que passou pela Nakata vai participar de um conjunto de comemorações que estamos preparando. Além disso, vamos resgatar a história da Nakata década a década, traçando alguns paralelos com o que acontecia no país. E tem muito mais, porém aí eu prefiro te convidar a participar e não divulgar agora.


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