Negócios em autopeças com produtos da carga longa representam 43%

Produtos da cauda longa representam 43% dos negócios em autopeças

Manutenção dos portfólios com nível de atendimento atual elevará custo médio do estoque no varejo para 2,2 milhões de reais nos próximos anos

Discutir o perfil atual da frota de veículos no Brasil, destacando as novas tecnologias e características emergentes, foi o mote da apresentação de Danilo Fraga, CEO da Fraga Inteligência Automotiva e parceiro de conteúdo do Novo Varejo Automotivo, na 30ª edição do Seminário da Reposição Automotiva.

Um dos fios condutores do evento como um todo foi o impacto do processo acelerado de diversificação da frota circulante no Brasil para o aftermarket automotivo. Notadamente no que se refere à formação e gestão dos estoques na distribuição e no varejo, cada vez mais afetados pelo surgimento de novas marcas e modelos.

“Um dos principais motores do crescimento do mercado de reposição é a frota, que é o estoque de veículos a serem reparados. A previsão é que até 2030 nossa frota cresça mais de 16%. E esse crescimento vem acompanhado de um processo muito radical de pulverização da frota. E aí que mora a dificuldade de projetar o nosso setor. Se em 1990, trabalhássemos somente com os 10 veículos de maior frota no Brasil, atenderíamos tranquilamente 55% dos veículos que estavam rodando. Enquanto os veículos que a gente chama de cauda longa, acima da posição 31 no ranking de frota, representavam apenas 15% do mercado. A gente podia ignorar essa cauda longa e focar no volume que os veículos de curvas A e B traziam. A realidade atual, em 2024, é que a cauda longa já representa 43% do negócio. Então o fabricante precisou trabalhar com uma redução muito grande de escala. O distribuidor precisou trabalhar com um grande número de SKUs e a dinâmica do setor ficou mais complexa. E a tendência é que isso continue sendo transformado nos próximos anos. Prevemos que a cauda longa vai ser 44% da frota em 2030, enquanto os veículos de curva A só 26%”, expôs Fraga, acrescentando que em 1994 se os nomes de todos os carros que circulavam pelo Brasil fosse colocados numa planilha de Excel, o resultado seria uma tabela com 573 linhas. “Hoje essa tabela, só com os nomes dos carros, já dá 2.400 linhas. “E quando a gente traz para o número de versões, as especificações técnicas diferentes, temos um salto de 1.200 na década de 90 para mais de 15.000 versões diferentes, atualmente. Isso é uma panaceia para gerir estoque e muito complexo para desenvolver produto”.

Estoques

No último mês de setembro, a Fraga fez uma pesquisa para dimensionar o tamanho do estoque de um player grande. Foi utilizada uma pequena amostra de São Paulo. “Um player grande, numa filial de distribuidora de peça, tem estocados, em média, 26 milhões de reais em mercadoria. Uma atacarejo, aquela loja de grande porte, em cada filial tem, em média, 11 milhões de reais de produtos. E um varejo, de médio ou grande porte, 2 milhões de reais em peças estocadas. É muito dinheiro parado”, demonstrou Danilo Fraga. “E a notícia que a gente traz é que vai piorar. Porque o processo de pulverização da frota faz com que a necessidade de novos produtos para atender a mesma cobertura de linha seja mais intensa”, acrescentou o palestrante.

A partir desta constatação, Fraga apresentou a quantidade de fornecedores para cada nível de canal de serviço. Tomando o amortecedor de suspensão como exemplo, em média um distribuidor precisa trabalhar com quatro fornecedores para ter uma cobertura razoável de linha. “E no varejo você chega a até nove,

considerando as marcas próprias. O pessoal  comercial do nosso setor está abrindo novos fornecedores. E, mesmo assim, o atendimento ainda não é 100%”, disse. A consequência dessa escalada, segundo Danilo Fraga, será uma média de crescimento de 10% no custo do estoque em cada elo da cadeia nos próximos anos, sem considerar a inflação.

Oportunidades

O CEO da Fraga Inteligência Automotiva também mostrou as oportunidades para o mercado a partir da diversificação da frota. Uma delas está na expansão dos SUVs, os utilitários esportivos, que em 2020 representavam 9% da frota brasileira, passando a 15% em 2024 para chegar, em 2030, a uma participação 25% do parque circulante nacional. “Quando a gente olha, por exemplo, o filtro de ar, os filtros dos SUV são, em média, vendidos 67% mais caros na porta do que os componentes para carros hatch. O disco de freio custa 94% mais e os amortecedores, 30%”, comparou Fraga.

Para dar conta de gerir tantas transformações na velocidade em que elas vêm ocorrendo, o palestrante destacou a importância do uso de dados na empresa. “A gente precisa usar informação, inteligência e os dados de forma ordenada e estruturada. Algoritmos avançados de análise de preço que estão disponíveis aos montes. As ferramentas de inteligência artificial são ótimas. A gente precisa aprender a utilizar a tecnologia e os dados que alimentam essa tecnologia, colocar dados certos e tomar as decisões corretamente para poder chegar a algumas conclusões. É preciso investir em informação e na saúde financeira do negócio, porque é isso que vai garantir o nosso futuro”.

E o mercado é promissor para investir na qualidade de gestão. Segundo projeções da Fraga, em 2024 a previsão aponta para um crescimento real de mais 10% na ponta, sem inflação.

“O mercado já chegou ao patamar de R$105 bilhões, distribuídos em todos os elos da cadeira, gera mais de dois milhões de empregos em mais de 100 mil empresas”, finalizou Danilo Fraga.

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