Nova série conta a história de varejistas que iniciaram suas trajetórias no balcão de autopeças -

Nova série conta a história de varejistas que iniciaram suas trajetórias no balcão de autopeças

Do balcão para a abertura de uma loja de autopeças própria. Embora hoje esse salto não nos pareça tão factível quanto foi no passado, o trajeto citado era uma espécie de ‘lugar comum’ entre aqueles profissionais de venda de sucesso.
Dezenas de varejistas com os quais convivemos na atualidade são filhos diretos dessa época e trazem em suas histórias lições inesquecíveis. Buscando resgatar algumas dessas trajetórias, o Novo Balconista inaugura sua nova série de reportagens: Meu tempo de balconista.
Nela iremos entrevistar esses empresários que irão traçar comparativos entre as características da função em seus tempos e os dias atuais, citar as vantagens competitivas de proprietários que já atuaram no balcão, além de trazer histórias curiosas que não saíram da memória desses varejistas.
Na estreia, batemos um papo com Roberto Rocha, proprietário e fundador da Rocha Autopeças, que desde 1992 atua na cidade de Campinas (SP). Rocha iniciou sua trajetória na reposição na década de 1980 dando suporte em uma retífica de motores de seu cunhado. Foi nesse ambiente que o varejista teve um contato profundo com as autopeças, conhecendo-as de forma detalhada. “Um dos rapazes da retífica, citando o fato de já conhecermos o material de trabalho e os clientes, propôs montarmos uma loja”, lembra o entrevistado.
Nessa pequena loja Rocha atuou como balconista, estoquista, separador e comprador durante três anos. Tais atividades o prepararam para a abertura de seu próprio negócio. “Mesmo nesse momento não deixei de ser balconista, pois durante quase dois anos era eu quem realizava todas as atividades da empresa. Me lembro que nessa época eu não tinha fim de semana ou feriado, sempre focado em melhorar a loja; após este período é que consegui contratar funcionários para cada setor e comecei a cuidar apenas da compra e do financeiro”.
Legado
A experiência de Roberto Rocha como balconista o capacitou para atuar como uma espécie de coach de seus próprios funcionários. Não são raras as vezes em que, como chefe, procura esclarecer os procedimentos diários da equipe citando exemplos do passado. Ele recorda uma dessas situações: “O cliente desejava um tubo d’água que estava vazando, tubo este que tem diversos modelos. Fomos até o carro para verificar o modelo correto”. Chegando ao veículo, Rocha observou que as mangueiras d’água estavam comprometidas e prontamente sugeriu ao cliente a substituição das mesmas. “Ele ficou contente e solicitou ao vendedor que verificasse o preço e disponibilidade de todas as mangueiras”, conta.
Mas o varejista aproveitou para observar ainda outros problemas com o veículo, inclusive em defeitos que demandavam peças que sua loja não vendia, o que resultou na indicação de outro varejo de confiança. “Passados seis meses, ele retornou à loja com outro carro recém adquirido, procurou o mesmo vendedor e solicitou que ele chamasse aquele rapaz que o tinha assessorado na compra anterior para fazer uma análise da necessidade de substituição de peças do novo veículo”.
Diferenças da função nos dias atuais
Para Roberto Rocha, a relação cliente-vendedor é muitomais desafiadora nos dias atuais. “O balconista hoje tem muita dificuldade em se preparar, pois no meu tempo não tínhamos tantos modelos de carros e um lançamento novo ficava no mercado por ‘dez anos’, hoje eles são muito frequentes e o número de peças e componentes cresce assustadoramente todo ano”, comenta.
Na contrapartida das dificuldades comparativas entre as funções do balconista antigamente com as da atualidade, Rocha cita a tecnologia como aliada no processo das vendas. “No meu tempo o balconista vendia, pegava a peça e embrulhava. Hoje a função do balconista é vender através do computador, ele pode consultar no seu cadastro se a peça está disponível e, em caso de dúvida, pode consultar online a aplicação junto aos fabricantes. Mas é importante salientar que mesmo hoje é necessário saber o que se está procurando”, conclui o empresário.

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