O risco que o futuro reserva -

O risco que o futuro reserva

As transformações em gestação são profundas e só será pego de surpresa quem optar pela alienação ou o negacionismo – afinal, as informações estão circulando e já há indicativos muito claros daquilo que vem pela frente e também das consequências.

Claudio Milan [email protected]

Perspectivas e tendências dominam a pauta de mais esta edição do Novo Varejo Automotivo, agora impulsionada pelo Seminário da Reposição, realizado presencialmente em outubro, na cidade de São Paulo.

Não é de agora que os eventos do mercado de reposição têm procurado investigar o futuro da mobilidade e, em consequência, do próprio setor. É claro que o que vem pela frente sempre nos interessa, mas o momento que vivenciamos é muito mais desafiador do que já foi um dia. A velocidade com que a digitalização avança tanto nos veículos quanto na gestão das empresas e, ao mesmo tempo, as transformações em curso nos hábitos do consumidor e na indústria da mobilidade como um todo antecipam a grande disrupção que já está a caminho. Basicamente, é disso que se trata o conteúdo que produzimos para a reportagem de capa desta edição. Extraímos os principais ensinamentos das palestras que focaram a inovação e transformamos em texto para que você também possa acompanhar os passos da evolução.

Desnecessário dizer que a leitura destas matérias é obrigatória para quem pretende continuar empreendendo no longo prazo. As transformações em gestação são profundas e só será pego de surpresa quem optar pela alienação ou o negacionismo – afinal, as informações estão circulando e já há indicativos muito claros daquilo que vem pela frente e também das consequências.

E é aí que mora o perigo. Como vimos no Seminário da Reposição Automotiva, o aftermarket independente será grandemente afetado pela popularização do carro conectado. Se as informações necessárias aos diagnósticos realizados pelas oficinas estão, hoje, armazenadas no próprio veículo, a conectividade fará com que esses valiosos dados sejam transferidos para o ambiente virtual conhecido como nuvem. E, como todos nós sabemos, a nuvem é um espaço privado em que só entra quem tem autorização do dono. No caso dos automóveis, o dono é a montadora e não o proprietário do automóvel, como seria natural.

A consequência disso é óbvia. Se nada for feito, não haverá como os reparadores independentes acessarem essas informações e a manutenção terá de ser feita nas concessionárias, estas sim autorizadas a navegar nas nuvens de suas respectivas marcas. Não é nenhum exagero, portanto, dizer que o mercado independente está sob risco – e um risco de proporções até aqui inéditas.

Diante deste cenário, torna-se cada vez mais indispensável a união do setor a partir de iniciativas como a Carta de Fortaleza, que originou a Aliança do Aftermarket. Daqui pra frente, será preciso ter muita representatividade para garantir os direitos das empresas e dos profissionais independentes. E, mais do que isso, o direto do consumidor à liberdade de escolha na hora de fazer a manutenção de seu veículo. Essa luta começa agora e você está convidado – não, convocado – fazer parte dela.


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