Pandemia promove mudança de paradigmas no varejo -

Pandemia promove mudança de paradigmas no varejo

“O varejo que emerge é totalmente diferente do pré-pandemia”, afirma Marcos Gouvêa de Souza, anfitrião do 9º Fórum Lide de Varejo e Marketing e fundador do Gouvêa Ecosystem

Lucas Torres [email protected]

Contando com a presença de nomes importantes do varejo brasileiro e mundial, o Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) promoveu em 13 de agosto a 9ª edição de seu fórum de Varejo e Marketing.

Como não podia ser diferente, o evento teve sua programação centrada na discussão das mudanças e acelerações impulsionadas pela covid-19 nas empresas do setor de comércio e serviços.

Logo na abertura do dia de apresentações e debates, o anfitrião do fórum – Marcos Gouvêa de Souza, fundador do Gouvêa Ecosystem – destacou que as alternativas encontradas pelos varejistas em busca da sobrevivência durante a crise sanitária deverão permanecer após o seu final, de modo que os próximos passos do setor serão dados na direção da criação de algo novo e não do retorno ao que constituía sua base no mundo pós-pandêmico. “O varejo que emerge é totalmente diferente do pré-pandemia.

A multicanalidade deu lugar ao conceito de ecossistema”, introduziu o executivo, antes de complementar: “Temos visto empresas varejistas expandindo seus negócios para áreas como educação, saúde e muito mais. Isso tem aumentado o protagonismo do setor e transformado o Brasil em um benchmark internacional com iniciativas como o PIX e o Open Finance (onde o Open Banking é figura importante, veja na página 38) atuando como propulsores”.

Figura carimbada nos eventos do LIDE, o ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, reforçou que essa revolução do varejo nacional tem partido, antes de tudo, dos consumidores

Para exemplificar essa influência da demanda, Furlan narrou as experiências que teve em comunidades indígenas e quilombolas no norte do país, locais onde a falta de uma conexão estável e veloz com a internet se apresentou como queixa principal.

Essa demanda dos consumidores por uma conexão mais fluida entre Nos outros três pontos de impacto da pandemia no setor de comércio e serviços que não estiveram ligados necessariamente a essa questão da demanda digital, o diretor da Inovasia citou: a tendência de uma retomada veloz do consumo impulsionada pelo grande período de privação; maior valorização das questões relacionadas à saúde e à sustentabilidade; e o estreitamento da ligação entre consumidores e comércio local, seja por um viés de solidariedade com a economia do bairro ou pela conveniência da compra. – Exigência pelo ‘sametime delivery’ será cada vez mais comum Segundo o diretor da Inovasia, evolução da logística de empresas que passaram a entregar produtos comprados online em até duas horas após o pagamento, coloca enorme pressão no segmento. Já que os consumidores têm passado a ver esta prática como referencial. – Pagamento digital obrigatório Há muito a falta de uma ‘maquininha’ de pagamento já faz o varejista perder vendas. Daqui em diante, no entanto, isso poderá não ser mais suficiente. Assim, não oferecer formas adicionais e versáteis de pagamento digital – do Pix ao WhatsApp Pay – podem implicar em perda de vendas. – Late adopters não retornarão para o offline Zmoginski afirma que a pandemia foi responsável por impulsionar diversos consumidores, inclusive idosos, a realizarem suas primeiras compras online. Segundo ele, este movimento não tem demonstrado tendência de regressão a partir da retirada das restrições – de modo que Legados da pandemia deixados pelo estreitamento da relação consumidor-digitalização os meios digitais e físicos enfatizada pela pandemia foi tema de umas apresentações de maior destaque no evento – a de Felipe Zmoginski, diretor da Inovasia, empresa focada na educação empresarial de executivos brasileiros a partir da exploração das experiências de inovação surgidas e consolidadas no mercado asiático

Em cinco dos oito pontos apontados legados da pandemia para o varejo brasileiro, Zmoginski pontuou questões relacionadas à mudança de demanda dos consumidores em relação à digitalização:

Legados da pandemia deixados pelo estreitamento da relação consumidor-digitalização

– Exigência pelo ‘sametime deliveryserá cada vez mais comum Segundo o diretor da Inovasia, evolução da logística de empresas que passaram a entregar produtos comprados online em até duas horas após o pagamento, coloca enorme pressão no segmento. Já que os consumidores têm passado a ver esta prática como referencial.

– Pagamento digital obrigatório

Há muito a falta de uma ‘maquininha’ de pagamento já faz o varejista perder vendas. Daqui em diante, no entanto, isso poderá não ser mais suficiente. Assim, não oferecer formas adicionais e versáteis de pagamento digital – do Pix ao WhatsApp Pay – podem implicar em perda de vendas.

– Late adopters não retornarão para o offline

Zmoginski afirma que a pandemia foi responsável por impulsionar diversos consumidores, inclusive idosos, a realizarem suas primeiras compras online. Segundo ele, este movimento não tem demonstrado tendência de regressão a partir da retirada das restrições – de modo que as compras online seguirão mantendo um patamar elevado de relevância na comparação com o período pré-pandêmico.

– Oferecer opções sem contato será visto como diferencial Para o especialista, a pandemia – ainda que tenha um final prático – deixará hábitos e temores residuais na população. De modo que oferecer pontos de venda físicos nos quais o consumidor não tem de se relacionar com vendedores, podendo realizar suas compras em totens de autoatendimento, passará a ser visto como diferencial.

– Live commerce veio para ficar No último item da lista das novas demandas do consumidor surgidas com o avanço digital obrigatório propiciado pela pandemia, Zmoginski aponta o live commerce como uma modalidade de venda promissora daqui em diante. Segundo ele, as vendas de produtos em meio a ‘Lives online’ movimentaram US$ 135 bilhões em 2020 no varejo mundial – indicando uma tendência que não se reverteu com o arrefecimento da pandemia e das regras de distanciamento.

Nos outros três pontos de impacto da pandemia no setor de comércio e serviços que não estiveram ligados necessariamente a essa questão da demanda digital, o diretor da Inovasia citou: a tendência de uma retomada veloz do consumo impulsionada pelo grande período de privação; maior valorização das questões relacionadas à saúde e à sustentabilidade; e o estreitamento da ligação entre consumidores e comércio local, seja por um viés de solidariedade com a economia do bairro ou pela conveniência da compra.

Comércio de bairro ganha relevância

O VP de comunicação e sustentabilidade do Carrefour, Stéphane Engelhard, salientou o aumento dos esforços da gigante do varejo mundial na busca por parcerias que permitam à empresa estar presente nessas relações mais cotidianas de consumo. “Isso tem ficado muito claro pra gente. Estamos percebendo um consumidor mais consciente em relação ao comércio local”, colocou. Além de demandar do Carrefour maneiras criativas de deixar a imagem de ‘hipermercado’, este novo cenário serviu ainda para a multinacional chegar à conclusão de que – embora uma revolução digital dos processos e pontos de contato seja indispensável –, o foco nas lojas físicas não deve ser abandonado por completo. “Na nossa empresa não se fala mais sobre as lojas físicas desaparecerem. Elas convivem com o ambiente digital. O caminho agora é o de oferecer uma gama cada vez mais diversa de serviços para os consumidores. Temos feito isso enfatizando o trabalho de nossa fintech financeira, com o varejo e nossas relações B2B.

Nossa ideia é apostar em um ecossistema amplo”, pontuou Engelhard, como que ensejando o próximo grande-tópico do evento: o ecossistema como modelo organizacional buscado pelas grandes empresas do setor.


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