Quais são os planos de sua empresa para 2017? Se o leitor ainda está consultando o cérebro à procura de uma resposta, está mais do que na hora de se debruçar sobre uma ferramenta indispensável para qualquer negócio: o planejamento estratégico.
É por meio dele que empresários de sucesso em todo o planeta conseguem desenhar um panorama completo do lugar onde a empresa se situa em seu nicho de mercado e projetam – a partir disso – seus novos passos.
De acordo com o consultor do Share Marketing Group, Evandro Tenca, o planejamento estratégico possibilita que as empresas assumam um controle maior sobre seu próprio destino e minimizem a influência das incertezas do cenário externo, algo fundamental sobretudo em momentos de crise como o atravessado pelo nosso país.
Formado em administração de empresas pela Universidade de São Paulo e mestre em marketing pela Faculdade Getúlio Vargas, Tenca afirma que uma estratégia detalhada possibilita ao empresário a manutenção da sustentabilidade e a projeção de um crescimento tangível do negócio independente do mau momento brasileiro.
“Tudo isso se dará, através do ajuste de três grandes categorias decisórias: a gestão de portfólio de produtos, negociação e acordos com a cadeia de fornecedores e adequar a comunicação para situação do mercado. A empresa varejista que fizer os ajustes adequados nestas atividades chave terá crescimento”, garante.
A entrevista contém ainda dicas para empresas familiares que desejam adotar uma administração mais profissional e se encerra com uma mensagem de motivação para todos aqueles que – quase que de forma inevitável – caminham a passos inseguros nesse nevoeiro de dúvidas em que se encontra a economia nacional.
Novo Varejo – Qual a importância do planejamento estratégico para o ‘meio controle do destino’ da empresa. Ou torna-la menos exposta às mudanças do cenário externo, de modo a atingir resultados mais previsíveis?
Evandro Tenca – O Planejamento estratégico é a ferramenta prioritária para qualquer empresa que queira controlar o seu destino. Ele torna factível o uso de recursos existentes agora para projetar e atingir um cenário futuro desejável, baseado no ambiente onde a empresa se encontra. Em um cenário de crise e de mudança é bastante importante que as empresas façam uma boa avaliação das tendências e ajustem toda a sua operação para se preparar para as ameaças desse ambiente e, mais importante, aproveitar as inúmeras oportunidades que uma mudança de cenário gera para todos os negócios. É interessante observar que neste momento de crise onde as famílias estão com uma renda menor, as empresas de varejo que adaptam mais rapidamente o seu portfólio de produtos conseguem aumentar seu faturamento.
NV – Quais são as principais etapas do planejamento estratégico?
ET – As etapas clássicas de um planejamento estratégico são:
- Análise dos recursos e características do negócio atual;
- O estudo do cenário e das tendências de médio e longo prazo – onde a empresa está inserida;
- Análise do setor de negócios onde a empresa está e quais são suas características;
- Estudo das oportunidades apresentadas em relação aos recursos e tendências do setor;
- A definição de objetivos de curto, médio e visão de longo prazo;
- O desenho da estratégia da empresa – como a empresa irá usar suas atividades internas para gerar valor para seu mercado;
- O desenho de planos de ação para colocar sua estratégia em prática e um orçamento destinado a ser executado baseado nesta estratégia.
NV – De quando em quando se deve renová-lo? O início do ano é um bom momento para revisar suas diretrizes?
ET – O ideal é que as empresas façam o seu planejamento estratégico entre novembro e dezembro para iniciar o ano com ele já pronto. Mas o início do ano, por causa de suas características, também é um bom momento para iniciar o planejamento.
NV – De que maneira empresas familiares – que nem sempre têm com administradores com experiência nesse expediente – podem contar com a ajuda de consultorias sem, no entanto, ter de fazer um investimento acima de suas possibilidades?
ET – As empresas familiares podem contar com consultorias que as ajudam a desenvolver o planejamento estratégico. Existem vários formatos possíveis para se desenhar uma consultoria de planejamento estratégico completo, com pesquisa de mercado inclusive. Até um modelo que chamamos de coaching estratégico, que é feito de forma mais gradual e visa, junto com os administradores do negócio, desenhar o planejamento estratégico da empresa. É tudo uma questão de se criar um modelo adequado.
NV – Qual a visão do SMG sobre a conscientização do varejo nacional sobre o caráter fundamental de uma gestão e um planejamento estratégico? Os empresários do setor já possui uma consciência da quase impossibilidade de uma boa administração sem fazer uso dessas ferramentas?
ET – O setor varejista brasileiro é muito heterogêneo. Na maioria os varejistas são pequenos e lidam com seu dia-a-dia na tentativa e erro. Porém estão muito próximos do mercado, pois esta é uma necessidade de sobrevivência. O que falta para eles é uma visão de longo prazo que possibilite usar melhor o seus recursos. Isto só se faz através do planejamento estratégico. De manejar geral, a ferramenta do planejamento estratégico poderia, sim, ser mais utilizada pelo varejo nacional em busca de maior competitividade. Isso faria muita diferença.
NV – Com que frequência o SMG é procurado por varejistas?
ET – O SMG não é procurado com tanta frequência por varejistas. Cerca de 20% das nossas consultas para consultoria são de varejistas. Este número poderia ser muito maior.
NV – Em tempos de crise, de maneira geral o foco do planejamento deve ser direcionado na manutenção da sustentabilidade do negócio ou é possível planejar um crescimento tangível?
ET – As duas coisas. Primeiro, o principal objetivo é a sustentabilidade do negócio. Passando este objetivo é possível planejar um crescimento tangível. Tudo isso se dará através do ajuste de três grandes categorias decisórias: a gestão de portfólio de produtos, negociação e acordos com a cadeia de fornecedores e adequar a comunicação para situação do mercado. A empresa varejista que fizer os ajustes adequados nestas atividades-chave terá crescimento.
NV – Após o planejamento e implantação da estratégia empresarial, é possível que o varejista possa administrar os resultados e variantes por conta própria ou é preciso que o acompanhamento da consultoria seja constante? De que forma isso pode encarecer a relação entre os dois?
ET – Após o planejamento, que é uma etapa de organização, é imprescindível que exista um acompanhamento da consultoria na implantação deste planejamento. Isto é importante pois sabemos que o dia a dia dos gestores tende a ser muito operacional e é necessário que alguém faça uma contraparte e ajude o empreendedor no pensamento e gestão estratégica de seu negócio. O SMG possui diversos formatos que podem ser interessantes para os varejistas em geral: projeto de Planejamento Estratégico – com começo, meio e fim – para se desenhar um planejamento estratégico com as etapas citadas anteriormente; Acompanhamento Estratégico (coaching estratégico), com um valor fixo mensal baseado em reuniões e análise e relatórios onde o SMS acompanha a empresa no desenho e implantação da sua estratégia. Ambos os formatos são adaptados à necessidade da empresa e sua capacidade de pagamento versus a complexidade de sua demanda.
NV – Que mensagem de motivação é possível transmitir aos varejistas nesse cenário nebuloso da economia nacional?
ET – Sabemos que a crise que vivemos hoje é bastante intensa. É preciso ter persistência. A persistência é a chave para o sucesso em qualquer negócio e você só tem persistência se tiver visão de longo prazo e souber aonde quer chegar. Pense nisso: você sabe aonde quer chegar com sua empresa e onde você vai estar daqui a cinco anos? Baseado nisso, crie sua estratégia e se mova nesta direção. Não se deixe abater por nenhum obstáculo até atingir sua meta. Isto será o seu Norte. A crise existe porque as pessoas estão sem dinheiro e estão endividadas, mas ainda é preciso comer, se vestir, comprar coisas para a vida. O que as pessoas fazem é escolher a melhor combinação de custo-benefício que as atenda neste momento difícil. Todo varejista pode alterar três elementos que farão diferença para as pessoas e para seu negócio: portfólio de produtos, negociação com a cadeia de fornecedores e a comunicação adequada que faz o público melhorar a percepção de que ele tem a solução para os seus problemas – isso vai fazer com que você aumente seu faturamento.