Porto congestionado nos EUA agrava crise logística -

Porto congestionado nos EUA agrava crise logística

Quase 80 mil contêineres de carga estão empilhados em várias configurações no porto de Savannah, na Geórgia (sudeste dos Estados Unidos). São 50% a mais que o número habitual.

Folha de S. Paulo

Quase 80 mil contêineres de carga estão empilhados em várias configurações no porto de Savannah, na Geórgia (sudeste dos Estados Unidos). São 50% a mais que o número habitual.

As caixas de aço esperam por navios para levá-las até seus destinos finais ou caminhões para transportá-las até armazéns, os quais já estão abarrotados. Cerca de 700 contêineres foram deixados pelos donos no porto, às margens do Rio Savannah, há um mês ou mais.

É o que acontece na grande disrupção da cadeia de suprimentos: estão ficando sem espaço para colocar as coisas no terceiro maior porto de contêineres dos Estados Unidos, no sudeste do país. O problema também afeta diretamente o comércio no Brasil.

Enquanto os principais portos enfrentam um acúmulo inacreditável de carga, o que um dia pareceu um fenômeno temporário —um congestionamento que acabaria se dissolvendo— é cada vez mais visto como uma nova realidade que poderá exigir um remodelamento substancial da infraestrutura mundial de frete marítimo.

Filas se tornaram comuns no mundo todo, dos mais de 50 navios emperrados no Pacífico perto de Los Angeles na semana passada a números menores que boiavam perto de terminais na região de Nova York e centenas à espera em portos da China.

O turbilhão na indústria de navegação e a crise geral nas cadeias de suprimentos não estão dando sinais de diminuir. Representam uma constante fonte de preocupação para toda a economia global, desafiando suposições antes esperançosas de um retorno vigoroso do crescimento quando as vacinas reduzissem a disseminação da pandemia.

Na superfície, o transtorno parece ser uma série de faltas de produtos entrelaçadas. Como os contêineres de carga estão escassos na China, fábricas em todo o mundo que dependem de peças e produtos químicos chineses tiveram de limitar sua produção.

Mas a situação no porto de Savannah confirma que há uma série mais complexa e insidiosa de problemas sobrepostos. Não é apenas a escassez de produtos. É que os produtos estão parados nos lugares errados e separados de onde deveriam estar por barreiras persistentes e em constante mudança.

A falta de produtos acabados no varejo representa o outro lado dos contêineres empilhados em navios parados no mar ou nas margens de rios. O acúmulo nos armazéns é em si um reflexo da escassez de motoristas de caminhão necessários para transportar os produtos a seu próximo destino.

No início deste ano, enquanto os preços do frete disparavam e os contêineres escasseavam, o problema foi amplamente considerado um resultado momentâneo dos lockdowns por causa da pandemia. Com escolas e escritórios fechados, os americanos estavam se abastecendo de equipamentos para escritórios e academias de ginástica domésticos, contando muito com as fábricas da Ásia. Quando a vida recomeçou, a navegação global deveria ter voltado ao normal.

Mas seis meses depois o congestionamento piorou, com quase 13% da capacidade de carga marítima mundial prejudicada por atrasos, segundo dados reunidos pela Sea-Intelligence, firma de pesquisas do setor na Dinamarca.

Muitas companhias hoje assumem que a pandemia alterou fundamentalmente a vida comercial de maneira permanente. Pessoas que talvez nunca comprassem alimentos ou roupas pela internet— especialmente idosos— pegaram o gosto pela conveniência, forçados a se adaptar ao vírus mortal. Muitas provavelmente conservarão o hábito, mantendo a pressão sobre a cadeia de suprimentos.


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