Presidente do Sindirepa Nacional e do Sindirepa-SP, Antonio Fiola afirma que fluxo normal dos elos da cadeia precisa ser respeitado -

Presidente do Sindirepa Nacional e do Sindirepa-SP, Antonio Fiola afirma que fluxo normal dos elos da cadeia precisa ser respeitado

A reportagem do Novo Varejo foi saber do presidente do principal sindicato representante dos reparadores brasileiros sua percepção sobre o aumento da atuação das oficinas na venda de peças e sobre como essa conjuntura pode impactar a cadeia do aftermarket. Confira:

Novo Varejo – Os varejistas argumentam que os reparadores têm feito inscrição estadual como ‘centros automotivos’ para adquirir peças direto dos distribuidores e, posteriormente, vender para seus clientes com margem de lucro eventualmente superior à dos serviços. O fato não é necessariamente novo, mas se configura ainda em tendência?

Antonio Carlos Fiola O mercado hoje passa por muitas transformações. Apesar de o Sindirepa representar os centros automotivos não concorda com práticas comerciais abusivas ou que ferem, de alguma forma, a cadeia tradicional do setor de reposição que contém os elos fábrica, distribuição, varejo e oficinas. A entidade, que também representa as oficinas mecânicas e de colisão, preconiza o respeito entre os elos da cadeia. A maioria das oficinas tem parceiros no varejo há anos e relacionamentos bem consolidados.

 

NV – Outra tendência que tem sido debatida é o varejo com serviços agregados. No nordeste isso é comum, mas algumas lideranças defendem a pertinência desse modelo como uma evolução das lojas. De que maneira essa prática pode impactar o elo dos reparadores?

ACF – Isso vai gerar aumento de concorrência para os dois lados: varejos e centros automotivos. Nessa disputa, os preços vão ser empurrados para baixo e quem leva a melhor é o consumidor, que poderá pesquisar e buscar as melhores condições. Para o negócio em si, a gestão fica mais difícil para o varejo porque também vai agregar um serviço que não domina e isso gera mais custos em treinamento e mão de obra. Outro ponto importante é que tecnicamente o mecânico tem mais tradição no serviço. Enfim, pode ser uma saída interessante num primeiro momento e se tornar um problema depois.

 

NV – Tradicionalmente, os reparadores são vistos como parceiros e principais clientes dos varejistas. A flexibilização que vem ocorrendo na cadeia tem gerado uma quebra nessa relação?

ACF – São grandes parceiros dos reparadores como disse anteriormente. Isso deve continuar assim, pois para os donos de oficina não compensa ter estoque de peças para empatar dinheiro, sendo que ele nem sabe que veículo vai atender no dia seguinte. O varejo oferece todo o suporte ao reparador que faz compras fracionadas e vários pedidos no mesmo dia. Ele sabe que a peça vai chegar, confia na loja e pode contar com atendimento em caso de garantia. Isso é primordial para que ele possa atender a demanda de veículos de marcas e modelos diversificados que chegam na oficina. Como o varejo está pulverizado e possui produtos das curvas A, B e C, o reparador tem a segurança de que vai encontrar em um menor tempo, oferecendo também agilidade na execução dos serviços na oficina.

 

NV – Como promover e consolidar um cenário de cooperação que possa beneficiar tanto varejistas quanto reparadores?

ACF – Essas questões de mercado são muito abrangentes e complexas. Existem várias situações, principalmente em um momento que o setor vive mudanças tecnológicas e comportamentais do consumidor. Estamos passando por um período em que até o uso do veículo é discutido e questionado, situações como essas entre varejistas e centros automotivos são reflexos de um mercado que está em transformação e altamente concorrido. É semelhante aos negócios conhecidos como ‘atacarejos’, que mesclam distribuição com varejo. Acho que não é uma tendência que o mercado seguirá esse caminho, mas haverá empresas que adotarão o modelo de vender e aplicar, não temos como fugir disso.


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