Primeira diretoria do Sincopeças-BR toma posse no Ceará -

Primeira diretoria do Sincopeças-BR toma posse no Ceará

Ranieri Leitão exercerá a presidência da entidade nacional até 2018 com a proposta de unir forças e contribuir com a evolução da gestão nas empresas do segmento

 Claudio Milan

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A criação de uma entidade nacional reunindo os Sincopeças de todo o Brasil vem integrando a pauta do mercado de reposição já há alguns anos. A concretização da proposta ocorreu em agosto, durante a Autop 2016, realizada em Fortaleza (CE). A cerimônia de inauguração da feira também foi marcada pela posse da primeira diretoria do Sincopeças-BR, que cumprirá mandato até 2018. À frente da gestão está Ranieri Leitão, presidente do SSA – Sistema Sincopeças e Assopeças do Ceará. “Para formalizar a posse nós esperamos pela efetivação do estatuto da entidade. A partir de então, vamos fazer um trabalho para dinamizar todo o setor. A nossa ideia é unir forças”, anunciou Ranieri em entrevista exclusiva ao Novo Varejo.

Quais são suas propostas à frente do Sincopeças-BR?

A nossa ideia primeira é melhorar os Sincopeças nos estados em que já estão atuantes, e fazer com que eles encontrem um caminho para representar verdadeiramente o setor em seus estados. Pretendemos também criar os Sincopeças nos estados que ainda não têm a entidade formalizada.  E a única forma de viabilizarmos isso é através da compreensão e da sensibilização dos empresários do setor e da mídia do segmento Brasil afora. Temos algumas ações a serem implementadas pelo Sincopeças Brasil para melhorar e fortalecer o setor, mas isso não ocorre a toque de caixa.

Como foi o processo de gestação do Sincopeças-BR em face do tamanho do país e dos diferentes interesses regionais a serem atendidos?

Nós tínhamos um sonho e esse sonho virou realidade. Mas nós, primeiro, procuramos conversar, nos entender, até porque a proposta era formar uma associação com abrangência nacional, que congregasse todos os sindicatos do Brasil. Foi quando decidimos unificar todas as entidades sob um mesmo nome. Em muitos estados havia um nome diferente. Nós unificamos a nomenclatura e a partir daí a ideia começou a ganhar força e criar corpo. Eu sempre sugeri que acabássemos com o orgulho, com as vaidades, porque só crescemos desse jeito. Tivemos esse entendimento e, felizmente, estamos percorrendo um caminho agora. E daqui pra frente é trabalho em prol do setor.

Quais são as primeiras ações a serem implementadas pela entidade nacional?

As primeiras propostas são melhorar a gestão dos Sincopeças e, nos estados em que eles não existem, formalizar essas entidades.

Que demandas mais importantes dos varejos de autopeças precisam ser atendidas?

O varejo está bem, mas é preciso promover mudanças estratégicas no segmento. A loja que era só varejo no passado precisa entender que vai ter que ser varejo e serviços. Do contrário, vai sucumbir. Porque a sociedade pede isso, os clientes pedem isso, os proprietários de veículos pedem isso. Ela tem que agregar a venda de autopeças com a venda de serviços.

Uma das questões fundamentais para o mercado de reposição independente é a necessidade de fortalecer a representatividade do setor junto aos poderes da República para a defesa dos interesses legítimos do aftermarket. Como o Sincopeças Brasil pretende atuar em relação a essa demanda?

Eu tenho dito isso constantemente. Nós temos que entender que a gente não vai a lugar algum se não seguirmos de mãos dadas com um político sério, transparente, que possa nos representar. Uma coisa é ser empresário, outra é ser empresário e estar “protegido” de uma forma adequada por uma base política. Por isso que eu digo que todo presidente de Sincopeças precisa ter em seu estado alguém em quem ele possa confiar politicamente e possa ajudá-lo a resolver seus problemas no setor. Não dá para a gente resolver tudo sozinho. A propósito disso, trouxemos para a Autop 2016 o deputado federal Antonio Balhmann, que é o político que a gente abraça carinhosamente e ajuda a eleger também. Fazemos ele entender que estamos com ele em todos os sentidos, a gente não fica em cima do muro, é um e é aquele ali.

O trabalho do Sincopeças do Ceará é marcado por uma série de ações, inclusive educativas, em benefício do varejo. De que forma essa experiência regional será aproveitada pela entidade nacional?

Eu tenho dito a meus companheiros de Sincopeças que temos a disponibilidade de ajudá-los a implantar em seus estados todas as ações que realizamos aqui. As conexões com os governos e com os outros setores da economia, porque uma coisa está atrelada à outra. Por exemplo, nós temos um projeto muito bonito com o governo do estado do Ceará. O então governador Cid Gomes criou várias escolas profissionalizantes e nos chamou para interagir e hoje nós estamos dentro dessas escolas com um curso de manutenção automotiva formando mecânicos com mentalidade diferente, falando inglês, falando espanhol, adquirindo conhecimento em física, química e matemática. Esses são os mecânicos do futuro. E eu não cuido apenas do varejo. Aqui nós cuidamos do distribuidor, do atacadista, das lojas, das oficinas, dos setores de pneus, baterias, som e acessórios, linha leve e linha pesada. Não é que eu queira passar por cima, nos outros estados, de outras entidades de classe. Mas alguém tem que cuidar. Se fulano não está querendo cuidar vamos nós então para poder fazer o time crescer porque nós somos uma cadeia. Temos que proteger a fábrica? Temos que proteger também. Quer vender no Brasil? Vem se instalar no Brasil. Na Autop você não vê estandes chineses. Quiseram comprar metade do pavilhão. Eu não vendo. Aqui é para a fábrica que está dentro do Brasil. O distribuidor quer vender para o Ceará? Venha para o Ceará vender, coloca uma unidade aqui, vem ajudar o Ceará a progredir, a crescer, venha gerar emprego aqui. É só assim que a gente vai crescer.

Qual é a sua mensagem para o varejista de autopeças?

Eu gostaria de dizer para os varejistas do Brasil todo que tenham esperança, que estejam motivados, sejam otimistas porque nós estamos inseridos em um dos melhores setores econômicos que existe. Então, por favor, não pendam para o lado da crise, da desmotivação, vamos inovar, a hora é de inovação. Está difícil? Inove que dá certo. E o melhor conselho que eu dou para o varejista é que ele se proteja através de uma gestão eficiente. É uma das questões que eu mais vou cuidar Brasil afora. É fazer com que as pessoas entendam que é preciso melhorar a gestão dos varejos de autopeças em todo o país.

Como se inova no varejo de autopeças?

Tirando o balcão, deixando o cliente mais a vontade, agregando novos produtos que tragam valor para o negócio, melhorando a gestão, respeitando as regras tributárias e pagando os impostos, controlando a empresa na mão. E se inova, especialmente, fazendo as mudanças necessárias, como, por exemplo, implementando serviços.

O varejo com serviços agregados funciona bem especialmente em determinados estados do nordeste, mas em outras regiões é uma proposta polêmica.

Mas é o caminho. Os centros automotivos hoje vendem mais peças do que serviços. É o que gera mais escala, 60% é venda de peças nesses estabelecimentos. É preciso abrir a cabeça. Isso é uma inovação, não podemos fechar as portas para isso.


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