Folha de S. Paulo
Abalada pelo aumento de custos e pelas restrições no mercado consumidor, a produção industrial brasileira recuou 0,2% em novembro de 2021, na comparação com outubro. É a sexta queda consecutiva do indicador, apontou nesta quinta-feira (6) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na visão de analistas, o resultado representa mais um sinal de fragilidade da economia na reta final do ano passado.
Com o desempenho negativo, a produção industrial ficou 4,3% abaixo do patamar pré-pandemia, verificado em fevereiro de 2020.
O dado de novembro veio em nível inferior ao esperado pelo mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 0,1%.
De acordo com o IBGE, a produção das fábricas acumulou alta de 4,7% no ano passado, até novembro. Em 12 meses, houve crescimento de 5%. As taxas, contudo, já foram maiores durante a pandemia.
O decréscimo de 0,2% na passagem de outubro para novembro de 2021 foi acompanhado por 12 dos 26 ramos pesquisados na indústria.
As influências negativas mais importantes vieram das atividades de produtos de borracha e material plástico (-4,8%), que perderam toda a expansão acumulada em setembro e outubro (3,5%), e metalurgia (-3%), que amargou a terceira queda consecutiva, acumulando perda de 7,7% no período.
Outras contribuições negativas relevantes foram de produtos de metal (-2,7%), bebidas (-2,2%), coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,6%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-4,5%) e produtos diversos (-4,5%).
Mesmo com o processo de reabertura da economia, após restrições maiores para frear a Covid-19, a produção industrial passou a emitir sinais de fragilidade no país.
Na série do IBGE, o último registro de seis meses consecutivos de quedas havia sido em 2015. À época, a economia brasileira atravessava período de recessão.
Nos 11 meses de 2021 com dados disponíveis, a produção industrial recuou em nove. Só houve crescimento na margem em janeiro e maio.
Das 26 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE, 18 apresentam nível de produção inferior ao registrado no pré-pandemia. Só oito ficaram acima em novembro.
A escassez de insumos ainda é apontada como um problema que atinge parte das fábricas. O ramo automotivo está entre os mais afetados pela situação. A falta de componentes é associada à pandemia, que desarticulou cadeias globais de fornecimento.
Para complicar o quadro, a escassez tem sido acompanhada pelo aumento de preços. Em novembro de 2021, a inflação da indústria foi de 1,31%, de acordo com o IPP (Índice de Preços ao Produtor).
O índice também é calculado pelo IBGE. Em 12 meses, a disparada do IPP foi de 28,86%. O indicador mede a variação dos preços na porta de entrada das fábricas, sem o efeito de impostos e fretes.