Propósito começa com os colaboradores -

Propósito começa com os colaboradores

Para Abílio Diniz, gente ou processos são as únicas causas possíveis para os erros nos negócios

Definir um propósito na cúpula de uma empresa, sobretudo varejista – em que os colaboradores estão em constante contato direto com o consumidor – não é uma ação definitiva e arbitral. É preciso fazer com que esse propósito crie raízes profundas na cultura da empresa de modo que ele seja diariamente praticado e perseguido por cada um dos colaboradores.

Segundo o empresário Abílio Diniz – que transformou a modesta Doceria Pão de Açúcar do pai em uma das maiores redes de supermercados do Brasil – se algo está dando errado no seu negócio só há duas causas possíveis: gente ou processo. Processo você compra e copia com tecnologias e consultorias; gente é mais difícil – é preciso selecionar as pessoas certas, treiná-las de maneira incessante e fazer um esforço diário para mantê-las felizes.

“Passei minha vida toda copiando o Walmart, muita gente na verdade tentou fazer isso. Foram as pessoas que fizeram a diferença pra dar certo. Muita gente se pergunta: por que não dá certo, estou com todos os processos espelhados, todas as estratégias? A resposta é simples: gente”.

De acordo com o sócio-proprietário do Outback Steakhouse, Rodrigo Moreno, é fundamental que todos os colaboradores adquiram um “sentimento de pertencimento”, de modo que exerçam diariamente um olhar de sócio, ao procurar apresentar soluções engajadas com a visão macro da empresa. “No Outback temos nossos princípios e crenças escritos em uma cartilha e o colaborador tem a liberdade de utilizar seu feeling na hora de aplicação. Não queremos robôs, treinamos nossos colaboradores para ler e reagir a todas as situações de forma humana, pois nada substitui o efeito que um atendimento humanizado provoca na experiência do consumidor”, relata.

Moreno conta que, a partir do momento em que o colaborador adquire este sentimento de pertencimento, ele passa a ser uma extensão do propósito da empresa, de tal maneira que a simbiose entre empresa e colaborador é tanta que não raramente os colaboradores ouvem comentários como, “nossa, você é a cara do Outback”.

“O colaborador tem de carregar a identidade da empresa, acreditamos que esse é o modelo ideal. Não sendo assim, de que vale um planejamento estratégico, uma definição de valor-missão-propósito, se toda essa teoria não é incorporada e aplicada pelas pessoas da empresa?”, questiona o executivo, antes de finalizar: “A combinação entre equipe completa mais equipe treinada permite o sucesso da aplicação do propósito de fato. Para isso é preciso diminuir o turnover de funcionários, o que impacta diretamente na diminuição do turnover dos clientes”.


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