Proposta de norma ABNT sobre garantia pode ser encaminhada para consulta até o fim do ano -

Proposta de norma ABNT sobre garantia pode ser encaminhada para consulta até o fim do ano

Original de 2016, proposta do GMA ainda está em etapa de discussões preliminares. Lacuna deixa varejistas em situação vulnerável

Por Lucas Torres ( [email protected])

Poucos temas no âmbito da reposição automotiva independente são capazes de angariar um descontentamento tão uniforme dos diferentes elos da cadeia de negócios do setor quanto a substituição das autopeças em garantia.

O varejo e os distribuidores se queixam da falta de suporte da indústria em relação a uma resposta mais rápida sobre o laudo de diagnóstico da causa do defeito do componente e a possibilidade de substituição ou não do produto devolvido.

A indústria, por sua vez, aponta para os constantes erros dos reparadores na aplicação da peça – fator visto pelos fabricantes como principal causador da devolução de produtos avariados.

Já os reparadores reclamam da ausência de instruções nas embalagens a respeito dos procedimentos cada vez mais específicos de aplicação das peças.

Cientes do problema, as entidades representativas do mercado de manutenção buscam, há pelo menos três anos, um caminho formal que contribua com a solução para esse problema. Durante o Seminário da Reposição Automotiva de 2016, o diretor de relações institucionais do Sindirepa-SP, Sergio Alvarenga, destacou o trabalho do Grupo de Manutenção Automotiva (GMA) junto à ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas para a criação de uma norma que regulasse de forma simples e objetiva procedimentos e responsabilidades de cada um dos elos nas questões de garantia.

Pelo fato de a iniciativa ter partido do GMA, que tem como seus fundadores as entidades Sindipeças, Andap, Sincopeças e Sindirepa – representantes respectivos de indústria, distribuição, varejo e reparação – em muitos criou-se a expectativa de que formatação da norma tivesse trâmite acelerado, por contar com a vontade de todos os players envolvidos na questão.

Porém, a criação de uma norma técnica envolve uma série de processos, o que faz com que o processo nem sempre transcorra na velocidade desejada. De 2016 para cá, o projeto envolvendo a garantia em autopeças ainda não saiu da fase de discussões preliminares.

Ouvido pela reportagem do Novo Varejo, Alvarenga afirma que a lentidão se deve à necessidade de esgotamento do tema junto aos elos envolvidos, de modo que se possa obter o maior número de sugestões e, por consequência, a versão mais aperfeiçoada possível da proposta que se transformará eventualmente em norma técnica ABNT.

“Este envolvimento da cadeia de valor se dá no sentido de que a indústria possa inserir em suas embalagens a respectiva NBR assim que publicada, assim como as mesmas que se refiram à substituição do produto em questão caso existam, além da NBR 15.681, que trata da qualificação do mecânico”, afirma o diretor do Sindirepa-SP. “Isso, se materializando, possibilitará a qualquer um que adquirir uma autopeça ter a informação de que o produto deve ser aplicado por profissional automotivo, conforme processo daquele produto e com garantia devidamente explicada, situação esta que permite tranquilidade jurídica à indústria, clareza e orientação ao consumidor leigo e disciplina e atenção por parte do profissional automotivo habilitado para tal”, completa.

Otimista quanto à concretização da proposta, Sérgio Alvarenga afirma acreditar que ela sairá do papel até o fim de 2019, sendo encaminhada para consulta pela ABNT.


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