Reparação vai à OMC por informações técnicas dos veículos -

Reparação vai à OMC por informações técnicas dos veículos

As oficinas independentes há praticamente três décadas têm buscado soluções para uma liberação gradual e responsável das informações técnicas dos veículos automotores para efeito dos reparos, dando, assim, o direito de livre escolha dos consumidores quanto ao local da manutenção de seus veículos, ou seja, na rede de concessionárias ou na rede independente.
Por Antonio Fiola*

O mundo não será o mesmo, pelo menos para a reparação de veículos no Brasil. As oficinas independentes há praticamente três décadas têm buscado soluções junto às montadoras de veículos e mesmo junto à ANFAVEA, entidade que congrega as mesmas, para uma liberação gradual e responsável das informações técnicas dos veículos automotores para efeito dos reparos, dando, assim, o direito de livre escolha dos consumidores quanto ao local da manutenção de seus veículos, ou seja, na rede de concessionárias ou na rede independente.

Desde 1990, com a abertura do mercado brasileiro a introdução de novas tecnologias incorporadas aos veículos, tem sido uma constante, não obstante o governo brasileiro, através de suas políticas automotivas, não ter contemplado com clareza as regras do aftermarket, havendo apenas participações tímidas e inconclusivas como foi o caso da certificação compulsória de autopeças, ou mesmo questões estritamente relacionadas à produção e não de pós- vendas, deixando um ambiente – que já era ruim com a Lei nº 6.729 de 28/11/1979, mas que timidamente melhorou com a Lei 8.132 de 26/12/1990 – pior por não contemplar os anseios de uma nova sociedade, ávida por liberdade de escolha, de opções.

É importante ressaltar o importante papel da rede de concessionárias para o bom funcionamento desta engrenagem da cadeia de valor, assim como suas responsabilidades no que tange à garantia do produto; no entanto, os pleitos nestas últimas três décadas tiveram a sensibilidade de respeitar os espaços e responsabilidades de cada um, ficando claro que o consumidor jamais aceitaria ficar retido por qualquer imposição, mesmo as tecnológicas como vemos fortemente hoje, mas sim pela excelência no atendimento, qualidade, pela oferta e prestação de serviços.

Logicamente temos notado alguma liberação gradual de informações técnicas por parte de algumas montadoras, mas, longe de atender a real necessidade. Podemos afirmar, por exemplo, que as marcas japonesas ainda são muito fechadas e sequer mantêm algum diálogo, mas o pior de tudo isto é que estas poucas liberações estão sempre vinculadas ao interesse comercial de suas autopeças junto à rede de concessionárias, sem qualquer viés de relação com o bem estar dos consumidores, sua comodidade, e aquelas marcas que simplesmente se fecham como as citadas devem conhecer que seu parque circulante não está sendo atendido na totalidade pela rede – com simples indicadores (quantidade de veículos vendidos / quantidade de concessionárias / tamanho do território brasileiro). Como ficam estes consumidores?

A telemetria e os últimos acordos automotivos que impactam nos países sul americanos têm trazido preocupações e alertaremos aos consumidores dos riscos de ficarem reféns de um único local para realizarem a manutenção de seus veículos. Quem são estas marcas?

Para isto as instituições patronais da reparação de veículos da Argentina, Brasil e Uruguai oficializaram tais práticas junto à OMC – Organização Mundial do Comércio, visto que as autoridades brasileiras, argentinas e uruguaias sempre que foram acionadas e pouco fizeram a respeito.

Desta forma as entidades destes três países se alinham aos responsáveis e valorosos esforços de entidades congêneres dos Estados Unidos e Europa na busca pela livre escolha dos consumidores no local de manutenção de seus veículos.

*Presidente do Sindirepa Nacional e Sinderepa-SP


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