Reparadores e varejistas na Automechanika de Frankfurt -

Reparadores e varejistas na Automechanika de Frankfurt

Levados à maior feira automotiva do mundo pela ZF, empresários do aftermarket contam o que viram no evento

E se você pudesse conferir in loco as principais novidades do universo das autopeças na maior feira do segmento no mundo? Pois é. É isso que a ZF propiciou a 30 empresas associadas à Rede Ancora no último mês de setembro. Em uma campanha que premiou os melhores resultados de seus parceiros, a empresa global levou 24 varejistas e 6 gestores de oficinas para a Automechanika Frankfurt 2024, na Alemanha.

Durante cinco dias, estes convidados tiveram a oportunidade de cumprir um cronograma repleto de momentos para trocas sobre suas principais dores, soluções, além de, claro, visitar os estandes da feira. De acordo com a Gerente Sênior de Comunicação, Excelência Comercial, Clientes e Estratégia da ZF América do Sul, Fernanda Giacon, as trocas feitas na ocasião estiveram longe de ser unilaterais. Ou seja, não foram só os ‘convidados’ que aprenderam durante as experiências. Segundo ela, conhecer tão de perto a realidade dos clientes acrescenta muito aos próximos movimentos e soluções criadas pela fabricante.

Além disso, Giacon reforça que o momento atual exige das marcas um zelo cada vez maior com o estreitamento da relação com os stakeholders, já que a crescente tendência por ‘consolidação’ no aftermarket reforça a importância da construção de parcerias que confiram sustentabilidade e solidez às empresas.

A fim de entender detalhes sobre a estratégia da ZF e, sobretudo, as percepções dos participantes da ação sobre a feira alemã, realizamos uma roda de entrevistas que, além de Fernanda Giacon, contou com os varejistas os varejistas Francisco Magno Carvalho, da BHM Diesel, de Belo Horizonte (MG); Ruan Lopes, da Divicar Autopeças, de Serra (ES); e o reparador Emerson James Bernardo, da Oficina MCAR, de Sorocaba (SP). Confira a seguir as entrevistas separadas por segmento.

VAREJO

 Novo Varejo – O que mais te chamou a atenção nesta visita à Automechanika 2024?

Ruan Lopes – Para mim, foi o fato de ser algo muito fora da realidade aqui do Brasil. Eu estou acostumado a ir, por exemplo, na Automec e na Autopar, e nada se compara ao que vi por lá em termos de estrutura. Se não me engano, havia 13 pavilhões.

Francisco Magno – O que me chamou a atenção foi a feira em geral. Foi tudo muito bom, o estande da ZF, as novidades e etc. Mas, se eu for destacar algo em específico, foi a oportunidade de trocar com as cerca de 30 pessoas que estavam conosco. Formamos um grupo muito coeso e tivemos trocas muito ricas sobre tecnologias e o cenário atual do mercado de autopeças.

Novo Varejo – E em termos de peças e novas tecnologias, algo saltou aos olhos?

Ruan Lopes – Sem dúvida. Nos deparamos com peças que não temos aqui, é outra realidade. Carros que aqui são totalmente mecânicos, lá eles possuem muita peça eletrônica. Mas, sabe de uma coisa? O que ficou muito marcado para mim foi que a maioria dos carros que vi andando nas ruas da Alemanha era a combustão e carros híbridos. Não vi muitos carros elétricos. A feira até teve esse foco de um jeito mais voltado aos elétricos do que as nossas feiras costumam ter, mas isso ainda não chegou na realidade do dia a dia.

Francisco Magno – Claro, a gente viu muitas coisas novas, como elas estão sendo aplicadas, quem está fabricando… Eu não consigo destacar uma coisa só, mas dá pra ver que muitas peças e equipamentos que eles têm lá, nós não temos ainda. Se você me permite, porém, queria falar algo que achei muito interessante. A feira estava muito voltada para nós, do comércio, e para os reparadores. Esse foi o grande foco da feira.

Novo Varejo – Na América do Sul, temos visto um avanço muito grande de marketplaces como o Mercado Livre, empresa que, inclusive, teve um espaço de destaque na Automechanika de Buenos Aires. Essa ofensiva das plataformas de e-commerce também foi destaque em Frankfurt? Ruan Lopes – Na feira em si eu não vi muito. Mas é interessante falar que os cinco mecânicos que foram conosco estão inseridos em uma espécie de marketplace criado pela ZF, chamado [pro] Parts. Nele, a ZF disponibiliza um portal de compra exclusivo para oficinas, fazendo uma espécie de meio de campo entre elas com varejistas e distribuidores. Isso nos mostra a força que esse mercado online tem ganhado.

Francisco Magno – Olha, eu sei que isso é uma coisa muito importante aqui para a América do Sul, mas lá eu não vi. Pode ser, claro, que tenha tido e eu não tenha prestado muita atenção. Mas, falando por mim, eu não vi isso com destaque algum na feira. Para falar um pouco de Brasil, nós que trabalhamos com pesado também não estamos convivendo tanto com esse avanço dos marketplaces e do e-commerce. Afinal, as peças exigem muita especificidade e isso complica um pouquinho. Mas é importante dizer isso: existe uma grande diferença do espaço que o online já tem nos leves em relação ao que ele tem nos pesados. Pode ser que isso se iguale no futuro, mas, por enquanto, não aconteceu.

REPARAÇÃO

Novo Varejo – O que você viu na Automechanika de Frankfurt de alguma maneira acendeu um sinal de alerta sobre o tamanho das adequações que os profissionais e as oficinas vão ter de fazer para se adaptar às novas tecnologias dos carros.

Emerson James – Sim, com certeza. Por mais que a gente se atualize sempre, as novidades aparecem muito rápido e tendem a chegar primeiro em grandes mercados como o europeu para depois virem para o Brasil. Uma das coisas que mais me chamaram atenção nesse sentido foi um sistema de freio que não trabalha mais com fluido por ser todo eletrônico. Esse é só um exemplo de muita coisa que a gente viu lá e sabemos que teremos de nos adaptar – principalmente quando falamos de eletrônica embarcada. Por isso a importância dessa nossa parceria com a ZF para sempre estarmos por dentro das inovações e nos capacitando.

Novo Varejo – Em meio a essas inovações, um ponto que tem preocupado muito os reparadores é a questão do acessos a dados e informações nos carros conectados. Como esse assunto foi tratado na feira?

Emerson James – É interessante você tocar nesse assunto porque é algo que nos preocupa bastante e que nos surpreendeu na feira. Essa já é uma realidade que enfrentamos no Brasil com carros da linha Fiat e Jeep e nos motivou a comprar investir em um scanner no qual pagamos uma assinatura para ter acesso a essas informações e toda a parte de comunicação do carro com o proprietário em si. Por esse ser um assunto de preocupação global, a Automechanika apresentou uma novidade muito interessante que foi a proposta de um scanner que não necessita dessa assinatura. Ou seja, você compra o equipamento e tem acesso, digamos, vitalício a esses veículos. É claro que isso vai chegar primeiro na Europa, mas nos disseram que futuramente chegará ao Brasil – o que nos deixou muito otimistas. O tema do direito ao reparo tem nos preocupado muito porque nós, reparadores, estamos dispostos a investir, mas é inevitável pensarmos: até quando e quanto eu vou ter que investir para me adaptar às mudanças que chegam cada vez mais rápido? Isso nos faz questionar até a nossa viabilidade no longo prazo.

ZF

Novo Varejo – Qual foi a importância destas ações e campanhas de aproximação da ZF com players do varejo, distribuição e reparação? Fernanda Giacon – Hoje em dia, não dá mais para fazer marketing como antigamente – aquilo que a gente chamava de 4 Ps com produto, preço, ponto de venda e promoção. É preciso ter um relacionamento muito mais próximo para poder levar todas as mensagens e a complexidade de uma empresa como a ZF. Então, oportunidades como essa da viagem, além de diversas ações que realizamos para estarmos presentes e facilitar o dia a dia dos nossos clientes, como o [pro] Parts, são importantes para mostrar para o mecânico e o varejista que a ZF é a melhor escolha. O que nós estamos criando é um ambiente em que nossos parceiros olhem para a ZF e falem assim: ‘junto com eles eu vejo mais futuro’.

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