Lucas Torres [email protected]
A cerimônia de inauguração da Automec 2023 contou com as presenças dos principais representantes do aftermarket automotivo nacional e autoridades do setor público. Todos se uniram para cortar a fita e declarar aberta a 15ª edição da feira.
O mercado de reposição não apenas celebrou o retorno de seu principal evento após um hiato de quatro anos, mas o fez em grande estilo. Em seu discurso, o presidente da RX, organizadora da Automec, Claudio Della Nina já exaltava os números robustos do evento que estava começando naquele momento. As características que permitiam à feira atrair tamanho interesse foi tema das apresentações de todos os participantes da cerimônia. Presidente do Sindipeças, Claudio Saad destacou que o aftermarket nacional é robusto o suficiente para manter em circulação uma frota de 47 milhões de veículos – façanha que os respectivos presidentes da ANDAP e do SICAP, Rodrigo Carneiro e Alcides José Acerbi Neto, atribuíram ao fato do Brasil possuir o quarto maior mercado de reposição do mundo. “Diante desses números, é bom darmos o devido valor a este mercado tão importante para todos nós”, chamou a atenção Carneiro. Ao clamar por um cuidado maior dos diferentes setores da sociedade para com o aftermarket, o presidente da Andap introduziu algumas das diferentes pautas que compõem a fotografia do setor automotivo nacional e que compuseram o pano de fundo das discussões durante toda a Automec.
Entre os temas mais celebrados pelas autoridades presentes esteve a questão ambiental, cuja abordagem é comumente atrelada à descarbonização da frota e às discussões em torno da melhor tecnologia para fazê-lo, mas que, na Automec, fez ressoar um velho pedido dos players da reposição nacional: a inspeção veicular. Uma das vozes mais contundentes sobre a temática durante a abertura da Automec foi a do presidente do Sindirepa, Antonio Fiola, que – ao destacar discussões realizadas recentemente junto à Secretaria da Infraestrutura de São Paulo – trouxe números que, segundo ele, fazem com que a importância da retomada de uma agenda de inspeção seja irrefutável. “Fala-se muito sobre carros elétricos e outras tecnologias como soluções para diminuir a emissão de gases poluentes por parte dos automóveis. Pesquisas mostram, porém, que um carro que circula com um catalisador vencido ou uma sonda lambda danificadas polui dez vezes mais. Não por caso, temos o dado de que as internações por problemas respiratórios caíram quase 18% durante a época da inspeção veicular”, apontou Fiola, antes de salientar que os impactos positivos da inspeção veicular transcendem a pauta ambiental. “Além dessa importância para a diminuição das emissões, garantir que os carros estejam em seus plenos funcionamentos melhora a segurança nas vias e traz benefícios ao trânsito de cidades como São Paulo. 53% dos acidentes ocorrem quando o carro apresenta algum problema, além disso, sabemos o quanto carros parados nas vias pode causar congestionamentos em ruas e rodovias”. As lideranças do mercado aproveitaram a abertura da Automec 2023 para destacar outras pautas caras à ‘Aliança Aftermarket Brasil’, organização que, desde agosto do ano passado, reúne as diferentes entidades da reposição independente. Segundo os dirigentes já citados, que tiveram a companhia do presidente do Sincopeças-SP, Heber Carvalho, questões como a capacitação da mão de obra do setor e a mobilização em torno da garantia do direito à reparação independente também devem receber atenção especial. Para tanto, Rodrigo Carneiro citou os esforços para tirar do papel a ‘Universidade do Aftermarket’ e, ao lado de Antonio Fiola, enfatizou a importância do movimento ‘Right to Repair’ visando criar, junto ao Congresso Nacional, normas que impeçam a ‘privatização de dados e informações’ de veículos por parte dos fabricantes dos veículos.
Representantes do poder público se comprometem com pautas importantes para o setor
Além dos dirigentes das entidades representantes da reposição automotiva nacional, o painel de abertura da Automec contou com a participação da Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Ministério da Economia, Margarete Gandini, e do Secretário Nacional de Trânsito, Adrualdo Catão.
Como resposta às demandas expostas pelos dirigentes presentes no painel, os gestores reafirmaram o interesse do Governo Federal em colaborar com o desenvolvimento do setor – sobretudo por, segundo eles, este ser um pilar de sustentação fundamental não apenas para a indústria automotiva, mas para a indústria nacional como um todo.
“A indústria automotiva representa 20% do PIB industrial nacional. E, costumo dizer, uma indústria automotiva que não tem um aftermarket forte é uma indústria com pés de barro. Com os fabricantes de autopeças e todos os elos que se relacionam com ela, do varejo aos serviços, conseguimos reter o conhecimento no país e exportar para o exterior”, destacou Gandini. Neste sentido, a gestora destacou o papel da política automotiva como ferramenta para garantir o fortalecimento do aftermarket. Exemplo disso, segundo ela, são as discussões que já se iniciaram acerca do segundo ciclo do Rota 2030. “Essa fase do programa irá focar em inovação descarbonização e reciclabilidade de materiais, temas que devem demandar investimento, mas que terão resposta à altura de um setor que já mostrou não se apequenar frente aos desafios que se apresentam”, indicou.
Na mesma linha, Adrualdo Catão reforçou o compromisso do Governo Federal em colaborar com a agenda de modernização e sustentabilidade da reposição. Em um dos momentos de maior excitação da abertura, o Secretário afirmou que a pauta da inspeção veicular está na agenda de sua pasta e será tratada com a maior seriedade possível ao longo dos próximos meses. “Não vamos fugir. A inspeção veicular é um tema complexo, mas que tem grande impacto na redução de emissão de gases e na segurança do trânsito. Estou me comprometendo a encarar este tema!”, finalizou Catão, acompanhado de aplausos.
