Sebrae-SP lança grupo de apoio para o desenvolvimento do varejo de autopeças -

Sebrae-SP lança grupo de apoio para o desenvolvimento do varejo de autopeças

 

Iniciativa inclui atividades como avaliações, consultorias e treinamentos

 Lucas Torres

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Há cerca de um ano e meio, o empresariado brasileiro tem convivido com um ambiente de perspectivas nebulosas que resultaram em um cenário de crise em diferentes segmentos de negócios. Com isso, muitos players responsáveis por fazer a economia girar diminuíram investimentos, criando um clima de estagnação que, por consequência, brecou a roda do consumo prejudicando a atividade do setor varejista como um todo. Muitos não resistiram a esta conjuntura. De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), somente no ano de 2015, o setor varejista fechou cerca de 80 mil lojas. Dado que representa um aumento de 52% em relação ao ano anterior.

Ao mesmo tempo em que a crise faz estragos, abre também oportunidades para que as empresas organizadas e qualificadas ganhem espaço no mercado e ofereçam soluções inovadoras e criativas a seus clientes. Mas onde buscar essa qualificação e aprimorar o negócio em um momento que, aparentemente, convida à cautela e, muitas vezes, à estagnação?

Parceiro de longa data dos pequenos empresários brasileiros – que, vale dizer, são os mais vulneráveis nesse momento de dificuldade – o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) inaugurou, no início de 2016, um grupo direcionado ao aprimoramento da gestão das pequenas autopeças paulistanas. O objetivo principal da iniciativa é moderniza-las e torna-las mais competitivas e autossustentáveis. É o programa “Reparação de Veículos e Lojas de autopeças: um negócio promissor!”.

 Segmentos

Abrangendo dois segmentos fundamentais da cadeia de manutenção automotiva – a reparação de veículos e a venda de autopeças – o Sebrae elaborou um estudo no qual levantou as principais nuances do mercado na cidade de São Paulo, o perfil do consumidor, as oportunidades de negócio e, por fim, a qualidade da mão de obra especializada nos segmentos.

A partir desse raio-x, a instituição criou dois focos de atuação para as matrizes orientadoras dos grupos participantes do programa. O primeiro tratava dos principais gaps dos segmentos na atualidade, os grandes pontos falhos. Já o segundo visava compreender quais as oportunidades disponíveis para os empreendedores da reparação.

Após meses de pesquisas, as características mais recorrentes indicadas como falhas pelo Sebrae foram: falta de controle financeiro; falha na contratação e retenção de mão de obra especializada; insatisfação de clientes com serviços mal executados; falta de homogeneização de estratégias em itens fundamentais como vendas, marketing e fidelização; baixa qualidade das peças; desconhecimento das leis e normas; deficiência geral dos controles; e, por fim, desperdícios.

Já no âmbito das oportunidades foram apurados atributos como mercado em expansão, proximidade ao cliente, novo mercado a ser conquistado e novas ferramentas de otimização de processos.

“O programa foi idealizado como uma forma de auxiliar os empreendedores a lidar melhor com os efeitos da crise”, conta Carolina Pires, coordenadora do programa na sede Leste II. De acordo com ela, o momento atual tem atingido a todos – do mais estruturado até o semiamador – e sem atenção a detalhes fundamentais, como os citados acima, a situação de dificuldade tende a tomar uma proporção ainda maior.

É nesse sentido de aprimoramento que trabalha o novo programa do Sebrae-SP, uma rara oportunidade para que os varejistas tenham acesso a uma proposta de evolução customizada para o segmento e respaldada por um órgão de comprovada eficiência no desenvolvimento das empresas brasileiras.

Capacitação profissional é exigência inadiável

Um dos pontos que receberam maior atenção do Sebrae na montagem do programa foi o fato de que muitas das pequenas autopeças paulistanas – e de todo país – acabam mantendo uma relação colaborativa que, de certo modo, abriga conceitos nem sempre profissionais.

Não à toa, o cronograma destaca a importância de se garantir os direitos trabalhistas básicos dos funcionários, fator que contribui de maneira significativa para a diminuição da rotatividade nas autopeças, bem como para um maior comprometimento nas atividades diárias.

Superada esta primeira etapa, considerada inadiável pelo programa, é necessário dar foco especial à capacitação dos funcionários. Fator considerado fundamental por varejistas do setor, já que muitas vezes os profissionais chegam com pouca especialização. “O balconista do varejo de autopeças tem uma característica muito própria. Em geral ele é um faz tudo que inicia na atividade por acaso e que – em grande parte dos casos – conhece pouco as peculiaridades da profissão, como a função das peças, por exemplo”, afirma Matheus Rego, da Autopeças Tatetuba, que está participando do programa.

A oferta de cursos de atualização com certificação é outro ponto destacado pelo programa, que aponta o potencial de uma unidade colaborativa como ferramenta de expansão e melhor gestão do negócio.

O programa em etapas

As etapas do programa “Reparação de Veículos e Lojas de autopeças: um negócio promissor!” são realizadas nas 20 sedes do Sebrae na cidade de São Paulo e se destinam a empresários do segmento de lojas de autopeças de toda a região metropolitana.

Para aderir à iniciativa é necessário que os interessados participem de todas as etapas iniciais propostas pela instituição, bem como concordem com a adesão e participação total da Matriz Excelência na Gestão. A chamada MEG consiste em uma capacitação de empresários e/ou gestores que possuem interesse em aprofundar conhecimentos em gestão por meio das reuniões em grupo das quais participa um tutor experiente no assunto, voltado a esclarecer dúvidas geradas pelas discussões coletivas.

O modelo utiliza questionários de avaliação da gestão organizacional dos participantes, nos quais os empreendedores são convidados a atribuir notas para seus processos e que, posteriormente, serão confrontadas com os resultados práticos observados pelo tutor.

 Conheça o questionário-base da MEG

 DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL
Liderança 1. A missão da empresa está definida e é conhecida pelos colaboradores?
2. O comportamento ético é incentivado pelos dirigentes nas relações internas e externas?
3. O desempenho da empresa é analisado pelos dirigentes?
4. Os dirigentes investem em seu desenvolvimento gerencial e aplicam os conhecimentos adquiridos na empresa?
5. A busca de informações para identificar oportunidades de inovação incluem as fontes externas e os colaboradores são incentivados a apresentarem suas idéias de podem se converter em inovações?
Estratégias e Planos 6. A visão da empresa está definida e é conhecida pelos colaboradores?
7. Os indicadores e metas relacionados às estratégias estão estabelecidos?
Clientes 8. A satisfação dos clientes é avaliada?
9. As informações obtidas dos clientes são utilizadas para intensificar a sua fidelidade e captar novos?
Sociedade 10. As exigências legais necessárias para o funcionamento da empresa são conhecidas e mantidas atualizadas?
Informações e Conhecimento 11. O compartilhamento do conhecimento é promovido?
12. São obtidas e utilizadas informações comparativas na análise do desempenho e melhoria dos produtos/serviços e processos?
Pessoas 13. As funções e responsabilidades das pessoas estão definidas?
14. A seleção dos colaboradores é feita segundo padrões definidos e considera os requisitos da função?
15. O bem-estar e a satisfação dos colaboradores são promovidos?
Processos 16. Os processos principais do negócio são executados de forma padronizada, com padrões documentados?
17. Os processos principais do negócio são controlados para garantir a satisfação das necessidades dos clientes?
18. As finanças da empresa são controladas a fim de otimizar a utilização dos recursos?
Resultados 19. Existem resultados relativos à satisfação dos clientes?
20. Existem resultados relativos às capacitações ministradas para os colaboradores?
21. Existem resultados relativos à margem de lucro?

 


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