Claudio Milan claudio@novomeio.com.br
Faltam 90 segundos para o fim do mundo. A maioria dos leitores deve ter acompanhado a divulgação, em janeiro, da nova posição dos ponteiros do chamado “relógio do juízo final”. O apocalipse começará quando chegarmos à meia-noite. Resta um minuto e meio… É claro que o tal medidor do tempo que nos sobra é apenas uma representação figurada criada por cientistas nucleares para que visualizemos o quão próximos estão os riscos de extinção da humanidade graças aos abusos a que temos submetido nosso planeta – e, de fato, eles não têm sido poucos. Mas, afinal, o mundo e a vida continuarão mesmo depois de você concluir a leitura deste texto. É recorrente o surgimento de previsões apocalípticas em diferentes áreas ao longo de nossa existência. Lembra do bug do milênio? Fomos atormentados pela perspectiva de um colapso em todos os computadores do planeta na virada do ano de 1999 para 2000. Como sabemos, nada aconteceu.
Outro exemplo interessante diz respeito à substituição dos motores a combustão interna pela propulsão 100% elétrica. Embora a eletrificação seja um fato, já há quem questione a viabilidade deste movimento em prazo tão curto como 2035. E, no caso específico do Brasil, já é dado como certo que seremos centro de excelência global em motores a combustão com base no etanol, que equiparão carros híbridos. Vamos então a um exemplo de maior relevância para os leitores desta publicação. Desde o nascimento do comércio eletrônico, o popular e-commerce, o fim do varejo físico vem sendo sistematicamente decretado. Um player que se tornou referência para apoiar esta tese é a Amazon.
O maior site de e-commerce do mundo chegou ao Brasil vendendo livros. Como consequência, as livrarias físicas praticamente desapareceram do país – não foram extintas, mas o número caiu drasticamente. Pois é. Passada a pandemia, as livrarias físicas vêm reconquistando espaço, principalmente nas cidades menores. Segundo dados da Associação Nacional de Livrarias, de 2021 para cá mais de 100 estabelecimentos físicos foram abertos. A ANL prevê que num prazo de três anos o setor irá se recuperar totalmente voltando ao patamar de 3.029 lojas em operação. A importância e o fortalecimento do varejo físico estão em destaque na nossa reportagem de capa. A matéria traz detalhes sobre a edição 2023 da NRF – National Retail Federation Big Show & Expo 2023, o maior evento de varejo do mundo. Passadas as previsões apocalípticas, as lojas físicas se consolidam dia após dia como o canal de vendas mais importante do comércio, dando sustentação a todas as modalidades digitais que complementam o conceito da multicanalidade. Portanto, não nos deixemos levar pelo juízo final. O tempo é o senhor da razão.