Site de busca oferece nova oportunidade de inserção do varejo na web -

Site de busca oferece nova oportunidade de inserção do varejo na web

A tecnologia nunca esteve tão presente nos diversos segmentos que compõem o varejo brasileiro. Cada vez mais conectado, o consumidor exige soluções práticas de pesquisa e aquisição dos produtos.

Nesse contexto, tal como o Uber veio revolucionar a mobilidade urbana, sites como o Buscar Peças pretendem promover mudanças no comércio de componentes automotivos e atuar como agentes facilitadores da integração dos mais variados atores envolvidos no processo.

O funcionamento básico da plataforma é simples. Ao acessar o sistema, o usuário deve informar as características básicas do veículo e a peça que deseja orçar. As solicitações são encaminhadas às lojas com base em geolocalização. “Caso o interessado não tenha um feedback no prazo de 24 horas, a solicitação é enviada a todas as autopeças credenciadas na nossa plataforma no Brasil”, afirma Petros Barreto, criador da ferramenta.

Criada em 2014 no Acre, a startup está se expandindo para todo o território nacional e angariou investimentos de parceiros importantes, entre os quais se destaca o Sebrae.

Esse crescimento tem possibilitado a adição de funções mais sofisticadas à plataforma, como o modelo de Big Data e conectividade com o carro. “Nos conectamos diretamente ao veículo, recebendo informações que seguem para nosso sistema, que faz uma análise BI. Com isso podemos antecipar necessidades de manutenção”, diz o executivo, entrevistado pelo Novo Varejo.

Novo Varejo – Como surgiu o Buscar Peças e de que forma se expandiu?

Rodolfo Estevam – Eu tive alguns problemas com meu carro e enfrentei dificuldades para encontrar as peças. Decidi, então, criar um sistema de busca para esses produtos. Junto com Yuri Royer, cofundador, e José Raulino, investidor-anjo do projeto, as informações começaram a ser validadas. A ideia foi concretizada no Startup Weekend Acre, em 2014. Durante a validação do projeto, verificou-se que as oficinas gastavam muito com ligações para encontrar peças. Tivemos incentivo do Sebrae/AC, que também nos ajudou na fase embrionária validando o modelo de negócio em seu estágio inicial.

NV – Como a ferramenta funciona?

RE – Trata-se de uma plataforma de busca para peças automotivas. Acessando o nosso sistema o usuário deve informar as características básicas do veículo, quantidade e peça que deseja orçar. Após esse processo, as solicitações são encaminhadas para as lojas credenciadas à nossa plataforma. Caso o interessado não tenha um feedback no prazo de 24 horas, a solicitação é enviada para todas as autopeças credenciadas no Brasil. A oficina, por sua vez, verifica se há disponibilidade do item buscado, em caso positivo a comunicação é feita através de um canal de comunicação dentro de nossa plataforma. O sistema funciona como um leilão invertido, ou seja, todo nicho do mercado automobilístico pode usufruir de nossos serviços.

 NV – Como efetivamente a compra se concretiza?

RE – Nossa plataforma conta com um gateway de pagamento configurado e integrado em que a responsabilidade pela cobrança do pagamento, garantia e frete é toda do vendedor, no caso o varejo. No nosso sistema também disponibilizamos ferramentas e serviços integrados e configurados para auxiliar ambas as partes. Temos um sistema em que o cliente pode avaliar os varejos interessados em vender as peças.

 NV – Dentro da plataforma, como funciona o “leilão invertido”?

RE – Diferente do que acontece nos leilões tradicionais, em que os compradores competem para adquirir um bem através de lances, no leilão invertido os vendedores é que competem para fazer negócio com os compradores. Na nossa plataforma, ao buscar uma peça através da geolocalização iremos informar quais são as lojas mais próximas que têm a peça disponível.

 NV – O Buscar Peças surgiu para facilitar a vida do consumidor no momento de procurar peças específicas para seu veículo. Um ano e meio após sua criação, pode-se dizer que a ferramenta também tem ajudado os varejos?

RE – Sim, a web hoje conecta consumidores às lojas físicas e, em razão do comportamento do consumidor atual, que está sempre conectado através do smartphone, as pessoas sentem-se confortáveis em visitar uma loja após encontrarem informações sobre a disponibilidade do produto, localização do estabelecimento e preços, é isso que o Buscar Peças tem feito.

 NV – Em quais estados a ferramenta possui maior cobertura?

RE – Atualmente estamos trabalhando forte nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Minas Gerais, Pernambuco e Acre. Um dos nossos objetivos é expandir aos poucos de modo que possamos prospectar clientes representantes em todo o Brasil.

 NV – Quantos varejos estão cadastrados?

RE – Hoje contamos com 500 cadastros de varejos – diariamente recebemos cerca de 10 cadastros de novas autopeças querendo entrar no sistema.

 NV – O mercado de reposição por vezes é pouco receptivo a inovações, especialmente quando as propostas vêm de fora do setor. Como foi a aceitação do modelo criado pelo Buscar Peças?

RE – No processo inicial de validação do Buscar Peças estávamos no estado do Acre, onde as dificuldades e resistências são muito maiores do que as encontradas nas grandes cidades e metrópoles. Nessa etapa pudemos errar muito, aprender com os erros e, com isso, criar algoritmos específicos, lógicas precisas, mecanismos de redução de custos para aquisição de clientes. Assim, foi possível desenvolver uma estratégia para alcançar o varejo de forma eficaz. Ainda temos muito mercado para explorar, mas acreditamos que estamos no caminho certo.

 NV – Em que estágio o varejo nacional se encontra quando o assunto é tecnologia? Estamos prontos para entrar de cabeça no e-commerce e na gestão auxiliada, por exemplo, por aplicativos?

RE – Acreditamos que a tecnologia está cada vez mais próxima de tudo e de todos. Desenvolvemos tecnologias dentro do Buscar Peças para que haja cada vez mais facilidade no processo de interação entre todos os atores do mercado automotivo e as tecnologias de nossa ferramenta. Pensando no futuro próximo, estamos no momento atuando com tecnologias como OBD-II e Modbox. O Buscar Peças não deseja que as lojas virem um e-commerce, pois essa não é a especialidade delas, o foco é vender peças. Disponibilizamos ferramentas para facilitar o processo de venda através de metodologias bastante eficazes de comércio no mundo da web.

NV – Quais são os elementos da arquitetura financeira de sustentação do negócio?

RE – Para os consumidores a ferramenta é gratuita. Para as autopeças e concessionárias cobramos o valor de R$49,00. O Buscar Peças não é apenas um marketplace, somos uma oportunidade de negócio para todos os setores do ramo automobilístico.

 NV – Quais os procedimentos a serem adotados pelos varejos interessados em se cadastrar no Buscar Peças? A plataforma se destina a todos os tamanhos de negócio?

RE – Estamos disponíveis para trabalhar com varejos de todos os níveis. Os procedimentos se assemelham, por exemplo, a assinar um serviço como o Netflix. O varejo entra no nosso sistema, se cadastra e escolhe a melhor forma de pagamento, ele será cobrado de forma recorrente. Além da venda de peças, podemos hoje, por exemplo, disponibilizar informações sobre os componentes que mais apresentam demandas de manutenção, entre outras.

 NV – O Buscar Peças trabalha com o conceito de Big Data e conectividade com o carro. Como isso funciona e quais vantagens esse modelo oferece ao consumidor?

RE – Estamos trabalhando com um modelo em que o carro automaticamente irá identificar as demandas de manutenção. Como funciona? Hoje temos 50 oficinas cadastradas nesse sistema, que utiliza o OBD-II dos veículos. Com isso, nós nos conectamos diretamente ao carro, recebendo informações que são analisadas por nosso sistema, permitindo-nos avaliar as demandas do automóvel a partir das informações que ele próprio nos fornece. Havendo usuários interessados em contar com um monitoramento 24 horas por dia, abre-se um leque de oportunidades para a prospecção de novos clientes. Monitoramos dados com sensores que irão receber as informações através de redes WiFi e 3G.

 

“O Buscar Peças não deseja que as lojas virem um e-commerce, pois essa não é a especialidade delas

 Estamos trabalhando com um modelo em que o carro automaticamente irá identificar as demandas de manutenção por meio do OBD-II dos veículos”

 


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