Sob restrição, comércio acumula perda de R$ 86 bilhões em cinco semanas -

Sob restrição, comércio acumula perda de R$ 86 bilhões em cinco semanas

Embora a maior utilização do e-commerce e dos serviços de delivery tenha ajudado a reduzir perdas, às vésperas do início de flexibilização do atual protocolo de combate à COVID-19, faturamento do setor encolhe 39% em relação ao período anterior à pandemia.

Com até 80% dos estabelecimentos comercias fechados em várias unidades da Federação e diversas medidas de isolamento social, o varejo brasileiro acumulou uma perda total de R$ 86,4 bilhões nas últimas cinco semanas compreendidas entre os dias 15 de março e 18 de abril, de acordo com cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

As perdas coincidem com os anúncios de diversos decretos estaduais e municipais determinando o fechamento de estabelecimentos comerciais a partir da segunda quinzena de março, bem como com a adoção do isolamento social – medida que restringiu significativamente a movimentação dos consumidores nas lojas físicas do comércio.

Perdas totais semanais de receitas no varejo. Fonte: CNC

Na terceira semana de março (entre os dias 15 e 21), quando alguns estados e municípios estabeleceram protocolos locais voltados para o combate à COVID-19, o varejo registrou perda R$ 8,21 bilhões em relação ao período que antecedeu a pandemia. Na semana seguinte, as perdas quase triplicaram, atingindo a cifra de R$ 23,03 bilhões.

Embora a adoção de estratégias de vendas através do e-commerce e de serviços de delivery tenha reduzido as perdas de receitas por conta das restrições impostas às vendas presenciais, as quedas menos intensas a partir do final de março podem ser atribuídas a um maior fluxo de consumidores nas ruas.

De acordo com a consultoria Inloco, que mede a movimentação de consumidores através do rastreamento de celulares, o Índice de Isolamento Social – que chegou a se aproximar de 70% na segunda metade de março – recuou para aproximadamente 50% na segunda metade de abril.

Também em relação ao final de março, o Google Community Mobility Report, registrou um aumento de 17% no fluxo de pessoas próximas a estabelecimentos comerciais especializados na venda de produtos essenciais, como alimentos e medicamentos. Nas proximidades de estabelecimentos que comercializam produtos não essenciais, o aumento foi ainda maior no mesmo período (+29%).

Variações na movimentação de pessoas em estabelecimentos comerciais essenciais e não essenciais em relação ao período anterior à pandemia. Fonte: Google Community Mobility Report

Entre a terceira semana de março e a segunda de abril, as perdas mais expressivas se concentraram nos segmentos varejistas especializados na venda de itens não essenciais (R$ 78,27 bilhões). As vendas de alimentos e medicamentos, segmentos que respondem por 37% do varejo brasileiro, acumularam perda de R$ 8,13 bilhões no período.

Perdas semanais de receitas no varejo essencial e não essencial. Fonte: CNC

Os estados das regiões Sul e Sudeste concentram 70% das perdas do período. Em termos relativos, no entanto, destacam-se as quedas em relação ao período anterior à pandemia nos estados do Piauí (-49,6%), Ceará (-49,3%) e Santa Catarina (-46,8%).

Perdas semanais de receitas no varejo segundo unidades da federação. Fonte: CNC

A retração abrupta do nível de atividade no varejo ocorrida nas últimas semanas tem potencial para eliminar 28% dos postos de trabalho formais do setor (2,2 milhões de vagas) em um intervalo de até três meses. A concretização desse cenário, no entanto, dependerá de como as empresas do setor reagirão às medidas anunciadas pelo governo e, em última instância, à própria evolução da pandemia nas próximas semanas.

As estimativas da CNC cruzaram informações históricas das pesquisas mensal e anual de comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), além de dados relativos à circulação de consumidores em estabelecimentos comerciais providos semanalmente pela plataforma Community Mobility Reports do Google.


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