Sondagem da FecomercioSP investiga situação financeira de comércio e serviços na capital paulista -

Sondagem da FecomercioSP investiga situação financeira de comércio e serviços na capital paulista

Em uma sondagem feita entre abril e maio com 400 empresários de comércios e serviços da cidade de São Paulo, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) identificou que 77% desses negócios estavam com dificuldade para pagar as obrigações mensais – e que uma parte considerável deles deve falir.

A crise causada pela pandemia está afetando uma grande parte das empresas da capital em proporções inéditas e sem precedentes. Em uma sondagem feita entre abril e maio com 400 empresários de comércios e serviços da cidade de São Paulo, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) identificou que 77% desses negócios estavam com dificuldade para pagar as obrigações mensais – e que uma parte considerável deles deve falir.

Para 22% dos entrevistados, o impacto do coronavírus é muito grave no negócio e isso deve causar a falência da empresa. Para 55%, o cenário é um pouco menos pior, mas ainda grave, de forma que os entrevistados afirmaram não ter condições de pagar as contas.

Para 16% dos empresários ouvidos, o efeito médio da crise em suas empresas impedirá novas contratações e investimentos. Já 4% dizem que os danos são leves, gerando redução de lucros, mas sem grandes perdas no futuro; enquanto que 1% acredita que não houve impacto negativo. Cerca de 3% dos empresários ouvidos na sondagem observaram um aumento de demanda. Os números foram arredondados para que ficassem mais claros.

Dos empresários ouvidos, 95% são de micros, pequenas e médias empresas com até 20 funcionários, enquanto que 5% são de empresas que empregam mais de 20 pessoas.

Foram ouvidos empresários oriundos de diversas atividades de comércios e serviços, como: comércios de móveis e decoração, de vestuário, de tecidos e de calçados; supermercados; lojas de materiais de construção; petshops; livrarias e papelarias; lojas de brinquedos; floriculturas; artigos religiosos; perfumarias; sorveterias e doçarias; adegas; concessionárias de veículos; lojas de autopeças; farmácias e drogarias; informática e comércio de eletrônicos; e ótica e som. Confira os dados obtidos na sondagem realizada pela FecomercioSP.

Queda nas vendas e adaptação à nova realidade

Um dos questionamentos que a FecomercioSP fez foi quanto à redução nas vendas nesse período em que a quarentena em São Paulo foi mais restritiva, isto é, entre abril e maio. Para 55% dos entrevistados, a queda nas vendas foi superior a 75%.

Embora as empresas tenham feito adaptações e reajustes, 85% dos empresários ouvidos disseram que fecharam o estabelecimento por algum período. Entretanto, mesmo com as lojas físicas fechadas, esses empresários buscaram formas alternativas de vendas. As redes sociais, por exemplo, foram uma estratégia para 46% dos entrevistados, enquanto que as entregas diretas foram a opção de 27%, e o teleatendimento, de 28%.

Para quem nunca atuou no mercado online, conceder descontos deve ser uma estratégia a ser pensada, orienta a FecomercioSP.

Além disso, a formação de preços, neste momento, tem de levar em consideração que a renda das famílias encurtou e que a demanda vai demorar a voltar, mesmo com a reabertura do comércio de forma gradual. Diante desses fatores, o empresário também deve avaliar a real necessidade de recomposição de estoque. O ideal é o foco em produtos com alta rotatividade e para os quais há garantias de entrega pelos fornecedores.

Uma observação importante que a FecomercioSP faz é que o comportamento do consumidor mudará após a pandemia. Os que tinham receio, por exemplo, de comprar online com medo de fraude no cartão ou na entrega, ou de algum outro risco, perceberam que essa é uma modalidade com alta segurança. A partir de agora, o e-commerce passa a ser um canal de compras efetivo, o que irá gerar oportunidades para investimentos em propagandas, portais de vendas, logística, centro de distribuição, etc.

Outros pontos a serem pensados dizem respeito à validade dos produtos e às coleções. A validade é mais preocupante, já que a queda nas vendas tende a levar o empresário a manter um estoque de produtos fora da validade, uma perda total para o estabelecimento.

Quanto às coleções, se um produto de uma coleção outono/inverno, por exemplo, não for desovado, terá mais uma oportunidade no ano seguinte. Contudo, produto em estoque ainda é custo, tanto para se manter a mercadoria quanto para o que já foi gasto na aquisição; esse recurso estaria sendo “corroído” ao longo do tempo pela inflação.

Pagamento das contas prejudicado

Pela sondagem, 65% dos entrevistaram disseram que devem atrasar o pagamento de contas de água, luz, telefone, etc. O atraso com os fornecedores foi apontado por 48%. Os demais porcentuais ficaram divididos entre empréstimos (32%) e salários (30%); enquanto que cerca de 19% não devem atrasar as contas.

Nesse ponto, não há uma regra para definir o que deve ser feito. Tem de haver uma separação das contas obrigatórias e essenciais das demais. Serviços como telefonia, internet e até empréstimos podem ter valores, prazos e taxas renegociados. Entretanto, se o empresário não pagar as contas de luz e gás, por exemplo, isso poderá afetar o funcionamento do estabelecimento, o que prejudicará a entrada de receitas.

Em relação ao pagamento de impostos, a FecomercioSP busca a dilação do prazo para dar mais fôlego ao caixa dos negócios neste momento. Mas, vale lembrar: é no máximo uma postergação, e não uma isenção, que está em discussão no governo. A cobrança virá em um período posterior. 

Crédito no mercado

A procura de crédito em bancos tende a ser a saída dos empresários para que consigam arcar com os compromissos financeiros. De acordo com a sondagem, 30% buscaram crédito para pagar as contas e as demais obrigações.


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