Com a sanção presidencial da regulamentação da maior parte da reforma tributária, as empresas precisam analisar todo seu negócio de forma rápida e eficaz para que possam se preparar para essa nova realidade a partir de 2033, ano de entrada em vigor do novo sistema de tributação do consumo. Estão em jogo aspectos diversos como receita bruta, receita líquida e carga tributária efetiva, que precisam ser comparados entre o cenário atual e o futuro pós-reforma. A tecnologia já está sendo usada nesse processo, por meio de uma ferramenta criada pela EY que analisa rapidamente as notas fiscais para geração de insights, indicando, entre outras informações, os itens que vão sofrer alteração de alíquota em termos de carga tributária.
“Os desafios das empresas, independentemente do seu setor de atuação, são compreender o impacto da reforma em relação aos fornecedores, o que pode trazer a necessidade de rediscutir os contratos, e definir as metodologias que precisam ser adotadas para garantir o modelo correto de precificação dos seus produtos e serviços. Os dados fornecidos por nossa ferramenta EY Beyond Tax Analytics possibilitam chegar a essas respostas”, diz William Soprani, senior manager em tributos indiretos da EY Brasil. Ainda segundo o executivo, é possível mensurar o nível de ineficiência da empresa no modelo tributário atual e como estaria no novo sistema, além de obter insights sobre onde instalar os futuros centros de distribuição e fábricas.
“A reforma traz uma mudança estrutural na formação de custo, seja para compra, seja para venda de produtos e serviços. Nesse contexto, é preciso descobrir se o modelo de precificação da empresa vai ser uniforme ou se será necessário adotar modelos diferentes”, analisa Alfredo Neto, sócio de Tax na EY Brasil. Há possibilidade inclusive, por meio da tecnologia, de fazer uma análise da origem e do destino, com a ferramenta comparando os dois cenários: da tributação de hoje que ocorre na origem (no local de produção) com a tributação de amanhã que será realizada no destino (no local de consumo dos produtos e serviços).
“Não são apenas os profissionais tributários que serão atingidos pelas consequências da reforma, mas a empresa como um todo. A reforma reestrutura o modo de operação e traz mudanças profundas para todo o negócio”, afirma Paula Pitão, sócia especialista em tributos indiretos da EY Brasil. É possível, por meio da ferramenta da EY inserida no modelo de SaaS (Software as a Service), verificar sazonalidade de compra e de venda; variação do preço praticado tanto na compra quanto na venda; e variação da carga tributária ao longo do tempo.
Também dá para a empresa identificar, a partir da análise da sua cadeia de compras e de vendas, os principais produtos e clientes, o que permite priorizar seus esforços para os produtos com maior margem de lucro e os clientes estratégicos. “As empresas têm autonomia para explorar os dados no nível de detalhes que elas quiserem”, destaca Soprani. É de interesse do negócio como um todo responder, por meio da tecnologia, a perguntas como se a organização pagará mais tributo; se a reforma vai ter mais impacto na receita; e se será necessário pagar mais por determinada mercadoria ou serviço.
Escolha do local das instalações
O mercado até hoje escolheu o local dos seus centros de distribuição e de suas fábricas muito por causa dos incentivos fiscais concedidos pelos estados. Com a retirada desses incentivos definida pela reforma tributária, as organizações precisarão analisar onde realmente faz sentido, do ponto de vista de mercado, posicionar suas instalações.
Uma empresa hoje que está em Minas Gerais por causa de incentivo fiscal pode chegar à conclusão, a partir dos insights fornecidos pela ferramenta da EY, de que valerá mais a pena se mudar ou construir novas instalações na região metropolitana de São Paulo ou do Rio de Janeiro. “Isso porque nesses locais ela poderá estar mais perto do seu mercado de consumo, diminuindo os custos com logística, o que faz diferença em um país continental como o Brasil. Com o fim dos benefícios fiscais, as empresas passarão a se preocupar mais com seus gastos logísticos. Só que essa constatação sobre o local ideal para suas operações precisa vir com antecedência, muito antes da entrada em vigor do novo sistema tributário, já que esses investimentos demandam tempo”, explica Pitão, ressaltando que o EY Beyond Tax Analytics pode auxiliar nessa decisão.
Raciocínio semelhante serve para a escolha do fornecedor. Uma empresa sediada em São Paulo precisará avaliar se, com o fim dos incentivos fiscais, continuará valendo a pena comprar de um parceiro de Minas Gerais, considerando o custo logístico de buscar os produtos. “Pode ser que seja mais vantajoso adquirir de um fornecedor em São Bernardo do Campo, que esteja, portanto, mais próximo dela”, diz a executiva.
Crédito tributário
No novo sistema tributário, o levantamento do crédito poderá ser automatizado, por meio dessa ferramenta desenvolvida pela EY que faz a leitura das notas fiscais em relação a todos os itens comprados pela empresa. “Consigo identificar de forma automatizada os itens que a organização deixou de tomar crédito. Para que esse processo seja bem-sucedido, a tecnologia também avalia as características dos grupos de fornecedores e clientes, o que inclui seu regime de tributação – lucro presumido, real ou Simples Nacional”, detalha Soprani. O objetivo, ainda segundo o executivo, é obter o máximo de eficiência no aproveitamento do crédito tributário.