Tecnologia traz benefícios, mas também potencializa ameaças -

Tecnologia traz benefícios, mas também potencializa ameaças

O setor automotivo é um dos sete que compõem o grupo de estudos de mercados ilícitos da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Segundo o anuário publicado em 2017, só em São Paulo as práticas ilícitas no universo automotivo responderam por um prejuízo de R$ 3,55 bilhões.

A evolução tecnológica está entre as frentes utilizadas pelo crime organizado. No mercado de reposição, um canal que pode vir as ser explorado para ilícitos é o e-commerce. Sergio Alvarenga exemplifica com uma prática que vem ocorrendo nos Estados Unidos e que já foi denunciada por ele no Novo Varejo de setembro. “O criminoso vai ao site de comércio eletrônico e compra uma peça original. Quando ele recebe o produto, troca por outro falsificado e pede a garantia. Basicamente em sete dias, conforme a lei da garantia, ele recebe outra peça original – essas operações deixaram de ser pessoais, o operador do outro lado checa o manual e, estando dentro do prazo, já envia outra. O criminoso fica com duas originais e o vendedor com o mico da falsificada”.

Alvarenga deixa claro que o exemplo apenas mostra o lado negativo da evolução tecnológica que é, como um todo, positiva. “Tem o lado bom e o lado ruim, pois o crime organizado também sabe usar esses regramentos. Nós temos que trabalhar o e-commerce B2C, mas o B2B ainda tem muito espaço para crescer dentro da própria cadeia. Ocorre que agora se quer atingir o consumidor final num país que nem ‘do it yourself’ tem, no Brasil não se conserta carro em garagem. Então por que fomentar certas práticas que irão facilitar o crime organizado? Não sou contra a liberdade de consumo do dono do carro, mas uma peça técnica é diferente de um acessório”.

O diretor executivo do Sindirepa Nacional diz que a entidade está atenta para as movimentações ilícitas no mercado. “Tivemos três explosões de carro este ano por causa de um spray para higienização do ar condicionado. A onda do momento é a falsificação do compressor de ar condicionado. Estamos rastreando porque é um setor que cresceu muito e aí os espertos ficam de olho. O que a gente detectou é que o crime organizado não tem gosto pela área de autopeças, os outros setores trabalham igual, quando você pressiona muito os criminosos procuram outro lugar, é uma coisa orquestrada. Esse é um ponto que exige atenção e talvez a rastreabilidade e essas novas tecnologias possam ajudar muito”.


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