Tendências de consumo pós-pandemia -

Tendências de consumo pós-pandemia

Por Thiago Carvalho*

Passados pouco mais de quatro meses da imposição de medidas de isolamento social em decorrência da pandemia de covid-19, o comércio varejista vem, gradativamente, retomando o atendimento presencial em muitas cidades e Estados. Entretanto, parte dos empresários do setor tem se decepcionado com o desempenho das vendas, abaixo do esperado.

Nesse contexto, vale destacar duas informações importantes. A primeira delas é que a experiência internacional mostrou uma demora de cinco a seis semanas para os níveis de consumo voltarem ao normal, ou seja, ainda estamos dentro desse intervalo. A segunda é que o varejista vai se deparar com novos hábitos e novas preferências do consumidor – como compra online e pagamento a distância –, por isso, deve adaptar o seu modelo de negócio a esses novos hábitos, garantindo a sobrevivência em meio às mudanças impostas pela crise.

Considerando que muitas pessoas, principalmente as de idade mais avançada, tiveram a primeira experiência de compra online, desfrutando de todo o conforto e a comodidade desse canal de venda, a digitalização dos negócios se tornou obrigatória e é um caminho sem volta. Todavia, essa digitalização exige planejamento, principalmente para os segmentos em que a venda, muitas vezes, é feita de maneira consultiva ou que os produtos ofertados vêm com descrições técnicas específicas – caso do varejo de autopeças, por exemplo. O ideal é iniciar esse processo por meio das redes sociais e dos marketplaces e, com mais experiência, avançar para uma plataforma própria de vendas.

Outras mudanças observadas ao longo da pandemia e que podem permanecer em médio e longo prazos é a preferência por métodos de pagamento a distância, como o QR Code e Near Field Communication (NFC); e o crescimento do “faça você mesmo”, decorrente da necessidade de manter o isolamento social, incentivando as pessoas a executarem tarefas antes realizadas por terceiros. Vimos que essa tendência até mesmo afetou diversos setores – como o de supermercados, quando se passa a cozinhar mais em casa; o de materiais de construção, com reparos, pequenas reformas e ajustes na decoração, etc. Além disso, a adoção do home office, evidenciando mais conforto, flexibilidade e produtividade dessa modalidade de jornada, beneficiou alguns segmentos varejistas, como o de informática e o de móveis.

Não há dúvidas de que o comércio varejista foi um dos setores mais impactados pela pandemia, com algumas atividades exibindo quedas de 80% em sua média diária de faturamento. Contudo, algumas boas notícias do ponto de vista macroeconômico podem ajudar o setor a recuperar o tempo perdido.

No mercado de trabalho, por exemplo, os números mais recentes têm se mostrado melhores que o esperado, indicando que as medidas de flexibilização da legislação trabalhista surtiram o efeito positivo. Além disso, o crédito começa a chegar ao caixa das empresas e, com a criação de linhas lastreadas em fundos garantidores e a liberação de saque de uma parcela do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), as vendas devem alavancar. Mas, de qualquer forma, o cenário para os próximos meses segue desafiador.

*assessor econômico da FecomercioSP, economista e pós-graduado em Relações Internacionais


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