Trabalho remoto cai pela primeira vez com flexibilização do distanciamento social -

Trabalho remoto cai pela primeira vez com flexibilização do distanciamento social

Quase 700 mil pessoas podem ter voltado ao trabalho presencial.
De Agência IBGE de Notícias

Pela primeira vez, o número de pessoas ocupadas que trabalhavam de forma remota caiu, passando de 8,9 milhões na primeira semana de julho, para 8,2 milhões na segunda semana. Isso significa que cerca de 700 mil pessoas podem ter retornado ao trabalho presencial com a flexibilização das medidas de distanciamento social. Os dados são da edição semanal da PNAD COVID19, divulgada hoje (31) pelo IBGE.

“Essa é a primeira queda significativa nesse grupo desde o início de maio, quando a pesquisa começou. A redução foi observada tanto em valores absolutos (643 mil) quanto percentuais (11,6%) e reflete o que já estamos vendo, que é o retorno de parte dessas pessoas aos seus locais de trabalho antes da pandemia”, disse a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

Na segunda semana de julho, continuou caindo o grupo de pessoas que estava temporariamente afastado do trabalho devido ao distanciamento social, 1,2 milhão a menos na comparação com a semana anterior (8,2 milhões). Por outro lado, aumentou em 623 mil as pessoas que alegam motivo diferente do distanciamento para estarem afastadas do trabalho, totalizando 3,1 milhões.

“O distanciamento social vem deixando de ser motivo para o afastamento das pessoas do trabalho. Elas estão alegando outras razões, como licença para tratamento de doença e licença maternidade, por exemplo. Nesse grupo, há ainda pessoas que podem ter sido dispensadas do trabalho”, analisa Maria Lúcia, acrescentando que cerca de 10,1 milhões de pessoas estavam afastadas do trabalho na segunda semana de julho. No início de maio, eram 20 milhões

Chega a 19,2 milhões número de pessoas que não buscaram trabalho devido à pandemia

A pesquisa mostra também que ficou estável o número de pessoas que gostaria de trabalhar, mas não procurou trabalho devido à pandemia ou por falta de trabalho na localidade em que vive (19,2 milhões). Depois de uma queda em junho (17,3 milhões), esse grupo voltou ao patamar do início de maio (19,1 milhões).

Com isso, na segunda semana de julho, a taxa de desocupação ficou em 13,1%, o que corresponde a 12,2 milhões de pessoas sem trabalho. A ocupação também pouco variou na mesma semana, frente a anterior, somando 81,1 milhões de pessoas, mas esse número é menor que o da primeira semana de maio (83,9 milhões). Menos da metade da população (47,6%) estava trabalhando na segunda semana de julho.

Já a taxa de trabalhadores na informalidade ficou em 34,0%, atingindo 27,6 milhões de pessoas. No início de maio, eram 29,9 milhões.

Entre os informais estão os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.

Três milhões de pessoas com sintomas buscaram atendimento médico

A PNAD COVID19 mostra ainda que das 13,9 milhões de pessoas que se queixaram de algum dos sintomas de síndrome gripal, cerca de 3,0 milhões buscaram atendimento médico na segunda semana de julho. Esses dados ficaram estáveis na comparação com a semana anterior, mas são menores que os registrados no início de maio (26,8 milhões e 3,7 milhões, respectivamente).

Dor de cabeça foi o sintoma mais recorrente (6,3 milhões), seguido por nariz entupido ou escorrendo (5,1 milhões), tosse (4,4 milhões), dor muscular (3,6 milhões), dor de garganta (3,5 milhões), fadiga (2,4 milhões), perda de cheiro ou de sabor (1,7 milhão), dificuldade de respirar (1,7 milhão) e dor nos olhos (1,5 milhão).

Entre os cerca de 3,0 milhões de pessoas que tiveram algum desses sintomas e buscaram atendimento, 45,9% disseram ter buscado atendimento médico em postos de saúde públicos, 20,3% em prontos-socorros e outros 17,9% em hospitais do SUS. Já na rede privada, 10,6% procuraram ambulatório ou consultório privado ou ligado às forças armadas, 4,4% foram para prontos-socorros privados e 13% para hospitais privados.

Ao todo, 914 mil buscaram atendimento em hospital, público, particular ou ligado às forças armadas, e 124 mil ficaram internados.

Entre as pessoas que tiveram algum sintoma, 78,8% não procuraram nenhum estabelecimento de saúde na segunda semana de julho. Já 57,4% tomaram remédio por conta própria. Outros 13,4% tomaram medicamento com orientação médica. Além disso, 4,6% ligaram para algum profissional de saúde e 2,3% receberam visita de algum profissional de saúde do SUS.

A PNAD COVID19 é uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada com apoio do Ministério da Saúde, para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal. O IBGE faz divulgações semanais e uma mensal da pesquisa, que se enquadra como um dos produtos das Estatísticas Experimentais.


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