Ainda que possua vontade de inovar e formação para tal, a nova geração pode esbarrar no apego do empresário fundador ao negócio – bem como em sua atitude conservadora. De acordo com o sócio-diretor da GS&BGH, Marcos Hirai, o conflito de gerações é algo muito forte e pode adiar perigosamente a sucessão para o momento extremo da morte dos membros da geração atual. “O fundador, muitas vezes, tem uma visão conservadora. Mesmo vendo que o filho se preparou e teve conquistas fora da empresa familiar, ele acaba enxergando as mudanças como algo perigoso para o futuro de sua empresa, de modo que acaba adiando a sucessão e, pior, a delegação de reponsabilidades até o último momento. Muitas vezes nem por medo, mas por apego”, analisa.
De volta ao varejo de autopeças, a paulistana Jocar, fundada em 1971, é exemplo de empresa que desde cedo apostou em um modelo consistente e profissional de transição sucessória e, por isso, já colhe os resultados da mescla entre inovação trazida pela segunda geração e manutenção da cultura propiciada pela participação ainda ativa de seu sócio fundador, João Sirvente.
De acordo com o filho mais velho do empreendedor, Moisés Sirvente, sua entrada no negócio ocorreu há exatos 20 anos, antes mesmo de graduar-se como Engenheiro Civil na Escola Politécnica da USP – Universidade de São Paulo.
De lá para cá, ao lado de seus irmãos Daniel e Raquel, Moisés e a segunda geração transformaram diversos processos da empresa – adicionando o know-how tecnológico necessário para que a Jocar pudesse se manter competitiva na era digital. “Digitalizamos o sistema de controle da loja, adicionamos o ERP, fizemos com que os pagamentos fossem todos automatizados via-computador e, claro, inauguramos nosso e-commerce”, relata, antes de brincar sobre a possível situação que a loja estaria sem o apoio dele e de seus irmãos: “Se dependesse do meu pai, em dia de pagamento ainda estaríamos indo ao banco depositar conta por conta. Como era antigamente”.
