Um Brasil novo e melhor em 2019 -

Um Brasil novo e melhor em 2019

Com crescimento econômico, juros estáveis, inflação baixa e livre das amarras impostas pelo Estado, setor produtivo pode esperar por um ano melhor

 

Por Redação Novo Meio ([email protected])

 O Brasil experimentou em 2018 acontecimentos importantes, com destaque para a Copa do Mundo, as eleições gerais de outubro e a greve dos caminhoneiros realizada no mês de maio, eventos que impactaram muito os resultados das empresas no ano passado.

Do mais importante deles, as urnas, recebemos a mensagem inequívoca do desejo de renovação de práticas e pessoas no cenário político e econômico do país, transmitido por eleitores movidos por um impulso de mudança e expectativa de transformação no modelo de gestão governamental.

Nasceu a esperança de um novo Brasil, mais liberal e menos intervencionista, mais ético e menos burocrático. Um Brasil em que a moral se torna valor inegociável e em que a corrupção, em qualquer nível da sociedade, não pode mais ser tolerada.

Com o objetivo de confirmar essas expectativas e apurar as tendências para este novo Brasil, a cerimônia de homenagens aos vencedores do Prêmio Inova promoveu o Debate Perspectivas Inova 2019. Foram convidados especialistas formadores de opinião para oferecerem seus pontos de vista e esperanças para o país neste novo ano.

Apesar dos desafios ainda a vencer – como a aprovação das tão necessárias e urgentes reformas, em especial a da Previdência – a expectativa, confirmada também pelas indústrias de autopeças que opinaram após o debate, é de que teremos de fato um Brasil melhor este ano. A mediação das discussões foi do jornalista Celso Zucatelli. A seguir, você acompanha os melhores momentos do encontro.

O NASCIMENTO DE UM NOVO BRASIL

JASON VIEIRA – Pela primeira vez em muitos anos nós temos uma perspectiva em relação ao futuro que endereça mazelas antigas do Brasil e que todos os governos desde a redemocratização não haviam feito. Algumas ações importantes já tiveram inicio durante o governo de Michel Temer, como as propostas de reforma da Previdência, reforma tributária, e outras iniciativas que servem ao avanço do Brasil. Havia muito ceticismo em relação ao nome de Jair Bolsonaro para presidente, inclusive de minha parte. Mas a perspectiva para 2019 é de aprovação de reformas no sentido de desburocratização, esse é um dos pontos mais importantes, tentar se reduzir o impacto da matriz tributária brasileira. Muito importante também vai ser o processo de abertura econômica.

ALEXIS FONTEYNE – Eu ainda sou empresário, fui eleito, mas não tomei posse, eu não conheço Brasília ainda. Mas temos uma renovação interessante. Há o mito de que a renovação foi de 50%. Não é verdade. A renovação de fato está em 17%. São pessoas que, em muitos casos, vieram do setor produtivo e estão se propondo a ir a Brasília para fazer as reformas. São 17% barulhentos, pessoas que têm conexão com a realidade dos empresários brasileiros. Eu mesmo estava na minha empresa, mas não conseguia mais suportar ver na televisão políticos como uma presidente que queria estocar vento, que saudava a mandioca ou procurava a mulher sapiens. Isso envergonhava tanto nós brasileiros que produzimos que eu tomei a decisão de ir para a política. Vários movimentos nasceram e cresceram nos últimos tempos visando à descoberta de talentos para política, inclusive um muito bom que é o Renova BR, do Eduardo Murafej, que está procurando pessoas na sociedade que precisam do apoio para serem candidatas, porque não é barato e não é fácil.

RODRIGO CARNEIRO – Eu como cidadão espero que a gente possa ter um país que corresponda àquilo que ele é de fato; uma vez o Mailson da Nóbrega falou num evento algo que achei interessante: há coisas que surgiram para dar errado e deram certo, e outras que tinham tudo para dar certo e deram errado. Quando você olha para o Japão, que não tem minério, não tem terras agricultáveis ou pastoráveis e não tem petróleo, tinha tudo para dar errado e deu tudo certo. Aí você pega a Argentina que tem tudo isso e tinha tudo para dar certo e deu tão errado. Eu falei dos Argentinos para não falar um pouco da gente também. Então eu tenho esperança de ainda ver um Brasil melhor para mim. Meus filhos certamente terão, até porque eles são responsáveis por fazer isso melhor, mas eu também queria ter uma chance. Eu espero que realmente a partir de novas lideranças, que pensem como o Novo vem pensando, possamos ter um Brasil mais decente, que a gente tenha orgulho de representar.

CRESCIMENTO ECONÔMICO E MERCADO DE REPOSIÇÃO

JASON VIEIRA – Pelo prisma econômico as perspectivas para 2019 já são de quase o dobro do crescimento que será apresentado para 2018. É quase inercial essa perspectiva de crescimento. Então, estamos esperando um crescimento de, no mínimo, 2,5% para 2019. Ao mesmo tempo, isso demanda que o Congresso tenha posicionamento muito firme no sentido da aprovar as reformas. E rumo a um processo liberalizante – vou deixar um pouco a palavra liberal de lado para evitar confusões.

RODRIGO CARNEIRO – Dias atrás eu estava conversando com o presidente de uma indústria sobre uma tese que eu tenho que é a comoditização do produto e o que ela representa no nosso negócio. E ele chamou a atenção para o fato de o próprio veículo já estar comoditizado.  O que você tem numa marca ou modelo de veículo que o correspondente da mesma horizontal não tem? Agora haverá certa descomoditização com a conectividade e o automatismo desses veículos e as novas tecnologias de propulsão. O impacto disso ainda vai demorar um pouco, muito embora a gente já comece a ver em alguns países uma presença importante dos veículos elétricos. Mas o crescimento da frota brasileira nos últimos anos nos permite identificar matematicamente com clareza uma expansão orgânica, portanto temos ainda algum tempo. Mas eu preciso registrar mais uma vez minha preocupação com a evolução tecnológica dos processos de comercialização e o quanto eventualmente nós estamos despreparados. A Amazon está comercializando peças, entregando e colocando este item dentro do porta-malas do carro do cliente onde ele estiver. Estamos falando de um modelo de comercialização, de um canal de venda eletrônica, que tende a crescer, por mais que a gente não queira admitir. E de uma tecnologia em que o vendedor tem acesso ao porta-malas do carro do cliente.

JASON VIEIRA – Talvez alguns setores não se sintam felizes pela abertura econômica porque nós temos um problema grave de produtividade no Brasil, e aí a competição internacional se torna difícil. E acabou a época de se ter produtividade pelo câmbio. Isso não vai mais acontecer no Brasil. Olhando para 2019 temos um cenário desafiador em termos de juros, principalmente, porque nós estamos agora em um momento inédito. Todas as liberdades que o Temer deu para a equipe econômica nos colocaram numa situação em que temos uma taxa de juros no patamar mais baixo, estamos com a sétima taxa de juros real no ranking global. Ou seja, não vamos mais atrair capital internacional para o mercado financeiro, nós vamos atrair o capital internacional para o capital produtivo. Com a inflação e a taxa de juros baixas nós podemos ter para 2019 o desafio de simplesmente não mexer com os juros. Eu estou propondo para os senhores aqui o seguinte: em 2019 podemos passar o ano inteiro com uma taxa de juros de 6,5% ao ano. Isso significa que o banco vai começar a cobrar menos? Ainda não. Nós temos um problema de concentração bancária no Brasil, mas ao mesmo tempo tivemos ações pouco notadas por parte do Ministério da Fazenda e do Banco Central no sentido da expansão do crédito, vocês veem maquininhas de cartão em tudo quanto é lugar, o pessoal do comércio varejista sabe bem a importância que isso teve na redução do custo de juros para o comércio. Então, uma das pontas da taxa de juros conseguimos cortar. A outra foi a TLP – Taxa de Juros de Longo Prazo. Outra coisa, o BNDES agora está um pouco de lado para que o setor privado cuide disso. O BNDES foi responsável por aniquilar o mercado de debêntures no Brasil nos últimos anos, ou seja, as empresas não emitiam mais dívida com um custo mais baixo. Agora é a vez das empresas mostrarem que são sólidas, emitirem dívidas, terem a confiança do mercado, o mercado comprar essas dívidas privadas, sustentar a expansão dessas empresas e o crescimento econômico. Então parte do desafio que temos este ano é juros estáveis, com crescimento econômico e uma inflação baixa. Mas nós temos o contexto de que podemos ter um 2019 com maior liberdade econômica, com abertura econômica, de modo que seja um ano excepcionalmente melhor no setor produtivo.

ARTICULAÇÃO POLÍTICA E REFORMAS

 ALEXIS FONTEYNE – Nas questões de economia e de segurança o Bolsonaro calçou a sandália da humildade – não entende do assunto, não vai trabalhar com isso. Na questão política o problema é que o PSL era um partido muito pequeno antes da eleição. E quando entrou aquele monte de gente como candidato pelo PSL percebendo que era uma legenda que ia arrastar muita gente – como arrastou – eles não tinham internamente um processo seletivo, de trabalhar culturas. Eu mesmo para ser candidato do Partido Novo participei durante um ano de um processo seletivo e hoje os oito eleitos para deputado federal do Novo tem uma grande unidade. E agora a verdade mostra o que está acontecendo, são pessoas vaidosas. Eu não gosto muito disso, estamos indo para a política para fazer o Brasil crescer e não para ficar ao lado de pessoas que tenham excesso de vaidade. Isso não ocorre no Partido Novo. Acho que, no geral, a escolha dos ministros foi boa, mas vai ser preciso um capital político forte para colocar essa turma para funcionar. O Onyx Lorenzoni eu não conheço, mas o que a gente ouve é que falta um pouco a ele essa capacidade de colocar ordem na casa. Espero que consiga fazer isso rapidamente porque, caso contrário, a mídia começa a se aproveitar – brigas, armadilhas, e isso não é bom.

RODRIGO CARNEIRO – Talvez comecemos a ter um outro jeito de fazer política e administrar um negócio chamado Brasil. Dentro desse novo cenário desejado, em nosso mercado continuamos com baixíssima capacidade de nos fazer representar, de uma maneira única, clara, objetiva, estruturada, com um propósito honesto, justo, transparente. Nós temos questões estruturais no nosso negócio. Temos uma lei aprovada dos desmanches, uma coisa indecente, tínhamos até ontem o Detran de São Paulo divulgando no seu site lojas de autopeças autorizadas a vender peças usadas de origem duvidosa. Nós tivemos uma aprovação esdrúxula da noite para o dia no Congresso Nacional, via Senado, dessa lei dos desmanches. Nós não conseguimos evoluir na inspeção veicular – e são 60 mil pessoas morrendo todos os anos por acidentes de trânsito. Mesmo com todo o esforço de tantas pessoas que têm se dedicado, doado seu tempo pessoal e investido recursos próprios em Brasília, nós talvez não tenhamos conseguido nos fazer representar. Num novo cenário político, com pessoas mais preparadas para cuidar dos assuntos de Estado, amplia-se a capacidade de formar uma unidade de propósitos, objetivos claros – e que saibamos fazer isso com representatividade.

JASON VIEIRA – Em relação ao Lorenzoni, eu também tenho minhas dúvidas quanto à capacidade dele como gestor político; mas eu tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o general Santos Cruz (ministro-chefe da Secretaria de Governo) e vai ser difícil os deputados passarem por ele. É uma pessoa muito esclarecida e que entende as questões hierárquicas. Na verdade, mesmo havendo uma renovação percentual no parlamento você ainda tem a velha política agindo lá dentro de maneira a manter seu status quo. Se o PSL se colocar um pouco em seu devido lugar, o Congresso começa a trabalhar melhor as propostas. Eu tenho certeza que o Novo vai aprovar a maioria das medidas necessárias colocadas em pauta. O PSDB também, assim como a maioria dos partidos do “centrão” e a maioria das bancadas. É necessário aprovar a reforma da Previdência, o Brasil é um dos países em que mais as pessoas se aposentam cedo. Mas, observando as condições de vida, o país evoluiu muito e as pessoas estão vivendo mais – se um profissional se aposenta com 50 anos ela vai contribuir com 25 anos e consumidor por outros 25, isso não existe em lugar nenhum do mundo. Essa pessoa vai ter que trabalhar mais tempo. Que sorte se eu puder trabalhar até os 65 ou 70 anos. Esse deve ser o objetivo do ser humano.

O ESTADO É ADVERSÁRIO DO EMPRESÁRIO BRASILEIRO?

JASON VIEIRA – Eu já fui CFO de algumas empresas quando trabalhei com recuperação judicial e é uma situação infeliz. As empresas estão no seu pior momento, em busca de um fio de esperança de recuperação, e a gente descobre que o Estado foi um dos maiores detratores desses negócios. Muitas vezes eu via nas empresas uma situação absurda de não se entender a matriz tributaria brasileira. A questão da substituição tributaria de ICMS nos estados beira o ridículo. O Estado acaba punindo pessoas não porque elas descumpriram regras de maneira ilegal, mas sim porque elas descumpriram regras porque o sistema é tão complexo que elas nem notaram que descumpriram as regras.

ALEXIS FONTEYNE – O recado que eu dou para os empresários é: se envolvam com a política. Não existe vácuo na política, o preço que nós pagamos por não nos envolvermos na política é sermos governados por quem se interessa, e a gente viu quem se interessou nos últimos tempos. Os sindicatos muitas vezes nos impõem condições quase que matam nosso negócio, e eles tinham muito dinheiro porque havia o famoso imposto sindical. E nós sempre muito tímidos. Falo aqui claramente, acho que a Fiesp está faltando em sua missão de defender o setor produtivo. Vejam criações como a substituição tributária, o diferencial de alíquota. Quem aqui não vende para outro estado e tem que ficar recolhendo guia no diferencial de alíquota para que o caminhão possa sair? Ninguém levanta a mão contra isso. Fica a Receita Federal impondo condições, nós estamos com um fluxo de caixa completamente furado, a gente paga imposto muito antes de ter recebido de qualquer fornecedor e se não receber vai pagar imposto do mesmo jeito. Então, inquieto, inconformado e indignado me propus a ir para a política para poder fazer o papel que nós precisamos, como um representante das categorias produtivas. O Partido Novo e os deputados que elegeu são extremamente favoráveis à causa da produção, porque eles sabem que é produzindo e gerando riquezas que nós vamos acabar com a pobreza do Brasil. Não é o governo que vai gerar mais empregos, somos nós. E nós estamos com medo do estado, nós temos medo do fiscal, temos medo da Receita Federal, do Ministério Público. Precisamos nos unir.

O LIBERALISMO ECONÔMICO É UMA BOA PROPOSTA PARA O BRASIL?

JASON VIEIRA – Tenho total crença num projeto liberal para o país. E quando eu falo em liberalismo é importante notar que o liberalismo econômico não é aquela visão que muitas vezes a esquerda tenta colocar, aquele liberalismo pesado, com zero estado e tudo livre, ditado pelo mercado. Isso é uma visão um pouco reducionista e também um pouco infantil do que seria o liberalismo econômico. E o mais importante: liberalismo econômico é algo que nós nunca experimentamos no Brasil. Eu digo que o Brasil nunca foi um país capitalista, sempre foi uma economia fechada com intervenção estatal. Finalmente nós talvez tenhamos chegado agora ao ponto de experimentar a liberdade econômica. A liberdade que evita com que efetivamente o estado seja um empecilho ao empreendedorismo, que o estado evite ser o criador de problemas para se tornar o gerador de soluções para problemas que não verdade nunca existiram.

ALEXIS FONTEYNE – Talvez o livre mercado ponha medo em alguns. Mas o Paulo Guedes é muito bom. Não vamos simplesmente chamar o chinês. Nós estamos com uma bola de aço em cada pé e com as mãos amarradas. Nós precisamos tirar essas amarras, nos tornar competitivos. Peçam a nós deputados do Partido Novo tudo o que venha a gerar produtividade, que faça com que vocês ganhem escala, que vocês possam brigar com qualquer outra nação. Desburocratização, reforma do sistema tributário, reforma da Previdência, um Estado enxuto e eficiente. E que o Estado saia do setor produtivo e deixe a gente trabalhar em paz.

 

AS CRISES NA ARGENTINA E FRANÇA COMO OBSTÁCULOS À IMPLANTAÇÃO DO LIBERALISMO ECONÔMICO NO BRASIL

JASON VIEIRA – Os problemas na Argentina decorrem de uma grande inabilidade política do presidente Mauricio Macri. Ao invés dele insistir em algumas pautas importantes no Congresso, ele recuou de muita coisa. Ou seja, ali falhou a implantação do ideal liberal. Foi exatamente a falha na implantação do ideal liberal que levou a um problema na Argentina. Eu acho que a Argentina, na verdade, tem um problema mais grave: ela precisa, antes de aplicar o liberalismo, aplicar um Plano Real. Eles têm um problema de inflação e indexação muito semelhante ao nosso. Aliás, a indexação é uma das questões que eu já conversei com a equipe econômica e ela vai ser endereçada legalmente de modo a ser retirada do Brasil. Quanto à França, houve algo semelhante ao que aconteceu com o Macri. O Emmanuel Macron também cedeu e recuou em alguns pontos muito importantes. Então, o problema desses dois países não é o liberalismo, é exatamente não conseguirem implantar o liberalismo, daí vem a responsabilidade do nosso deputado aqui.

ALEXIS FONTEYNE – Eu tenho a mesma visão. A questão do liberalismo é a seguinte: quando ele é muito puro, esquece que nós já temos instalada uma turma de excluídos da sociedade – foram excluídos pelo sistema tributário, pelo sistema educacional, pelo próprio estado. Eu digo até que, agora que acabou a eleição, precisamos cuidar nordeste. Porque na eleição vimos claramente a mancha vermelha, que é a pobreza. Em termos sociais, precisamos cuidar dessa população e resgatá-la, liberta-la – a palavra é libertação da pobreza, que continua. Porque com mais de 20 anos de socialistas no governo eles não resolveram o problema, na verdade o alimentaram – o economista liberal Rodrigo Constantino diz que a esquerda gosta tanto dos pobres que os multiplica. Para acabar com isso, temos que gerar empregos nesses rincões de pobreza, ver a competência da região e começar a implantar a solução. A questão do liberal é que ele tem a tendência de achar que tudo se resolve com a seleção natural. Não dá. Temos que saber cuidar da área social. Com isso a gente tira a pauta da esquerda. Não existe melhor programa social que o emprego, como disse Ronald Reagan.

RODRIGO CARNEIRO – Eu não concordo que a Argentina venha a ser o Brasil amanhã. A Argentina até evoluiu um pouco no aspecto liberal. O grande problema do pensamento liberal no Brasil, e eu brinquei um pouco com isso, penso que seja a educação, a formação. Eu acho que a gente pode ter um governo liberal, em que as relações do capital com o trabalho – se é que ainda se pode falar assim – podem formar uma equação com uma resultante melhor se houver um bom programa educacional no Brasil.

ALEXIS FONTEYNE – A educação foi tema na minha campanha, ensinar a pescar, a capacitação. Mas não adianta só ensinar a pescar, a gente precisa ter o ambiente da pescaria, caso contrário os talentos que a gente desenvolve no Brasil vão pescar em outros países. E perdemos tantos talentos porque não há ambiente. É isso que a gente quer ter. Sistema tributário justo, desburocratização, simplificação dos processos, licenças e outras coisas. Então, só para completar, a educação é fundamental, mas precisamos do ambiente para desenvolver todos esses talentos que a gente tem no Brasil.

 

MENSAGEM FINAL

ALEXIS FONTEYNE – Minha mensagem final é muito simples: se envolvam com a política, procurem entrar em partidos, pesquisem os partidos, o Brasil é nosso. Basta tomar posse. E são as pessoas de bem que precisam tomar posse. A gente deixou esse país na mão de outras pessoas enquanto estávamos cuidando do nosso negócio. Mas tem uma coisa boa: as elites brasileiras não abandonaram o país, ao contrário do que aconteceu na Venezuela. Portanto, parabéns, vocês são os heróis do Brasil. Ocupem os espaços.

RODRIGO CARNEIRO – Eu vou insistir sempre em uma questão que a gente precisa considerar. Não há outro país no mundo com o número de pontos de venda e aplicadores de autopeças como tem o Brasil. Temos uma indústria automotiva que no final da década de 1970 já produzia itens para a indústria alemã de veículos. Nós temos capacidade de produção, inteligência e competência. O que precisamos fazer melhor é usar os recursos tecnológicos e de inteligência competitiva e nos fazer representar. Eu continuo acreditando muito no nosso segmento de negócios. Agora precisamos nos fazer representar e agregar valor e não desagregar valor como a gente vem fazendo. Eu insisto: ainda estamos aqui mesmo com um modelo tributário que nos desfavorece sobremaneira, mesmo tendo como competidor no canal de venda a montadora do veículo – que aqui por vias que eu particularmente acredito que não são as mais claras, tem uma margem de valor agregado diferente da nossa, ou seja, a eles é dado o direito de competir em melhores condições sobre um tributo, o que é de um desequilíbrio fiscal absurdo. Somos grandes heróis, como disse o deputado, porque a gente ainda faz. Um mercado de reposição com capacidade de manter a frota de veículos melhor do que qualquer outro país. Portanto parabéns e continuem investindo em tecnologia de produção e de gestão.

JASON VIEIRA – Estamos diante de um mundo novo, em diversos sentidos, mas o sentido mais importante no Brasil é a tendência e expectativa – ou, ao menos, a esperança – de que vamos passar por um processo de revisão de todo o sistema burocrático do país, que penaliza a sua indústria. Não tenham medo da competição, a competição é saudável, não vai fazer a vida de ninguém mais fácil, mas vai fazer do futuro mais fácil. Vai aumentar a competição, a abertura comercial é uma realidade, ela não depende de Congresso, vai ser uma das bandeiras desse novo governo, mas ao mesmo tempo eles também querem tirar as amarras que o próprio governo cria, o que proporcionará a nossos empresários as condições de competitividade que existem no exterior. O Brasil tem excelência em diversos setores, entre eles a engenharia, mas precisa também ter suas amarras soltas. Então temos perspectivas importantes de agora em diante, não é um cenário exatamente fácil, mas talvez seja um cenário melhor.


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