Um mercado em curto-circuito -

Um mercado em curto-circuito

Seria necessário um espaço muito maior do que esta página para listar todos os problemas que a indústria da eletrificação começou a enfrentar já no segundo semestre do ano passado.

Grande parte do mundo civilizado já entendeu a importância do processo de descarbonização e proteção ao único planeta que temos para viver. Em complemento, governos ocidentais desejam reduzir ou eliminar a dependência do petróleo, produzido essencialmente por países controlados por ditaduras tirânicas e/ou imprevisíveis.

Disso tudo resultaram legislações que condenaram os motores a combustão ao papel de vilões do meio ambiente. Sem entrar aqui no mérito – porque, afinal, a questão abriga controvérsias –, o setor automotivo caminha com ações concretas para a substituição da tecnologia que se consagrou há mais de um século pela propulsão 100% elétrica, no chamado mundo desenvolvido, ou híbrida em regiões como a América do Sul e Índia. Mas não existem soluções simples para questões complexas. Não basta uma canetada de governantes e legisladores para, por exemplo, convencer os consumidores que vivem na União Europeia que devem comprar exclusivamente carros elétricos a partir de 2035. De fato, não é assim que funciona.

Nas primeiras semanas de 2024, as consequências desse açodamento ganharam visibilidade. Quem acompanha informações publicadas aqui e em diversas mídias vem se deparando com uma infinidade de más notícias que, ao que tudo indica, colocam definitivamente em xeque os prazos estabelecidos para a substituição total dos combustíveis fósseis pela eletrificação. Seria necessário um espaço muito maior do que esta página para listar todos os problemas que a indústria da eletrificação começou a enfrentar já no segundo semestre do ano passado. Mas há pontos de partida para a compreensão da atual conjuntura: com o surgimento de legislações restringindo e, futuramente, banindo o motor a combustão, incentivos governamentais para a aquisição dos elétricos, redução nos preços ao consumidor e pressão da mídia e formadores de opinião, a frota dos BEVs (Battery Electric Vehicle) cresceu em proporções até então inéditas.

Com o aumento significativo deste parque automobilístico, naturalmente problemas que antes eram isolados começaram a ganhar escala. E o que havia de errado com a corrida rumo à eletrificação se multiplicou em proporção geométrica. Falta de infraestrutura para reabastecimento, autonomia ainda abaixo do necessário para longos percursos, dificuldades e custos elevados na manutenção, carros que simplesmente não funcionam a baixas temperaturas, automóveis sofrendo combustão espontânea, desvalorização expressiva no preço de revenda e falta de estratégias para descarte de carros e baterias foram – mais uma vez, de forma resumida em razão do espaço aqui – fatores determinantes para as notícias que temos lido quase que diariamente. E quais são? Redução drástica dos investimentos de muitas montadoras nos EVs, cemitérios de veículos sucateados tão grandes que podem ser vistos do espaço, suspensão de IPOs no setor, queda nas expectativas de vendas em países como, por exemplo, a Alemanha, consumidores profundamente insatisfeitos, locadora trocando elétricos por carros a gasolina… acabou meu espaço!

Moral da história: com o mercado em curto-circuito, é hora de uma pausa para reavaliar planos e prazos. Parece claro agora que muita água ainda passará por debaixo dessa ponte


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