O Pix por aproximação e o Pix Parcelado começam a impactar a forma como os brasileiros realizam pagamentos, trazendo mais agilidade e acessibilidade tanto para consumidores quanto para o varejo.
O avanço dessas soluções acontece em um cenário no qual o Pix já se consolidou como o meio de pagamento mais utilizado no país. Para se ter uma ideia, uma pesquisa sobre a intenção de compra dos brasileiros no Dia do Consumidor mostrou que 54% deles tinham a intenção de pagar com o Pix, número que superou com folga o cartão de crédito, que caiu para 28% da preferência – em uma inversão significativa em relação ao ano anterior.
Mas a evolução do Pix não se limita à rapidez na finalização das compras. Implementado pelas fintechs, o Pix Parcelado democratiza o acesso ao crédito para um público que, muitas vezes, encontra barreiras no sistema bancário tradicional. Um levantamento recente revelou que apenas 58% da classe média e 40% da população de baixa renda possuem cartão de crédito, evidenciando uma demanda reprimida por opções de parcelamento mais inclusivas.
Para entender melhor o impacto dessas mudanças e as oportunidades que elas criam para o varejo, conversamos com Thiago Zaninotti, CTO & CPO da Celcoin. Ele nos explicou como o Pix por aproximação pode eliminar barreiras no pagamento físico e como o Pix Parcelado está ajudando a democratizar o crédito.
“O Pix por aproximação torna o pagamento físico tão simples quanto usar um cartão. Com a eliminação de etapas no processo de checkout, sua adoção tende a crescer rapidamente”, destaca Zaninotti.
Na entrevista a seguir, ele detalha os desafios e oportunidades dessas inovações para consumidores e varejistas. Confira a conversa na íntegra abaixo:
NOVOVAREJO – Qual impacto você acredita que o Pix por aproximação terá no varejo – em termos de diminuição das fricções na hora da compra?
Thiago Zaninotti – O Pix por aproximação representa uma evolução significativa na experiência de pagamento no varejo físico. Enquanto no ambiente digital a diferença entre usar Pix ou cartão já era pequena, no mundo físico ainda existia uma fricção: era necessário copiar e colar códigos, acessar o aplicativo bancário e autorizar a transação. Com o Pix por aproximação, eliminamos essa barreira.
O impacto será substancial. O processo se torna tão simples quanto usar um cartão – basta cadastrar a sua conta bancária com Pix, dar o consentimento na carteira digital e aproximar o celular. Esta redução de fricção deve impulsionar ainda mais a adoção do Pix em estabelecimentos físicos, beneficiando tanto consumidores quanto lojistas, que recebem o valor em tempo real e com custos operacionais reduzidos.
NOVO VAREJO – Como garantir que este novo mecanismo seja seguro tanto para os consumidores quanto para os varejistas?
Thiago Zaninotti – A segurança do Pix por aproximação depende de múltiplas camadas de proteção. Para os consumidores, recomendamos ativar todas as configurações de segurança disponíveis nas carteiras digitais, incluindo PIN e biometria para autorizar transações. É fundamental também configurar limites diários e por transação, reduzindo possíveis perdas em caso de incidentes.
Para os varejistas, os sistemas de pagamento devem implementar verificações adicionais em transações de maior valor. O Banco Central vem aprimorando constantemente os mecanismos de segurança, como o Mecanismo Especial de Devolução, que facilita o estorno em casos suspeitos.
Na Celcoin, reforçamos a importância da verificação do valor antes da aproximação e da conferência do recebimento pelo lojista. A combinação de tecnologia segura com práticas conscientes de uso minimiza significativamente os riscos tanto para consumidores quanto para estabelecimentos.
NOVO VAREJO – Um dos movimentos que têm surgido no país é o avanço do Pix Parcelado oferecido por fintechs. Você acredita os motores de análise de crédito, com funcionamento diferenciado em relação aos utilizados pelos bancos tradicionais na análise dos cartões de crédito, podem ajuda democratizar o acesso ao parcelamento no país?
Thiago Zaninotti – Sem dúvida. O Pix Parcelado democratiza o acesso ao crédito e representa uma revolução nesse sentido. E o grande diferencial da Celcoin está na infraestrutura que permite que nossos clientes utilizem essa solução dentro do próprio ecossistema. Diferentemente dos incumbentes, não apenas fornecemos o crédito, mas também viabilizamos sua utilização direta em um ambiente onde os participantes – parceiros, clientes e fornecedores – já são conhecidos.
Isso aumenta a assertividade na concessão, pois a análise considera um contexto transacional mais rico e confiável, reduzindo riscos e ampliando o acesso ao parcelamento para públicos que, pelos critérios convencionais, teriam dificuldades em obter crédito.
Considere, por exemplo, empreendedores informais ou profissionais autônomos com renda variável – perfis frequentemente negligenciados pelo sistema bancário tradicional. Acreditamos que essa abordagem, aliada ao uso de fontes alternativas de dados e algoritmos avançados, democratiza ainda mais o acesso ao crédito e fortalece todo o ecossistema financeiro.
Essa transformação tem o potencial de incluir milhões de brasileiros no mercado de crédito formal, oferecendo condições justas e transparentes, e impulsionando o consumo parcelado no país.
NOVO VAREJO – Essas soluções já estão disponíveis para os varejistas de todos os portes? Como você vê o atual cenário das taxas de transação envolvidas neste cenário?
Thiago Zaninotti – As soluções de Pix Parcelado já estão chegando ao mercado para varejistas de diferentes portes, mas ainda estamos no início desta jornada. O que observamos é uma adoção inicial por parte de médios e grandes lojistas, com expansão gradual para os pequenos negócios conforme a tecnologia amadurece.
Quanto às taxas, estamos vendo um cenário positivo de competição saudável. As taxas de transação do Pix Parcelado tendem a ser significativamente menores que as praticadas no cartão de crédito tradicional, beneficiando diretamente os lojistas. Para o consumidor final, isso se traduz em potenciais descontos ou condições mais vantajosas.
O diferencial está na estrutura de custos. Como o Pix tem uma infraestrutura mais eficiente e gerida pelo Banco Central, os custos operacionais são reduzidos, permitindo taxas mais competitivas. Acreditamos que essa tendência de taxas menores irá se consolidar à medida que o volume de transações cresça, tornando o Pix Parcelado uma alternativa cada vez mais atrativa para o varejo de todos os portes.