Em setembro de 2018, as receitas no varejo brasileiro tiveram crescimento de 1,5%, em comparação ao mesmo período do ano anterior – descontando a inflação que incide sobre a cesta de setores do varejo ampliado. Em agosto, a alta foi de 4,7%, no mesmo conceito. Os dados fazem parte do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), divulgado nesta terça-feira (16 de outubro). Em termos nominais, o indicador registrou alta de 4,9% em setembro, na comparação com o mesmo período de 2017, também caindo em relação ao mês passado (7,8%).
Porém, os resultados de setembro foram prejudicados pelo calendário. Isso porque, em relação ao mesmo mês do ano passado, setembro de 2018 apresentou um domingo a mais e uma sexta-feira a menos, que geralmente é um dos dias da semana mais fortes do varejo. Se não houvesse esse impacto, o índice deflacionado apontaria alta de 3,2%, contra 4,1% também descontados os efeitos de calendário. Ou seja, houve desaceleração, mas muito mais branda que os números sem ajuste apontam. A análise em termos nominais leva à mesma conclusão.
“Percebemos que neste mês houve uma desaceleração em relação a agosto, quando o varejo foi impactado positivamente por setores específicos, como o de Vestuário, que teve um desempenho notável naquele mês. Ainda assim, setembro seguiu a trajetória positiva de crescimento percebida desde o ano passado,” comenta Gabriel Mariotto, diretor de Inteligência da Cielo. “Vale lembrar também que ambos os meses tiveram um impulso por conta do saque do PIS/PASEP por parcela significativa dos consumidores”, complementa Mariotto.
INFLAÇÃO
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado em setembro pelo IBGE apontou alta de 4,53% no acumulado dos últimos 12 meses, com uma aceleração em relação ao número registrado em agosto (4,19%). Os grupos de itens de Transportes, Alimentação no domicílio e Habitação (este último não impacta o varejo diretamente) contribuíram para a aceleração do índice.
Ponderando o IPCA pelos setores e pesos do ICVA, a inflação no varejo ampliado em setembro ficou em 3,4%, com uma aceleração em relação ao índice registrado em agosto (3,0%).
SETORES
Os macrossetores de Bens duráveis e semiduráveis e Bens não duráveis desaceleraram neste mês, com maior intensidade para o último bloco. Neste grupo, os destaques foram os setores de Drogarias e Supermercados, que tiveram desaceleração. Por outro lado, o setor de Turismo e Transportes se destaca de forma positiva, puxando o macrossetor de Serviços para uma aceleração na passagem de agosto para setembro.
REGIÕES
A maioria das regiões apresentou desaceleração, com destaque para Nordeste (5,2% ante crescimento de 6,9% em agosto), Centro-Oeste (6,4% ante 7,9% em agosto) e Sudeste (0,8% ante 2,2% em agosto), segundo o ICVA Deflacionado com ajuste de calendário. A região Norte apresentou leve desaceleração (8,5% ante 8,9% em agosto) e o Sul foi a única região a acelerar (6,3% ante 5,9% em agosto).
Pelo ICVA deflacionado sem ajustes de calendário, comparando com o mesmo período do ano anterior, o varejo ampliado na região Norte apresentou alta de 6,7%, seguido por Centro-Oeste e Sul, com 4,6%, e 4,2% respectivamente. Por fim, vale mencionar as regiões Nordeste, com alta de 3,4%, e o Sudeste, com retração de 0,7%.
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2018
O ICVA encerrou o terceiro trimestre de 2018 com crescimento de 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado, depois de descontada a inflação. O crescimento ficou em patamar semelhante ao do segundo trimestre (2,4%). Os dois trimestres tiveram eventos não recorrentes que impactaram as vendas. No segundo trimestre aconteceu a paralisação dos caminhoneiros em maio – que curiosamente acabou impactando de forma positiva a média do varejo, por conta das compras extras nos supermercados – e os jogos do Brasil na Copa do Mundo, que neste caso prejudicaram as vendas. Já no terceiro trimestre houve também o impacto negativo dos jogos do Brasil que ocorreram em julho, mas por outro lado, os consumidores puderam contar com mais recursos disponíveis para compras, por conta da liberação dos saques do PIS e PASEP.
Já em termos nominais, o índice apontou crescimento de 5,7% no terceiro trimestre, ficando significativamente acima dos 4,5% registrados no trimestre anterior. “Nota-se que houve uma aceleração da inflação no terceiro trimestre, o que explica este aumento de ritmo mais evidente no ICVA nominal”.
SOBRE O ICVA
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro de acordo com a sua receita de vendas, com base em um grupo de mais de 20 setores mapeados pela Cielo, de pequenos lojistas a grandes varejistas, responsáveis por 1,4 milhão de pontos de vendas ativos credenciados à companhia. O peso de cada setor dentro do resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.
O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência da Cielo e tem como proposta oferecer mensalmente uma fotografia do comércio varejista do país a partir de informações reais.
COMO É CALCULADO
A Diretoria de Inteligência da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento, como a variação de market share, bem como isolar os efeitos da substituição de cheque e dinheiro no consumo – dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.
Esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.