Varejo mais forte na hora da retomada -

Varejo mais forte na hora da retomada

Francisco De La Tôrre (foto abaixo), vice-presidente do Sincopeças BR e presidente do Sincopeças-SP, descreve ações para que os varejistas aproveitem os bons ventos da economia que já estão soprando

Álvaro Pereira – Importadora Alvamar Comércio de Peças para Autos (SP)

Começamos 2019 com a sensação que a economia está retomando um ritmo de crescimento. Em seu entender, quais atitudes o empresário do varejo de autopeças deve adotar para fortalecer sua empresa neste momento e retomar o crescimento do seu negócio?

Francisco De La Tôrre: Inicialmente, gostaria de fazer uma análise ampla do momento econômico. Este é um ano de boas expectativas, bem diferente dos últimos três anos que atravessamos, afinal, em 2016 e 2017 enfrentamos a maior crise econômica da história da República do Brasil e, em 2018, tivemos um crescimento muito pífio, mas já sinalizando a reversão de tendência da queda da atividade porque recomeçamos a crescer. Isso se deve a atitudes e ações que o governo Michel Temer adotou logo que assumiu, não só na questão da Reforma Trabalhista, mas também pequenas ações e decisões que tomou e que os economistas costumam chamar de decisões microeconômicas, que afetam e impactam positivamente o ambiente de negócios. As empresas que conseguiram sobreviver nesses anos estão mais enxutas, melhor geridas e preparadas para, agora, encarar esse ciclo de crescimento.

O movimento da economia se baseia em três vértices. Primeiro, a segurança jurídica, pois um ambiente de negócio com segurança jurídica é o que motiva e dá segurança para as pessoas tomarem decisões de consumo e de investimentos. Segundo, um bom ambiente de negócios, onde os fatores macroeconômicos têm de estar equilibrados para que tenhamos um ambiente propício a tendências de crescimento, e o grande “calcanhar de Aquiles” da macroeconomia hoje é a questão fiscal, mas estamos muito otimistas com relação à aprovação da Reforma da Previdência e, se ela for aprovada ainda no primeiro semestre, vamos ver um crescimento econômico da ordem de 5%, mas, se não for aprovada, veremos um crescimento da ordem 2,5 a 3%. Para quem vinha enfrentando recessão, isso já é um número significativo.

O terceiro vértice, aquele que efetivamente movimenta a economia, são as expectativas de consumo das famílias e as expectativas dos empresários. A Federação do Comércio de São Paulo divulga mensalmente pesquisas que medem as expectativas das famílias em consumir e contrair dívidas e as expectativas dos empresários em investir. De setembro para cá, essas pesquisas têm apresentado um crescimento paulatino e vigoroso. As pesquisam computam dados de zero a 200, sendo que a marca de 100 é um posicionamento neutro e acima de 100 é otimista. Em 2016, 2017 e até setembro de 2018, os índices se mantiveram abaixo de 100, que é pessimista. Entretanto, de setembro para cá os índices apurados por essas pesquisas têm crescido paulatinamente e isso também é um dos aspectos que nos deixa bastante otimista com relação ao desempenho da economia e dos negócios.

Especificamente para o varejo de autopeças, entendo que uma boa gestão de tributos é fundamental porque a rentabilidade vai se consolidar através do trato cuidadoso com relação a todos os centros de custos. Os tributos têm um custo muito grande para as empresas e uma boa gestão tributária faz-se necessária para a manutenção da rentabilidade e da saúde financeira das empresas. O Sincopeças-SP está debruçado sobre esse assunto e enxergamos oportunidades com relação a uma boa gestão tributária, no sentido de diminuição de custos, uma vez que a otimização de tributos proporciona à empresa mais condição para aproveitar as janelas de oportunidades que se descortinam em 2019.

Não à toa, decidimos trabalhar com recuperações tributárias porque a gestão tributária do negócio hoje impacta muito o resultado e a rentabilidade dos negócios. Em nossa missão de levar informação e apontar tendências para o varejo de autopeças, realizamos em janeiro nosso primeiro fórum do ano, sobre gestão e recuperação de crédito tributário, com apresentação das novas regras para o ressarcimento de ICMS-ST (Portaria CAT 42/2018) e PIS/COFINS para optantes do Simples, com recuperação de crédito de forma administrativa e rápida e devolução em dinheiro para o varejo diretamente em conta corrente. A Portaria CAT 42 foi decretada em abril do ano passado e, de lá para cá, o Sincopeças-SP procurou escritórios que pudessem fazer uma gestão nas empresas com segurança e rapidez. Conseguimos encontrar essas empresas em dezembro e agora temos o ano todo para trabalhar.

Vale salientar que a vocação dos sindicatos é representar uma atividade econômica junto ao Poder Público, aos governos, à sociedade e às instituições, no nosso caso, o comércio varejista de autopeças. Se não houver uma atuação do varejista junto ao seu sindicato, teremos um sindicato fraco, mas, se o varejista for atuante dentro da sua casa, teremos um sindicato forte e, nesse aspecto, teremos voz para fazer prevalecer aquilo que interessa à atividade econômica do varejo de autopeças, como por exemplo a Lei do Desmanche e a implementação da Inspeção Técnica Veicular obrigatória para toda a frota, bandeiras que terão impacto muito positivo para os nossos negócios e também para toda a sociedade. Por isso, conclamo a todos os varejistas de autopeças a participarem das atividades do Sincopeças-SP.


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