Varejo registra avanço pelo quinto mês, mas deve sentir efeitos do reajuste dos combustíveis -

Varejo registra avanço pelo quinto mês, mas deve sentir efeitos do reajuste dos combustíveis

Dados são da análise setorial da Confederação Nacional do Comércio
Crédito Shutterstock

Apesar dos resultados positivos dos primeiros cinco meses de 2024, o reajuste dos combustíveis deve impactar o avanço nas vendas de todo o País, conforme avaliação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ainda assim, a CNC revisou sua previsão de crescimento das vendas de 2,1% para 2,2% para este ano, levando em conta a alta de 1,2% em maio, registrada pela Pesquisa Mensal do Comércio e divulgada hoje (11 de julho) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O reajuste nos preços dos combustíveis certamente terá um impacto significativo, realinhando as expectativas de juros e inflação para o segundo semestre”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. “Mesmo assim, nossa revisão para cima do crescimento das vendas reflete também essa nova realidade econômica”, reitera Tadros.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, maio teve alta de 8,1%. Segmentos dependentes de crédito, como artigos de usos pessoal e doméstico (no qual predomina a venda de eletroeletrônicos, com variação positiva de 1,6%) e lojas de vestuário e acessórios (em que a ampliação foi de 2%), foram os mais impactados positivamente. O ramo de móveis e eletrodomésticos, apesar de uma retração de 1,2% em maio, manteve os efeitos do avanço de 2% em abril.

No acumulado do ano, as vendas no varejo registraram expansão de 5,6% em relação ao mesmo período de 2023, impulsionadas por hiper e supermercados (com avanço de 6,6%) e farmácias e drogarias (com aumento de 13,8%). Esse crescimento reflete um distanciamento positivo de 9,9% do volume de vendas observado antes da crise sanitária de 2020.

Desvalorização do Real

A desaceleração da inflação – que ficou abaixo de 4% entre março e maio –e a tendência de recuo significativo na taxa de juros ao consumidor podem ser afetadas pela desvalorização cambial e seus impactos nos preços dos combustíveis. O Real foi a quinta moeda mais desvalorizada do mundo na primeira metade de 2024 (13,4%).

Diante da defasagem dos preços de combustíveis, a Petrobras anunciou um reajuste de 7,1% nos preços da gasolina nas distribuidoras. O GLP também teve os preços majorados em 9,8%. Atualmente, a gasolina tem o maior peso no IPCA (5,1%), e o gás de botijão ocupa o 19º lugar (1,2%).

Essa desvalorização impacta as expectativas para a economia brasileira em 2024. Segundo o Relatório Focus do Banco Central, a expectativa para a taxa básica de juros no fim de 2024 subiu de 9% ao ano para 10,5%, enquanto a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 3,77% para 4,02%.

“Todos os segmentos do varejo são impactados pela taxa de câmbio, especialmente combustíveis e lubrificantes, hiper e supermercados, que, juntos, respondem por 65% do faturamento anual do comércio varejista brasileiro”, analisa o economista da CNC Fabio Bentes. “Apesar das incertezas no segundo semestre, a Confederação tem perspectiva de avanço no volume de vendas do varejo, baseado nos resultados recentes positivos do setor e da tendência macroeconômica”, avalia.


Notícias Relacionadas