Varejos buscam alternativas para aumentar prazos de compra e venda das autopeças -

Varejos buscam alternativas para aumentar prazos de compra e venda das autopeças

Financiamento da cadeia é um problema antigo. Uma das alternativas é estabelecer convênios estaduais com instituições financeiras e bandeiras de cartões

A combinação de vendas a prazo com flexibilização das formas de pagamento vem ancorando o sucesso do varejo brasileiro como um todo desde a segunda metade do século passado. Grupos que se tornaram impérios, como as Casas Bahia, se notabilizaram por facilitar o pagamento muito antes da popularização dos cartões de crédito, oferecendo seus famosos “crediários”. Não por acaso a empresa fundada por Samuel Klein se tornou sinônimo de acessibilidade para as classes C, D e E que puderam, finalmente, ver facilitada a aquisição de móveis e eletroeletrônicos com a popularização do “conceito Casas Bahia”.

O modelo de vendas a prazo, no entanto, não se restringiu aos grandes magazines. Ele se consolidou como ferramenta importante para, por exemplo, o aumento da venda de veículos, diluindo o preço total em mais de 60 parcelas e fazendo com que os carros chegassem a garagens antes impensadas. O aumento dos prazos se consolidou também no mercado imobiliário e foi decisivo no boom da casa própria vivido pelo país até 2014, acumulando R$ 113 bilhões em financiamentos.

Apesar das referências positivas, ainda hoje existem setores importantes do comércio que não conseguiram entrar de cabeça na era do prazo e da flexibilização. Um deles é o varejo de autopeças, que, conforme aponta o empresário Flávio Ramos, da loja gaúcha Ramos & Copini, vem sofrendo para oferecer condições mais favoráveis ao consumidor final, seja pelo limitado prazo oferecido por indústrias e distribuidores, pelos altos juros impostos por instituições financeiras ou ainda em razão da alta taxa de inadimplência que os pagamentos com cheques ou carnês acabam imprimindo. Ampliar os prazos de pagamento das compras juntos aos fornecedores e facilitar a vida dos clientes são dois dos principais desafios de gestão para o varejo de autopeças.

 

Prazos da indústria e dos distribuidores para o varejo caíram com o tempo

 Inadimplência e retração do consumo não afetam apenas o varejo. Indústrias e distribuidores também sofrem e acabam se deparando com a limitação de seu capital de giro – e sua capacidade de bancar uma venda.

De acordo com o presidente do Sincopeças-SP, Francisco De La Tôrre, a redução de prazos ao varejo não é um fenômeno recente e vem ocorrendo gradualmente desde o início da década de 1990. “Me lembro da época da hiperinflação, nos 80, quando os prazos eram de até 180 dias. Depois do Plano Real, isso acabou e os prazos foram se reduzindo. Hoje, devido à diversificação da frota, o estoque do varejo está mais enxuto e os pedidos fracionados. São milhares de aplicações para atender às diferentes marcas e modelos de veículos”, conta.

Por tudo isso, os varejistas passaram a conviver com prazos limitados na compra da peça, o que resulta, quase sempre, em dificuldade no momento de oferecer um prazo maior ao consumidor final ou aos reparadores.


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