VIES – Variação nos Índices e Estatísticas Pré e Pós-Crise janeiro 2022 x janeiro 2021 -

VIES – Variação nos Índices e Estatísticas Pré e Pós-Crise janeiro 2022 x janeiro 2021

Semanalmente, mais de uma centena de empresários do varejo de autopeças são entrevistados para que possamos registrar a variação semanal em quatro dimensões vitais para a saúde da cadeia de valor: ruptura no abastecimento, variação de preços, variação nas vendas e variação nas compras, sempre em relação à semana anterior.

Por Marcelo Gabriel – head do After.Lab [email protected]

Desde a edição de julho de 2021 apresentamos o estudo VIES – Variação nos Índices e Estatísticas Pré e Pós-Crise que, nesta edição, já começa a analisar os dados relativos ao ano de 2022. Sim, nesta matéria apresentaremos a comparação entre os meses de janeiro de 2021 e janeiro de 2022, todos dentro do chamado “novo normal” ou “novo possível”, a depender da opinião de quem estiver falando.

Nunca é demais lembrar que as pesquisas MAPA e ONDA vêm sendo realizadas de forma ininterrupta e sistematizada pelo After.Lab, a empresa de pesquisa e inteligência de mercado do Grupo Novo Meio desde o início da pandemia. Semanalmente, mais de uma centena de empresários do varejo de autopeças são entrevistados para que possamos registrar a variação semanal em quatro dimensões vitais para a saúde da cadeia de valor: ruptura no abastecimento, variação de preços, variação nas vendas e variação nas compras, sempre em relação à semana anterior.

Este tipo de coleta, semanal e organizada, é de inestimável valor aos empresários e executivos que precisam de referências para saberem se estão indo bem ou mal, em relação ao mercado. Muitas vezes, a percepção é afetada por diferentes vieses como bem explica a economia comportamental. Poder comparar o desempenho da sua empresa com o desempenho agregado por região e total no Brasil pode ajudar na tomada de decisão e melhorar o enquadramento das percepções que algumas vezes podem ser subjetivas. Os gráficos a seguir apresentam informações comparativas, obtidas pela média da variação ocorrida nas quatro semanas de janeiro de 2021 e das quatro semanas de janeiro de 2022.

A leitura do gráfico é bastante simples. As linhas verticais vermelhas apresentam a variação média, em porcentagem, em cada uma das cinco regiões brasileiras (representadas pelas siglas CO, S, SE, NE e N) e o agregado país (representado pela sigla BR). O ponto vermelho na linha vertical é a média, e os extremos da linha (traços vermelhos horizontais) representam a dispersão em desvios-padrão. A linha horizontal tracejada azul é a média do agregado país, que ajuda a verificar qual foi região teve um desempenho melhor ou pior em relação à média do Brasil. Para cada uma das dimensões há um gráfico correspondente. Iniciemos então pela análise da quebra ou ruptura de abastecimento.

ABASTECIMENTO

À primeira vista o que podemos verificar é que houve uma piora no abastecimento entre 2021 e 2022 no agregado Brasil, uma vez que os valores do eixo vertical são negativos. Se a média do Brasil em janeiro de 2021 era de -10,73%, em janeiro de 2022 passou para -13,19%, uma diferença 2,46 pontos percentuais. Outro ponto de destaque é que em 2021 apena as regiões Sul e Sudeste apresentavam desempenho pior que a média do Brasil, enquanto em 2022 esta posição foi ocupada pelas regiões Norte e Nordeste, com todas as regiões apresentando também uma grande variação durante o primeiro mês de 2022, como fica demonstrado no comprimento das linhas verticais vermelhas.

PREÇO

Analisando o gráfico da variação semanal média de preços, o que chama a atenção é que em janeiro de 2021, a média da variação semanal no Brasil foi de 3,57%, com poucas variações nas médias das regiões, com destaque para a região Norte que esteve abaixo e no limite superior se aproximou da média brasileira. Já em janeiro de 2022 temos dois destaques: (a) a média Brasil bateu em 4,94%, e (b) as regiões Norte e Nordeste estiveram bem acima da média nacional, com 7,27% e 8,40% de variação média respectivamente. Esta combinação de falha no abastecimento e aumento de preços não é de forma alguma saudável para o mercado de reposição, pois impõe a necessidade de maiores investimentos em estoque para assegurar a venda e um consequente aumento do capital em estoque, impactando a liquidez e o fluxo-caixa.

VENDAS

Um olhar rápido ao gráfico pode causar a impressão de que a variação nas vendas entre os meses de janeiro de 2021 e 2022 não foi tão grande, mas ao olhar atentamente notamos que a escala do eixo vertical está graduada em múltiplos de 10, e isso é importante pois se a queda média no Brasil em janeiro de 2021 foi de -2,68%, em janeiro de 2022 ela chegou a -4,36%, ou 1,68 pontos percentuais, uma ligeira queda que foi puxada pelas regiões Norte e Nordeste. Ao observarmos o ano de 2021 nota-se que, grosso modo, as variações médias foram em torno da média brasileira.

COMPRAS

Em nossas discussões internas, entendemos que as Compras são totalmente influenciadas pelas Vendas, pela queda no Abastecimento e pela variação nos Preços, e nossos modelos preditivos apontam que a lógica dos negócios se reflete nas estatísticas. Assim, nada mais natural que a variação média nas Compras em janeiro de 2022 se mostrasse mais aguda que em relação a janeiro de 2021, uma vez que todas as demais dimensões apresentaram desempenhos piores.

O gráfico representa claramente esta tendência. Se em janeiro de 2021 a variação média mensal brasileira foi de -1,96%, no mesmo mês do ano subsequente chegamos a -3,15%, ou uma piora de 1,19 pontos percentuais. E em 2022 os destaques negativos em relação à variação média regional nas Compras ficam com as regiões Norte e Nordeste que, diferentemente de 2021, apresentaram as variações mais expressivas.

COMENTÁRIOS FINAIS

Em recente reunião com um empresário da distribuição de autopeças e seus executivos, ouvi algumas queixas que confirmam os achados das pesquisas MAPA e ONDA. Para garantir o abastecimento dos clientes, esta empresa precisa comprar de mais fornecedores do que a lógica determina uma vez que as diferentes estratégias de fornecimento desenvolvidas pelos fabricantes, como por exemplo a busca de fontes fora do país ou a alta dependência da linha de produção em relação à demanda das montadoras, impacta profundamente a gestão de estoques.

Vi também a dificuldade de várias oficinas mecânicas em encontrar a marca que desejava nos canais de compra habituais, que partiram para a experimentação de outros fornecedores, alguns com sucesso. O mercado, enquanto ente metafísico, pode ser muitas coisas, mas seguramente não é estático (e nem estúpido). Estas oscilações que acompanhamos e medidos desde abril de 2020 estão apresentando sua conta, e talvez sejam as mudanças imperceptíveis que tenham finalmente fincado pés no mercado. É bom estar atento.

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