VIES – VARIAÇÃO NOS ÍNDICES PRÉ E PÓS-CRISE março de 2021 x março de 2022 -

VIES – VARIAÇÃO NOS ÍNDICES PRÉ E PÓS-CRISE março de 2021 x março de 2022

Marcelo Gabriel – head do After.Lab [email protected]

Você se lembra como estava o mundo há pouco mais de um ano, em março de 2021? Em 21 de março de 2021 o jornal O Estado de São Paulo publicou, por exemplo, um caderno especial sobre o primeiro ano da pandemia em que apontava dentre outros pontos a predominância da tecnologia e a crise nos hospitais. No gráfico abaixo, extraído do sítio do Ministério da Saúde, podemos verificar que vivíamos a ascensão da segunda onda da pandemia, com os óbitos crescendo a taxas alarmantes. Era assim que estávamos há um ano

Ao que tudo indica estaremos diante de uma endemia a partir de agora, implicando que a vacina contra o Coronavírus passará a compor o plano vacinal nacional, assim como as doses da vacina contra a gripe (vírus Influenza). Ele veio para ficar.

Do mesmo modo que as pesquisas MAPA e ONDA, realizadas ininterruptamente pelo after.lab, empresa de pesquisa e inteligência de mercado do Grupo Novo Meio, desde abril de 2020, quando a pandemia aportou e colocou o mundo de ponta cabeça. Desde então entrevistamos semanalmente uma centena de empresários do comércio varejista de autopeças em todo o Brasil para avaliar as variações semanais em quatro dimensões: ruptura (ou quebra) no abastecimento, variação nos preços, nas vendas e nas compras, sempre de forma retroativa à semana anterior, compondo a maior série temporal de dados do varejo de autopeças com a aferição do humor do mercado semana após semana.

E mensalmente, desde junho do ano passado, apresentamos aqui as comparações entre as quatro dimensões pesquisadas em relação ao mês anterior e o mesmo mês do ano anterior, para que possamos entender os efeitos ao longo do tempo e aprender com os desafios a que fomos submetidos. Cada dimensão é apresentada individualmente, como um gráfico comparativo entre os dois anos, em que são mostradas as médias mensais por região (CO = Centro-Oeste, N = Norte, NE = Nordeste, S = Sul e SE = Sudeste) além do agregado país representado pela sigla BR.

A leitura do gráfico é bem simples. No eixo horizontal (abscissas) são mostrados as regiões e o país e no eixo vertical (ordenadas) a escala de medição, em %. Para cada região e para o Brasil existe uma linha vertical vermelha, com um círculo no meio e duas linhas pequenas horizontais em cada extremo, representando respectivamente a média (círculo) e a dispersão em desvios-padrão (1 desvio-padrão em cada limite). Além disso há uma linha horizontal tracejada em azul, que passa pela média do agregado país para cada dimensão, permitindo assim a comparação entre a média mensal de cada região com a média brasileira. Dito isso, vamos aos gráficos de cada dimensão.

ABASTECIMENTO

Olhando para a tabela fica evidente que no agregado país houve uma deterioração em relação à média de abastecimento em março de 2022 quando comparado com março de 2022. A linha tracejada azul de 2021 está acima de -10% e a de 2022 está abaixo de -10%, lembrando que nas variações negativas os valores maiores são decrescentes. De fato, a média de ruptura no abastecimento em 2021 no agregado Brasil foi de -9,14% e em 2022 foi de -10,73%. Você pode se perguntar: devo me preocupar com esta diferença de 1,59 pontos percentuais entre um período e outro? A resposta, baseada nos testes estatísticos realizados pelo after.lab é não. Embora existente, a dispersão (medida em desvios-padrão) não estatisticamente significativa .

Mas a situação muda quando observamos as regiões Norte e Nordeste. Na região Norte a média na quebra de abastecimento em março de 2021 foi de -8,63% e em março de 2022 foi de -18,7%, uma diferença de 9,54 pontos percentuais, que sim são estatisticamente significativas , assim como a região Nordeste que em março de 2021 apresentou uma quebra de -7,44% e em março de 2022 apontou uma média de -16,25%, ou 8,91 pontos percentuais, também estatisticamente significativos . Nas regiões Sul e Sudeste notamos uma redução na média da variação da ruptura do abastecimento, indicando se existirá uma tendência a ser observada nos próximos meses.

PREÇO

Na dimensão preço, a forma de observar a linha horizontal tracejada azul é diferente da variação no abastecimento já que a escala do aumento de preço é positiva. E realmente podemos observar uma variação importante no preço no agregado país. Em março de 2021 a média mensal de variação era de 3,32% e em 2022 chegamos a 6,46%, ou 3,14 pontos percentuais, estatisticamente significativos . Se em março de 2021 as variações de preço entre as regiões foram próximas à variação do agregado Brasil, em 2022 vemos a região Sul com uma amplitude de variação (os limites superiores e inferiores da linha vertical vermelha) bastante acentuada, assim como a região Norte, ainda que na média esteja próxima da variação do Brasil. Já as regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram médias inferiores à média brasileira, apontando novamente uma possível tendência a ser avaliada nos próximos meses.

VENDAS

Que o mercado de reposição é resistente a crises já é um fato consumado entre quem vive e estuda o mercado, e as variações médias nas vendas mensuradas em março de 2021 (-2,43% no agregado Brasil) foram inferiores à variação do varejo em geral no mesmo período, mensurado pelo IBGE em -5,1%. Os dados relativos a março de 2022 ainda não haviam sido divulgados no fechamento desta edição. O que chama a atenção no gráfico relativo a 2022 é que as vendas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentaram queda inferior à média Brasil, a região Nordeste repetindo o padrão brasileiro, e um ponto de atenção em relação à região Norte que variou muito de um ano para o outro, de -0,37% em março de 2021 para -10,51% em 2022, no limite de ser estatisticamente significativo para um nível alfa de 5%

COMPRA

Na dimensão variação nas Compras, o que podemos verificar na comparação entre os dois gráficos é que os pedidos ainda estão variando negativamente, reflexo das variações em vendas, abastecimento e preço, mas com uma diferença de 1,83 pontos percentuais entre março de 2021 (-2,03%) e março de 2022 (-3,86%), mas que não é estatisticamente significativa.

Se em março de 2021 as regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram média acumulada positiva e acima da média brasileira, em março de 2022 a região Norte mostrou uma variação inferior à média brasileira, bem como a região Sudeste, ainda que negativas. Chama a atenção a amplitude da variação da região Sul, possivelmente reflexo dos ciclos de colocação dos pedidos e entregas, que devemos observar nos próximos meses.

CONCLUSÃO

Diferentemente das análises que vínhamos fazendo ao longo dos últimos meses (desde junho de 2021), nesta edição do Novo Varejo decidimos incorporar alguns testes estatísticos para auxiliar na análise dos dados. O teste utilizado foi o t de Student, utilizado para comparar diferenças entre médias.

Como curiosidade, embora chamado teste t de Student, não há nenhuma relação com ser um teste de estudantes. Em um artigo publicado na revista Biometrika em 1908, com o pseudônimo de Student, William Sealy Gosset um químico que trabalhava na Cervejaria Guiness em Dublin (Irlanda) apresentou o seu trabalho. Esta foi a condição que Claude Guiness exigiu para que o trabalho fosse publicado já que estariam revelando um segredo industrial.

E dentro da missão, visão e valores do after.lab, está a disseminação e a propagação do conhecimento em análise de dados, propiciando assim àqueles que necessitam tomar decisões no mercado de reposição uma base sólida e consistente, deixando de lado o “achismo” e passando a incorporar o conhecimento acumulado há tantos anos pelos estatísticos e mais recentemente pelos cientistas e analistas de dados. Esta é uma jornada que não tem mais volta. Dados são o novo petróleo, e se você não está tirando proveito da riqueza escondida nos dados da sua empresa pode ter certeza que um concorrente já está.

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