Scirocco: O "vento" da Volkswagen que soprou durante três gerações

Volkswagen Scirocco: O vento que durou três gerações

O Volkswagen Scirocco sempre trouxe inovações no motor e foi considerado um dos principais coupés esportivos da fabricante de Wolfsburgo em sua longa história.
O Volkswagen Scirocco teve três gerações ao longo das décadas

A Volkswagen já lançou muitos modelos de automóveis ao redor do mundo que nunca chegaram ao Brasil. Um que não andou pelas ruas brasileiras foi o Scirocco, um coupé de larga trajetória na montadora alemã, sendo produzindo em duas etapas: entre 1974 e 1992; e 2008 a 2017.

O Volkswagen Scirocco sempre trouxe inovações no motor e foi considerado um dos principais coupés esportivos da fabricante de Wolfsburgo em sua longa história.

O nome Scirocco é inspirado na mesma palavra italiana que descreve o vento do Mediterrâneo que vem do Saara e pode chegar à velocidade de um furacão no Norte da África e no Sudeste da Europa, principalmente no verão.

O primeiro Scirocco

A primeira geração do Volkswagen Scirocco foi produzida entre 1974 e 1981.

A montadora alemã começou a trabalhar em um sucessor do Karmann Ghia no começo dos anos 70. O projeto foi batizado como Typ 53 internamente. A plataforma do Golf e do Jetta serviram como base para criar o Scirocco, apesar de que quase todas as partes do automóvel foram adaptadas a favor de um novo estilo de desenho feito pelo famoso italiano Giorgetto Giugiaro, da Italdesign.

A primeira geração do Scirocco saiu à luz no Salão do Automóvel de Genebra, na Suíça, em 1973. Lançado seis meses antes do Golf, o modelo começou a ser vendido na Europa em 1974 e na América do Norte em 1975.

As primeiras unidades vendidas tinham um motor de quatro cilíndros com opções de 1.1 a 1.6 litros, com o 1.7 sendo oferecido na versão norte-americana do coupé. O Scirocco era fabricado na planta da Karmann, em Osnabruck, na Alemanha.

Pouco depois, no verão de 1976, a Volkswagen começou a produção do Scirocco GTI. O modelo tinha um motor de 1.6 litros de 81 kW / 110 cavalos de potência com alta velocidade e incluía injeção mecânica de combustível, pneus 175 / 70HR13 nas rodas 5.5Jx13, um spoiler dianteiro maior no estilo bico de pato, uma moldura vermelha para a grade.

Foram produzidas 504.153 unidades da primeira geração do Scirocco, que esteve na linha de montagem entre 1974 e 1981.

Seu estilo inspirou alguns modelos da Volkswagen brasileiros. O Gol foi um deles, que se inspirou no farol, linha traseira, entre outras partes em seu desenho. Já o motor do Scirocco veio para o Passat nacional e o volante esportivo foi usado no Passat TS.

A segunda geração do Scirocco

A segunda geração do Scirocco foi fabricada entre os anos de 1981 e 1992.

Uma variante “Tipo 2” fortemente redesenhada (designada internamente Typ 53B) foi colocada à venda em 1981, embora permanecesse na plataforma A1. A segunda geração do Scirocco, ainda montada em nome da Volkswagen pela planta da Karmann em Osnabrück (na mesma fábrica que a primeira geração do Scirocco), foi exibida pela primeira vez no Salão Automóvel de Genebra de 1981, em março daquele ano.

Diferente da primeira geração que foi desenhada pelo italiano Giorgetto Giugiaro, a segunda versão foi projetada pela equipe de design interno da Volkswagen. O novo carro apresentava maior espaço dianteiro e traseiro, maior espaço para bagagem e uma redução no coeficiente de resistência.

Uma característica do Tipo 2 era a localização do spoiler traseiro no meio do vidro da escotilha traseira. Uma atualização no meio do ciclo ocorreu em 1984, que incluiu pequenas alterações em relação ao modelo de 1982.

Uma delas foi a remoção do “SCIROCCO” descrito na traseira. Também houve itens reformulados, como um compressor de ar condicionado reprojetado e um cilindro mestre de freio diferente com válvulas proporcionais de linha e um interruptor de luz de freio montado no pedal.

Onze motores diferentes foram oferecidos no Scirocco Tipo 2 durante a sua produção, embora nem todos os motores estivessem disponíveis em todos os mercados.

Inicialmente, todos os modelos tinham motores de oito válvulas. Uma cabeça de 16 válvulas foi desenvolvida pela Oettinger em 1981. A modificação foi adotada pela Volkswagen quando eles mostraram um Scirocco de múltiplas válvulas no Salão de Frankfurt de 1983.

Foi colocado à venda na Alemanha e em alguns outros mercados em julho de 1985, com um modelo catalisado chegando em 1986. Os deslocamentos variaram de 1,3 a 1,8 litros. A potência variou de 44 kW (60 PS) a 82 kW (112 PS) para os motores de 8 válvulas e 95 kW (129 PS) ou 102 kW (139 PS) para os motores de 16 válvulas.

Existiam vários versões da segunda geração do Scirocco, dependendo do ano e mercado do modelo, e incluíam L, CL, GL, LS, GLS, GLI, GT, GTI, GTL, GTL, GTS, GTX, GT II, Scala, GT 16V e GTX 16V.

Também foram produzidos modelos especiais de edição limitada do Scirocco, incluindo White Cat (Europa), Tropic (Europa), Storm (Reino Unido), Slegato (Canadá) e Wolfsburg Edition (EUA e Canadá).

Esses modelos especiais normalmente apresentavam combinações de cores internas / externas exclusivas, rodas de liga leve especiais e tinham combinações especiais de opções como couro, computador de bordo multifuncional e / ou vidros elétricos como padrão.

Em produção desde 1981, a segunda versão do automóvel teve 291.497 unidades, as vendas do Scirocco continuaram até 1992 nos mercados alemão, britânico e europeu.

Substituição: Sai Scirocco entra Corrado

O Volkswagen Corrado foi produzido entre 1988 e 1995

Em 1992, o Scirocco foi efetivamente substituído pelo Corrado na linha da VW, um modelo que estava à venda desde 1988 e visava um maior mercado.

O Corrado, assim como o Scirocco, também era produzido na planta da Karmann, em Osnabruck, na Alemanha. O modelo foi desenhado por Herbert Schafer.

O modelo que substituiu o Scirocco tinha muitas semelhanças de desenho com o Passat apresentando em 1988, porém sua base era o Golf MK2.

O automóvel é conhecido por suas janelas embutidas e spoiler traseiro ativo – que sobem automaticamente quando o carro excede 100 km/h ou 72 km/h no mercado norte-americano, retrai automaticamente em velocidades abaixo de 25 km/h ou pode ser controlado manualmente pelo motorista.

Todos os Corrados eram de tração dianteira e apresentavam motores a gasolina. O Corrado estreou com duas opções de motor: um de 1,8 litro com 16 válvulas em linha de 4 com 136 cv (100 kW; 134 hp) (KR), e um com sobrecarga de 1,8 litro e oito válvulas em linha de 4, comercializado como G60 e fornecendo 160 cv (118 kW; 158 hp).

A Volkswagen introduziu dois novos motores no Corrado em 1992. O primeiro era um naturalmente aspirado de 2.0 litros com 16 válvulas e 136 cv (100 kW; 134 hp) na linha quatro, basicamente um desenvolvimento adicional do motor de 1,8 litro; esse mecanismo não foi disponibilizado para o mercado norte-americano.

O segundo foi o motor VR6 de doze válvulas, que veio em duas variantes: um modelo de 2,8 litros 179 cv para os mercados dos EUA e do Canadá e um motor de 2.861 cc (2,9 L; 174,6 cu in) produzindo 190 PS (187 cv; 140 kW) a 5.800 rpm e 245 N⋅m a 4.200 rpm da versão de torque para o mercado europeu, alimentação de combustível pela injeção de combustível Bosch Motronic 2.7.

Na Terra do Tio Sam, o modelo VR6 foi comercializado como o Corrado SLC (cupê de luxo esportivo).

Um modelo de 8 válvulas de 2,0 litros e 115 PS (85 kW; 113 hp) foi produzido na Europa em 1995.

Uma edição limitada apenas para o Reino Unido, o Corrado Storm, também foi vendida. Alguns emblemas “Storm”, na grade frontal com chave colorida, um emblema adicional no painel da engrenagem (uma atualização do emblema Karmann padrão), rodas de liga leve BBS “Solitude” de 15 polegadas e montagem padrão de alguns itens opcionais anteriormente diferenciavam esse do modelo de base.

Produzido entre 1988 e 1995, o Corrado, que havia substituido o Scirocco, perdeu sua vez na linha de automóveis da Volkswagen e foi descontinuado.

O retorno

Após vários anos, o Scirocco voltou com um design matador em 2006.

A Volkswagen surpreendeu o mundo automotivo em junho de 2006, quando anunciou oficialmente que o Scirocco ia voltar a ser produzido, algo que não era feito desde 1992.

Desta vez, a planta da Karmann, na Alemanha, não iria produzir os Sciroccos. O modelo da Volkswagen seria montado na fábrica AutoEuropa, na cidade de Palmela, em Portugal. Ao novo automóvel da marca alemã inicialmente foi dada a designação de Typ 13, e sua montagem foi baseada na plataforma PQ35 do Golf V.

O novo Scirocco foi revelado no Salão do Automóvel de Genebra de 2008. O desenho do carro foi assinado pelo italiano Walter de Silva e pelo alemão Marc Lichte.

A reestreia do Scirocco colecionou bons resultados. A revista “Top Gear Magazine” elegeu o modelo da Volkswagen como o “Carro do Ano 2008”. Para melhorar o seu prestígio, nos testes de segurança da EuroNCAP, o veículo recebeu cinco estrelas.

O automóvel logo ganhou uma nova versão. O Scirocco R é um modelo de produção baseado no GT24. Seu motor FSI em linha com quatro cilindros de 1.984 cc (2,0 L) é avaliado em 265 PS (195 kW; 261 hp) a 6.000 rpm e 350 N⋅m (258 lb⋅ft) de torque a 2.500 rpm.

Outras itens que faziam do Scirocco R um modelo único dessa terceira geração são as grandes aberturas de entrada de ar no para-choques dianteiro, um spoiler dianteiro integrado, faróis bi-xenon, spoiler traseiro maior no teto traseiro, difusor preto, escapamento duplo com escapamentos cromados, rodas de liga leve Talladega de 19 polegadas.

Seis anos após o seu lançamento em 2008, a Volkswagen revelou o Scirocco com uma cara renovada em 2014, no Salão do Automóvel de Genebra.

Do lado de fora, as mudanças não eram óbvias, já que a Volkswagen instalou um para-choque levemente rebaixado, novos faróis bi-xenon com luzes diurnas de LED e também ajustaram a grade. Na parte de trás havia lanternas traseiras de LED reestilizadas, acompanhado de um para-choques retrabalhado. As mudanças também foram transferidas para o Scirocco R, no topo da gama.

Já entre 2015 e 2017, a Volkswagen produziu o Scirocco GTS, apresentando o mesmo motor encontrado no Mk7 Golf GTI.

Todos os modelos incluem transmissão manual de seis velocidades padrão. O 1.4 TSI (162 PS) pode opcionalmente ser equipado com uma transmissão DSG de sete velocidades, enquanto o 2.0 TSI 200, 2.0 TSI 210, R 2.0 TSI 265 e 2.0 TDI estão disponíveis com uma transmissão DSG de seis velocidades.

O EA888 2.0 TSI usa um turbocompressor refrigerado a água IHI K03 incorporado no coletor de escape, enquanto um turbocompressor BorgWarner é usado nas versões EA113 2.0 TSI.

O motor 2.0 TDI de 140 bhp também é fornecido com o pacote de tecnologia BlueMotion. Este pacote apresenta tecnologia stop start e frenagem regenerativa para reduzir as emissões para 118 g / km de CO2.

O Scirocco da terceira geração nunca chegou ao Brasil, mas a Argentina teve a sorte de receber esse modelo da Volkswagen em suas ruas. A produção do automóvel terminou em 2017.

O antepassado: Karmann Ghia

O Karmann Ghia deixou saudades no Brasil.

Em 1955 a Volkswagen começou a produção de um dos carros mais icônicos da marca, o Karmann Ghia. Diferentemente do Scirocco, esse automóvel fez fama nas ruas brasileiras.

O projeto do carro foi desenhado pelo renomado estúdio de design italiano Carrozzeria Ghia, decisão tomada após a Volkswagen não ter aprovado os primeiros esboços do automóvel apresentados pela Karmann.

A Volkswagen deu sinal verde para a produção do veículo. O acordo era de que o carro seria vendido pela montadora alemã, mas produzida pela Karmann em Osnabruck, na Alemanha. Em julho de 1955, o automóvel foi revelado à imprensa, sem nome na época, conhecido apenas como Typ 14. Depois, a denomição Karmann-Ghia foi adotada.

Com a expansão da Volkswagen no Brasil, a empresa resolveu produzir o Karmann-Ghia no Brasil. A Karmann abriu sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP) em 1960. Dois anos depois, em 1962, o primeiro modelo nacional saiu da linha de montagem, sem grandes diferenças para o automóvel vendido no continente europeu.

O carro virou sinônimo de “esportividade” no Brasil. Em 1967, o motor de 1200cc e 36 cavalos foi substituído por um de 1500cc e 44 cavalos, aumentando a velocidade máxima do Karmann-Ghia para 138 km/h.

Já nos anos 70, o Karmann-Ghia passou a ser equipado com um motor 1600cc de 50 cavalos. O torque aumentou consideravelmente, de 10,8 kgfm a 2800 rpm, contra 10,2 kgfm a 2600 rpm do antigo 1500cc.

O Karmann-Ghia no Brasil foi produzido até 1971, com a versão TC, mais inspirados nos modelos da Porsche, tendo uma pequena sobrevida, sendo encerrada sua fabricação em 1972. Na Europa, o automóvel saiu das plantas da Karmann até o ano de 1974.

Depois, como todos imaginam, o Karmann-Ghia saiu de cena para o início da dinastia Scirocco, que diferente do primeiro, nunca chegou ao mercado brasileiro.


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