Falta de crédito dificulta investimentos e acesso a capital de giro por parte das microempresas -

Falta de crédito dificulta investimentos e acesso a capital de giro por parte das microempresas

 

 

Conjuntura econômica e política desfavorável leva instituições financeiras as restringir as linhas destinadas às empresas e elevar as taxas de juros cobradas. Momento exige reflexão e cautela dos empresários

 

Uma das últimas medidas anunciadas pelo governo Dilma Rousseff antes do afastamento da presidente pelo Senado foi o anúncio da criação de uma linha de crédito de R$ 5 bilhões para financiar capital de giro de micro e pequenas empresas. A proposta foi aprovada em 9 de maio pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Conforme informou na oportunidade o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), a linha Proger Urbano – Capital de Giro será composta por R$ 2 bilhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e R$ 3 bilhões do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os recursos serão destinados a micro e pequenas empresas com faturamento bruto anual de até R$ 3,6 milhões. O limite de financiamento com recursos dos depósitos especiais do FAT é de R$ 200 mil por empresa, com prazo de pagamento de até 48 meses, com 12 meses de carência e limite financiável de 100%. Os encargos dos financiamentos, operados pelo Banco do Brasil, serão estabelecidos pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), acrescidos de até 12% ao ano.

O novo governo, capitaneado por Michel Temer, já avisou que vai passar um pente fino em todas as medidas anunciadas por sua antecessora na reta final que antecedeu o afastamento da mandatária pelo Senado. Mas, até segunda ordem, a abertura da linha pode vir a calhar diante da enorme dificuldade de obtenção de recursos por parte dos micro e pequenos empresários tanto para capital de giro quanto para investir na expansão dos negócios. “A situação está bem complicada. Para esse empreendedor, os bancos em geral fecharam a torneira, reduzindo o crédito e aumentando as taxas de juros. Há instituições cobrando 2, 3 ou 4% ao mês, o que inviabiliza para muitos a captação em bancos tradicionais. Esses empreendedores acabam recorrendo a outras alternativas,  como operações de factoring ou instituições que cobram juros ainda mais altos que os principais bancos comerciais do Brasil”, adverte Fabio Matsui, sócio-fundador da Cypress e colíder da prática de mercado de capitais. Em outubro, o consultor falou sobre acesso a recursos no Fórum promovido pelo Sincopeças-SP.

A 37ª rodada do Indicador de atividade da micro e pequena indústria, encomendada pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi) ao Datafolha, traduz essa dificuldade em números. Segundo os dados mais recentes divulgados pelo levantamento, “35% dos empresários afirmaram que costumam buscar crédito para pessoa jurídica para obter capital de giro quando necessário, mas apenas 14% tiveram sucesso”. Como resultado desse estrangulamento, apenas 8% das empresas fez algum investimento. As torneiras estão fechadas.

 

 


Notícias Relacionadas
Read More

Programa Acredita vai abrir novas perspectivas de crédito para pequenos negócios

Por meio do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), 29 instituições bancárias estão aptas a ofertar os recursos que foram possibilitados com o aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae e que vão viabilizar R$ 30 bilhões em crédito nos próximos três anos.Por meio do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), 29 instituições bancárias estão aptas a ofertar os recursos que foram possibilitados com o aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae e que vão viabilizar R$ 30 bilhões em crédito nos próximos três anos.