Lucas Torres jornalismo@novomeio.com.br
Embora mecanismos tenham sido criados para facilitar o caminho daqueles que querem comprar e vender online no país, um amadurecimento pleno do e-commerce local só será atingido com o estabelecimento de mecanismos capazes de inibir a informalidade destas operações. A visão é compartilhada tanto por grandes varejistas quanto por suas entidades representativas ou de estudo, como o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). De acordo com este último, em pesquisa realizada em parceria com a consultoria McKinsey e Company, a evasão de tributos no varejo digital gira atualmente em 33% e 37% das vendas – percentual significativamente superior aos 25% identificados nas vendas realizadas nas lojas físicas. Tal cenário levou o presidente do IDV, Marcelo Silva, a classificar o boom das vendas online como uma espécie de instituição de um “camelódromo digital”.
Em tom mais ameno, mas também preocupada com a sonegação ligada ao aumento das vendas do e-commerce, a vice-presidente da ACSP, Roseli Garcia, afirmou ser fato que digitalização avançou mais rápido do que a formalização e que revisitar as questões fiscais é uma questão obrigatória para os órgãos reguladores. Apesar disso, ela pede cautela na forma com que isso será feito – afinal, considera muito importante haver uma distinção entre criminosos e informais. “Somos totalmente favoráveis à segurança jurídica para os dois lados e defendemos a formalização, mas também defendemos que haja condições para a formalização”, colocou Roseli.
Com a afirmação, a VP da ACSP aponta a necessidade de se encontrar um meio termo entre o combate à pirataria digital e o ‘estrangulamento’ das condições de pequenas e microempresas no ambiente digital – sempre considerando que boa parte da informalidade existente no país advém de questões culturais que precisam ser amadurecidas. “Devemos lembrar que se há alguém que vende na informalidade, também há aquele que compra na informalidade”.
• Veja mais reflexões sobre o atual momento no e-commerce na entrevista com Gastão Mattos, responsável pela Divisão de Varejo Online da Câmara Brasileira da Economia Digital.
