Constante pressão por resultados tende a aumentar os níveis do chamado estresse laboral
Diminuição do fluxo de clientes, queda no faturamento e ameaça ao emprego. A equação composta por esses três fatores tão presentes no cotidiano dos varejos brasileiros nos últimos meses é capaz de produzir efeitos devastadores na saúde psicológica dos funcionários.
Nesse cenário, a figura do balconista – que representa o elo direto entre a estratégia de venda da empresa e sua concretização com o consumidor – é uma das mais impactadas pelas pressões advindas dos maus resultados constantes.
A fim de ter a dimensão exata dos efeitos dessa situação repleta de certezas na condição mental desse personagem, bem como apontar hábitos fundamentais na prevenção de quadros mais graves, o Novo Balconista convidou o diretor e psicólogo da CEAP Gestão de Pessoas, Guilherme Dias, para uma conversa que deve abrir os olhos do funcionário de balcão para os perigos de um quadro de estresse laboral agudo.
Efeitos
De acordo com Dias, a avaliação do estresse sobre o trabalho passa pela observação de fatores que estão diretamente ligados em como o trabalhador se relaciona com as diversas facetas de sua atividade-fim e o impacto que as expectativas laborais exercem sobre sua capacidade de resposta. “Observando como um fenômeno, a pressão que é exercida surge como forma de reação às expectativas externas, tanto da empresa como no âmbito familiar/social, onde ambos esperam que o resultado seja alcançado, na primeira, atingindo as metas estabelecidas e, na segunda, vencendo mais um período de atividade trazendo o sustento à família”, afirma.
O resultado desse quadro poderá resultar em uma resposta aguda de estresse laboral – que sem o devido tratamento – se converterá em reações psicossociais e, por consequência, nas chamadas reações psicossomáticas.
“A reação estressora aguda é porta de entrada para problemas de ordem psicossomática, como reações alérgicas, distúrbios gastrointestinais e até de surgimento de hipertensão, dentre outros”, avalia o psicólogo.
Quadro impacta também resultado da loja
A manutenção da saúde psicológica do funcionário não produz efeitos positivos apenas para sua qualidade de vida, mas é também fator fundamental para o bom desempenho da empresa.
Guilherme Dias salienta que as doenças laborais ligadas às patologias psicológicas contemplam uma parcela significativa dos índices de afastamento junto às empresas. Além disso, os resultados oriundos desse quadro no desempenho dos funcionários são nitidamente mais negativos do que em casos de outras doenças, como as lesões ósseas, por exemplo.
“Um aspecto importante a ser observado é a perda de produtividade, no caso de um profissional com rebaixamento de humor, ou mesmo de excelência produtiva, no caso de um profissional com síndrome de dependência ou mesmo com quadro ansioso generalizado”, aponta.
Preocupadas com essa situação, um número cada vez maior de empresas passou a promover ações direcionadas à qualidade de vida de seus funcionários, encorajando-os a praticar atividade física, procurar atividades de lazer e ampliar seus horizontes sociais.
Mais importante que isso, há empresas que já possuem em seus valores e missões estes componentes, implantando programas e melhorias ergonômicas, estudos de impacto de estresse sobre alternância de turnos, sobrecargas de trabalho e avaliações periódicas de saúde geral do trabalhador com medidas de prevenção e acompanhamento.
Dias lembra que há ainda aquelas empresas que integram esses programas aos planos de benefícios, utilizando-se de seus departamentos de gestão de pessoas para promoverem melhor adaptação às atividades laborais, procurando retirar o máximo de desempenho com o melhor esforço, sem taxas de sobrecarga.
“Isto pode ser alcançado com a implantação de um programa de gestão por competências, em que se aproximam as competências organizacionais às comportamentais”, conclui.
Sete medidas para preservar sua saúde
- Planejar, saber dinamizar as coisas
é o melhor jeito de evitar o estresse.
- Saber se programar, marcar horários para fazer suas atividades, delegar tarefas para não se sobrecarregar.
- Reservar um tempo livre para descansar e para o lazer.
- Ao sair do trabalho, pense em outras coisas, caminhe um pouco para relaxar, saia com amigos.
- Reordenar objetivos e tarefas de trabalho
- Definir tempo para atividades físicas diárias
- Não pular refeições ou recorrer ao fast food