Entender este público e suas necessidades é um dos maiores desafios de todo o setor automotivo. E poucas empresas estão de fato atentas a isso. Um dos maiores obstáculos a vencer é tornar o automóvel um desejo de consumo da Geração Z. Se nas décadas de 70 e até 80 os adolescentes contavam os dias para completar 18 anos e tirar a habilitação, os jovens de hoje pouco se interessam por automóveis. Usar o Uber é muito mais prático e econômico. O carro, para eles, é quase mais um eletrodoméstico. Tem utilidade, mas não desperta desejo de posse. “Aqui no Brasil, nas grandes cidades a gente não sentia essa ameaça por causa da ineficiência do transporte público. Mas, agora há o fenômeno do Uber, e a molecada faz as contas e chega à conclusão de que não precisa mais do carro”, analisa Francisco de La Tôrre, do Sincopeças.
Levantamento feito nos Estados Unidos com 3 mil consumidores nascidos entre 1981 e 2000 pela Scratch, divisão de pesquisas da MTV, perguntou quais eram as 31 marcas preferidas por este público. Nenhum fabricante de veículos ficou entre as 10 mais votadas – no topo do ranking se destacaram grifes como Google e Nike. Artigo do jornal New York Times que tratou do assunto destacou ainda que 46% dos motoristas de 18 a 24 anos declararam que acham mais importante ter acesso a internet a possuir um carro.
Outra pesquisa, realizada pela agência Box 1824, concluiu que os jovens brasileiros de 18 a 24 anos estão mais preocupados em resolver questões relacionadas ao meio ambiente, mobilidade urbana e sustentabilidade a comprar um bem como o automóvel. E, na hora de consumir, o que eles querem mesmo são smartphones, tablets, videogames e outras traquitanas tecnológicas digitais que não emitem um único e outrora empolgante decibel pelo escapamento. O carro, que já representou um ideal de liberdade, corre o risco de virar um vilão poluidor e gerador de congestionamentos. É papel do setor automotivo tomar consciência dessas profundas transformações e trabalhar para reformar tal visão.