*Carlos Wayand
Diante de um varejo cada vez mais competitivo, qualquer tipo de ineficiência acarreta consequências graves, como o desperdício financeiro e de horas de trabalho, a perda de reputação e a queda no nível de satisfação dos clientes. Dessa forma, todos os funcionários envolvidos nessa equação precisam ter a consciência de que o gerenciamento mais assertivo do seu tempo e esforço são essenciais para que as marcas do setor prosperem.
No entanto, apesar dessa importância coletiva, existe um personagem central que acaba tendo todas essas dores intensificadas diante da sua rotina operacional: os promotores de venda. Encarregados por executar todas as estratégias comerciais das indústrias nas lojas, esses profissionais são responsáveis por visitar as lojas rotineiramente e realizar o reporte com informações e dados relevantes para a empresa. Mais do que isso, são incumbidos de tentar negociar melhores espaços de exposição, posicionar no padrão de exposição definido para os produtos, além de revisar o estoque e, o mais importante, o reabastecimento das gôndolas.
Com esse acúmulo de funções, podemos afirmar que os promotores hoje são figuras essenciais tanto para as indústrias quanto para os pontos de venda (lojas). No entanto, na mesma medida que existe essa importância, muitas vezes esse acúmulo de tarefas tende a comprometer a qualidade dos seus serviços. Com tantas atividades, não são raras as vezes que esses profissionais não têm tempo hábil para cumpri-las de forma satisfatória.
Para se ter uma ideia, estudos de mercado já apontam que os promotores gastam 15% do período de sua visita no PDV com a coleta de informações nas lojas. Dessa forma, a soma desse período desperdiçado, aliada com a dependência da mão de obra dos promotores nas lojas, pode trazer uma ineficiência operacional perigosa para o varejo, provocando, entre outros problemas, um alto índice de ruptura operacional – situação em que o produto se encontra no estoque, mas não vai para a área de venda.
E esse fenômeno é um dos mais assustadores quando pensamos no nível de satisfação dos clientes. Sem o controle mais assertivo dos produtos que estarão disponíveis nas gôndolas, as marcas não apenas deixam de lucrar por conta da compra não concretizada por parte do consumidor, mas principalmente correm o risco de perdê-lo de vez para a concorrência. Esse cenário é comprovado pelo estudo CX Trends Latam 2022, realizado pela Zendesk, no qual aponta que 60% dos consumidores acabam optando por itens alternativos (perda do fabricante). Mas e os outros 40%? Será que visitaram a concorrência e gostaram da experiência?
Perante todos esses riscos, é fundamental que o mercado – aqui, vale dizer, tanto a indústria quanto o varejo – atue de forma alinhada e estratégica para que os promotores consigam executar o seu trabalho de maneira mais eficiente. Assim, os interesses de cada um dos lados poderiam ser discutidos e trabalhados a partir de um modelo colaborativo, que envolve o aprimoramento de todas as funções desses profissionais.
Em outras palavras, o tempo do promotor pode ser otimizado conciliando as informações do varejo e as necessidades do fornecedor, principalmente, um direcionamento operacional pautado na venda dos produtos. Hoje, graças a tecnologia, já existem ferramentas que promovem maior agilidade para esses profissionais, permitindo um controle na palma da mão sobre os produtos comercializados dentro de um PDV. Isso ajuda não só o profissional no reporte à indústria, mas também na avaliação e atuação voltada para o reabastecimento dos produtos que estão prestes a ter uma ruptura operacional.
Indústrias e redes supermercadistas que já implementaram essa solução, estão cada vez mais sendo recompensadas, uma vez que passam a detectar um nível maior de satisfação por parte dos clientes. Até porque, vale dizer que, por mais que o preço seja muito importante, a verdade é que esse fator sozinho não é determinante para a fidelização dos clientes.
Para alcançar maior eficiência operacional, hoje o varejo precisa contar com uma somatória de detalhes, e todos eles impactam diretamente na forma em que a loja será vista pelo consumidor. Dentro dessa lógica, já está claro que os promotores de venda assumiram um papel fundamental nessa equação. Portanto, promover a otimização do seu trabalho significa aumentar a possibilidade de fidelização de clientes. E isso, certamente, tende a resultar em maior faturamento e lucratividade.
*Carlos Wayand é CEO da Mob2Con, principal plataforma de inteligência de dados para a eficiência operacional do varejo.