Do total de R$ 145 bilhões de perdas advindas da falsificação e contrabando de produtos na economia brasileira, o setor de autopeças absorveria, segundo estimativas da ABCF, a parcela de 2%, ou R$ 3 bilhões.
Não é de hoje, no entanto, que o aftermarket automotivo tem se mobilizado para reduzir as perdas dentro do mercado de reposição. De acordo com lideranças do setor como os presidentes do Sindirepa São Paulo e Nacional e da Andap – Antonio Fiola e Rodrigo Carneiro, respectivamente –, a estratégia de combate a este problema na cadeia de negócios do setor se desenvolve no âmbito do GMA – Grupo de Manutenção Automotiva, que conta com representantes de Andap, Sindipeças, SICAP, Sincopeças e Sindirepa e produziu de forma conjunta, em 2013, o Programa de Certificação de Autopeças junto ao Inmetro.
Além do Programa de Certificação, diversas indústrias do setor adotaram o QR Code em suas embalagens para dar aos produtos uma espécie de ‘impressão digital’ que desestimule as falsificações cuja identificação é mais difícil à primeira vista.
Fiola acrescenta ainda que, no âmbito da reparação, foi criado o Programa Empresa Amiga da Oficina, que conta com a participação de vários fabricantes de marcas reconhecidas no mercado para realizarem ações, treinamentos sobre aplicações. “Com isso, ao menos temos uma garantia maior de que os reparadores participantes do programa possam optar por peças de qualidade e devidamente reconhecidas, ao passo que compreendem que esse é o ponto de partida para que seu trabalho seja bem executado”, relata o presidente do Sindirepa.
Segundo as duas lideranças, no entanto, nenhuma das medidas surtirá efeito prático sem que haja uma fiscalização adequada por parte do poder público. Nesse sentido, além dos já mencionados portos e fronteiras, Rodrigo Carneiro aponta para o e-commerce como uma ‘nova ponta’ crucial para minimizar os impactos da falsificação no setor. “É preciso criar leis que possam punir práticas indevidas também nesse canal. Recentemente, a Rede Globo mostrou uma matéria que flagrou peças roubadas sendo comercializadas livremente no maior site de vendas online do Brasil. Isso é inadmissível. As autoridades devem tomar providências severas”, cobra o presidente da Andap.